domingo, 31 de março de 2013

Feliz Páscoa!

 

Blocos deseja a todos os amigos leitores uma Feliz Páscoa!

sábado, 30 de março de 2013

Antologia Poética: O encontro belo e profundo de dois gênios brasileiros e outras leituras, por Marli Berg

 

Duas das maiores vozes poéticas brasileiras ganham antologia, um verdadeiro presente para os amantes desta nobre e eterna arte, que tem, no Brasil, nomes estelares, e que deixaram uma obra significativa para a  poesia ocidental. Mais um tento gravado pela editora Global na preservação e divulgação de nossa cultura, ao trazer à luz, através de excelentes edições, dois de nossos maiores poetas: Cecília Meireles e Manuel Bandeira. 

Antologia Poética: Cecília Meireles (Global), coletânea publicada pela primeira vez em 1963, um ano antes de sua morte, é a única cujos textos foram escolhidos pela própria  poeta. Composta por poemas retirados de diversos de seus livros, e alguns textos inéditos, a antologia revela um precioso auto-retrato da escritora. A obra poética de Cecília Meireles é tecida numa linguagem excepcionalmente harmoniosa, que consegue transmitir, ao leitor, sensibilidade e emoções da autora, e aborda grande diversidade de temas, que vão desde o louvor às pequenas maravilhas da vida, até o questionamento sobre o destino do mundo e da humanidade.  A seleta,  com coordenação editorial de André Seffrin, é composta por poemas de todos os seus  principais livros( Viagem, Vaga Música, Mar Absoluto, Retrato Natural, Amor em Leonoreta, Doze Noturnos da Holanda, O Aeronauta, Pequeno Oratório de Santa Clara, Canções, Metal Rosicler, Poemas Escritos na Índia, e uma seleção do Romanceiro da Inconfidência). A autora de “não sou alegre nem sou triste, sou poeta”,cuja  obra a define como um clássico da língua portuguesa, deixou uma obra das mais vigorosas e belas de nossa língua, e pode, através desta antologia, ser apreciada de forma mais ampla, dando ao leitor a oportunidade de penetrar em seu universo poético e conhecê-lo de forma mais ampla.

 

clip_image001

clip_image002

 

Antologia Poética: Manuel Bandeira (Global) é uma coletânea organizada pelo próprio autor, em 1961, e reúne cerca de duzentos e cinquenta poemas publicados nos livros A Cinza das Horas, Carnaval, O Ritmo Dissoluto, Libertinagem, Estrela da Manhã, Lira dos Cinquent'anos, Belo belo, Opus 10, Estrela da Tarde. Poemas Traduzidos e Mafuá do Malungo. Conhecido como sendo o responsável por inspirar os modernistas, Bandeira encontrou nos versos livres desta coletânea, que tem como coordenador editorial André Seffrin,  o instrumento perfeito para sua expressão lírica. Um poeta de extrema sensibilidade, a qual aliava um apurado rigor técnico, Manuel Bandeira colocou, em pauta, os temas difíceis com os quais nos deparamos a cada minuto,  a vida e a morte, mas sempre falando numa linguagem que evitava a pretensão. Ao contrário, ele usou a fala coloquial para tratar, com objetividade e humor, de temas triviais e do dia a dia, pois tanto o insólito quanto o corriqueiro fazem parte de sua obra. Segundo palavras do próprio autor, “A antologia atual é mais completa que as anteriores, por incluir, também, poemas de circunstância, constantes do livro Mafuá do Malungo, e traduções que fiz de poetas estrangeiros, tiradas do livro Poemas Traduzidos. (...) o critério foi marcar a evolução de minha poesia, aproveitando de cada livro o que parecia representar melhor a minha sensibilidade e minha técnica.” Uma antologia maravilhosa, que nos traz o poeta que está inscrito entre os nomes essenciais da poesia brasileira.

 

1 - Ficção Chilena / Romance
Berço de grandes escritores e poetas, como Gabriela Mistral, Antonio Skármeta, Pablo Neruda e Isabel Allende, o Chile, que já deu ao mundo textos clássicos e inesquecíveis, nos apresenta, agora, à Marcela Serrano, cuja obra já foi traduzida para várias línguas, premiada e adaptada para o cinema. Dez Mulheres (Alfaguara/Objetiva) é um romance sensível, que retrata a realidade de um grupo de mulheres, não só do ponto de vista pessoal, mas, também, dentro do contexto Latino-americano em que vivem, onde o machismo ainda é forte, e nem sempre a voz da mulher é ouvida. Uma grande narradora, Marcela Serrano obteve, com este livro, grande sucesso, com público e  crítica, ficando meses no topo da lista dos mais vendidos no  Chile, e, também, na Itália, Argentina e Espanha. A trama gira em torno de nove mulheres, muito diferentes entre si,  que nunca se viram, mas passam a compartilhar suas histórias orientadas por Natasha, uma terapeuta (e décima personagem da história) que decidiu reuni-las por ter a firme convicção de que as feridas da alma só começam a sarar quando a cadeia do silêncio é rompida. Cada uma das mulheres tem origem, idade, profissão e ideologia diferente, e todas carregam, dentro de si, medo, solidão, e insegurança.

 

São mães, filhas, mulheres casadas, amantes, e viúvas, que, guiadas por Natasha, vão tentar compreender sua vida e reinventá-la. Marcela Serrano é uma grande autora, e profunda conhecedora do universo feminino, o que permite que crie um romance profundo e sensível, mas que, em nenhum momento, resvala para o sentimentalismo. Uma grande e bela voz que se levanta na América Latina, para mostrar que aqui, o sexo feminino ainda precisa caminhar muito para se livrar dos grilhões do passado, isto é, da servidão ao homem que nos oprimiu e relegou a segundo plano durante séculos. Um lançamento literário de primeira linha.

clip_image003

 


2 – Ficção Inglesa / Romance

Detentor do Man Booker Prize de 2010, uma das premiações mais importantes para autores do Reino Unido, A Questão Finkler (Bertrand Brasil), de Howard Jacobson, romancista e critico literário, é uma história de amizade e perda, exclusão e pertencimento, sabedoria, maturidade e humanidade. Um romance extraordinário, A Questão é engraçado, uma obra-prima repleta de ironia e sarcasmo, que nos apresenta a três personagens muito bem  traçados, três homens que mantém um longo relacionamento cheio de altos e baixos, mas que nunca se separaram. Uma noite, eles jantam juntos no apartamento de um deles,  e rememoram alegrias, tristezas, enfim, recordações de toda uma vida. Depois do jantar, um dos amigos, Treslove, um ex-produtor,  é assaltado ao voltar para casa, ao parar frente a uma vitrine.

 

clip_image004

E este acontecimento operará uma mudança radical em sua vida, que nunca mais voltará a ser a mesma. Dois dos personagens do livro são judeus, e o humor ácido do autor, Howard Jacobson, que é judeu, gerou críticas, que afirmavam que sua escrita era um desrespeito à cultura judaica. Mas, ao fazer esta crítica, esqueceram que o humor é uma das grandes características (e qualidades) do povo judeu, e, que se não fosse ela, talvez este povo, perseguido ao longo de séculos, nem existisse mais. Uma obra-prima de humor, compreensão humana e do relacionamento entre amigos. Um romance que deixará marcas na literatura inglesa contemporânea.

 

3 - Culinária Infantil / Receitas

Obra inédita do game mais amado dos últimos tempos, Angry Birds: Livro de Receitas dos Porcos Malvados (V&R Editoras), com texto de Bonnier Kirjat Oy traz receitas saborosas e divertidas, desenvolvidas pelos porcos malvados, usando ovos como ingrediente principal. Melhor livro de culinária para crianças pelo Gourmand World Cookbook Awards 2012, totalmente colorido, ele dá à criançada a oportunidade de colocar a mão na massa, e se deliciar com as receitas que produzir. Práticas e de fácil execução, as receitas ensinam a fazer pratos clássicos e modernos de diferentes partes do mundo, incentivando as crianças, através do jogo, a preparar seus primeiros pratos, e tomar gosto pela gastronomia.

 

Um livro delicioso (em todos os sentidos), altamente criativo, e produtivo, pois, ao mostrar a criançada de que foma ela pode se tornar uma expert na cozinha, presta um tremendo serviço ao desenvolvimento da criatividade e do bom gosto à mesa. Genial, com excelentes ilustrações de Pasi Pitkanen, este é um livro que não pode faltar na estante dos pequenos.

clip_image005

sexta-feira, 29 de março de 2013

As máscaras

 

 

O poeta estava em Estocolmo. Tudo branco ao seu redor, dos olhos dos suecos aos tetos das casas. A solidão do poeta naquela cidade distante também o branquejava por dentro. Ele observa numa vitrine duas máscaras de demônios africanos. Eram de tal desordem na ordeira Estocolmo aquela abruptas faces, com as agudas maçãs-do-rosto, a testa alta e os olhos vazios, olhos que levavam para dentro das máscaras uma escuridão maior. Tais artefatos não poderiam estar ali como se fossem peças de artesanato para satisfazer o desejo de exotismo de uma madame sueca. Era preciso levá-las embora. E assim fez o poeta, comprou as máscaras de demônios africanos.

A saber: o poeta andava por Estocolmo sozinho, mas aqui, nessas terras de baixo trópico, ele não é sozinho, tem esposa que o recebeu festiva no aeroporto. A empolgação do poeta em Estocolmo esqueceu que sua mulher odiaria as máscaras. De qualquer forma, iria tentar, quem sabe a esposa não as aceitaria naquele espaço vazio na parede, que há muito aguarda algo especial. O poeta com todo o tato e poesia que lhe coube nessa vida, falou para a esposa das tarde branca de Estocolmo, se sua solidão e saudades brancas, de como viu as máscaras que pareciam querer ser libertadas daquele frio todo, que imaginou-as misteriando a casa, que o ideal seria devolvê-las à Africa, mas isso não sendo possível, elas poderiam ficar por ali, sobre suas cabeças. O poeta até pediu à esposa que as olhasse mais de perto, que percebesse um inédito ar de agradecimento nas máscaras. Ela apenas ouviu, acenou positivamente pois sabia que não adiantaria dizer que não tinha gostado daquela coisa horrorosa, e nem era por superstição, mas porque aquilo não combinava com nada dentro da casa, além disso a esposa sempre gostava das desculpas poéticas do marido, principalmente, quando ele inventava verbos novos, como esse misteriar.

Deixou que as máscaras ficassem. Antes não tivesse deixado, pois cada vez que passava pela sala, levava um susto com aqueles quatro olhos vazios esvaziando a sua calma. Passou a atravessar a sala com os olhos fechados, pouco adiantou, as máscaras fantasmavam a sua memória. Era preciso se livrar daquilo, mas como fazer ser ser uma lesa-poesia? Uma lesa-ilusão? Fez alguns telefonemas, cobrou dois ou três favores e numa tarde de quinta-feira falou da novidade ao poeta: as máscaras estavam finalmente livres, retornariam à Africa, mais precisamente Uganda. Tinha um amigo que tinha um amigo que levaria as máscaras. Elas retornariam ao seu lar. O poeta ainda tentou argumentar de que talvez Uganda não fosse a terra das máscaras, de que elas fossem nigerianas ou moçambicanas. Talvez, respondeu a esposa, mas o fato é que elas chegarão à Africa e lá elas conseguirão ser felizes seja em que país for. O poeta não teve muita escolha, despediu-se das máscaras e começou a pensar no que colocar no lugar. Talvez duas gravuras góticas da Romênia. “Não me venha com vampiros” alertou a esposa, no outro canto da sala.

 

Rubens da Cunha

quinta-feira, 28 de março de 2013

Semana Santa em Blocos

 

    Semana Santa

 

Poesia Prosa Receitas vegans para a Páscoa

 

Falecimento de Virgínia Woolf (1941, Sussex)

FHC entrega carta de candidatura à Academia Brasileira de Letras

 

Declaração foi entregue pessoalmente pelo ex-ministro Celso Lafer.Cadeira 36 ficou vaga com morte de João de Scantimburgo na sexta (22).

 

15 de outubro - Fernando Henrique Cardoso durante a Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa (Foto: Flavio Moraes/G1)

FHC em Assembleia da Sociedade Interamericana
de Imprensa, em outubro de 2012 (Foto: Flavio
Moraes/G1)

 

Fernando Henrique Cardoso oficializou em carta sua candidatura a uma cadeira de imortal Academia Brasileira de Letras (ABL). A carta foi entregue pessoalmente, em nome do ex-presidente do Brasil, pelo imortal Celso Lafer, nesta quarta-feira (27), em reunião da ABL no Rio, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição.

A cadeira de número 36, para a qual FHC se candidata, era ocupada pelo jornalista e escritor paulista João de Scantimburgo, que morreu na sexta-feira (22).

A entrega da carta aconteceu por volta das 17h, assim que foi aberta oficialmente a vaga na academia, depois da "Sessão da Saudade" em homenagem a Scantimburgo, no palácio Petit Trianon, sede da ABL, no Rio.

A carta de candidatura foi entregue por Lafer, ex-chanceler e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo do PSDB, ao secretário-geral da academia, Geraldo Holanda Cavalcanti. Ele substitui temporariamente funções da presidente da ABL, a escritora Ana Maria Machado, que está em viagem ao exterior.

30 dias para candidaturas
Segundo a assessoria de imprensa da ABL, a única candidatura apresentada até a noite desta quarta-feira (27) foi a de FHC. Há um prazo de 30 dias, a partir desta quarta-feira, para a apresentação de candidaturas. Depois deste prazo, a diretoria da ABL marca em até 60 dias uma reunião para a eleição, em que o novo imortal deve ter a metade mais um dos votos dos atuais imortais para ser eleito para a cadeira.

 

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/03/fhc-entrega-carta-de-candidatura-academia-brasileira-de-letras.html

 

Leia sobre a morte de João de Scantimburgo:

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/03/morre-aos-97-anos-o-escritor-e-jornalista-joao-de-scantimburgo.html

segunda-feira, 25 de março de 2013

'JB' estreia coluna sobre literatura policial. Jovem escritor Raphael Montes destrinchará os "Mistérios para ler antes de morrer (ou ser morto)"

 

 

O Jornal do Brasil passa a publicar a partir deste sábado (23) a coluna semanal de literatura policial Mistérios para ler antes de morrer (ou ser morto). A ideia da publicação é explorar a extensa produção deste gênero literário, que lidera as vendas e o gosto do público ao redor do mundo. 

O projeto de Mistérios para ler antes de morrer (ou ser morto) visa trazer ao leitor uma projeção do que tem sido publicado de melhor entre os romances policiais contemporâneos, do Velho Continente ao Brasil. A cada semana serão destrinchados romances que encantaram - e abalaram - leitores de todos os recantos do planeta. A primeira escolha não poderia ser mais atual: Os homens que não amavam as mulheres, primeiro livro da trilogia Millenium escrita pelo sueco Stieg Larsson.

 

>> Confira a coluna "Mistérios para ler antes de morrer (ou ser morto)"

 

Raphael Montes no lançamento de seu livro "Suicidas"

Raphael Montes no lançamento de seu livro "Suicidas"

 

O texto ficou a cargo do jovem escritor Raphael Montes, que no ano passado teve publicado pelo selo Benvirá, da Saraiva, seu primeiro romance, Suicidas. Com apenas 19 anos, Montes foi finalista do Prêmio Benvirá de Literatura 2010 e do Prêmio Machado de Assis 2012 da Biblioteca Nacional, tendo sido o único brasileiro a ter um livro na Série Negra, coleção de romances policiais da editora. Atualmente, finaliza sua próxima obra policial, Dias Perfeitos. Para saber mais sobre o autor, confira o seu website

 

http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2013/03/23/jb-estreia-coluna-sobre-literatura-policial/

PÁSCOA 2013


 

Caminho por asas brancas vividas,
Senhor, vou tecendo meus versos!
Espalhando em suave frescor, o remanso,
Na folhagem o perfume das rosas colhidas!
É um tempo interior de ação serena,
Pelo céu as cores d'outro renascer,
Numa nova essência da vida terrena,
Em comunhão com Amor/Amigo a crescer.
Páscoa é um tempo de Amor e Paz,
Que perdoa e apaga a desesperança,
Em ressonância, com a luz que nos faz,
Viver nos cristais do amor com mais confiança!
Este novo Futurecer vem a cada emoção,
Onde os anjos cantam a divina acolhida
E exultam numa prece, o vosso divino perdão,
A bendizer dentro de nós, uma Alma Renascida.

                                          Efigênia Coutinho

 

O CAMINHO QUE NÃO PODE SER EXPRESSO

 

O TAO TE KING diz assim:

“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas”

É a tradução do Mestre Wu, do Mestre Wu Jyn Cherng, que foi meu professor de Chien Yi, uma espécie de luta chinesa.

Há outras traduções.

Mas aí está: o que pode ser traduzido não é o mesmo, já não diz o mesmo, o não-dito.

E a tradução deixa o miolo para trás.

Porque Lao Tsé falava de um caminho de liberdade e da liberdade do caminho.

E todos nós só conhecemos o caminho da busca.

Quem está buscando procura algo de que necessita. Não é livre, depende de “algo”.

E esse “algo” é certamente uma ilusão, um fantasma, uma alucinação.

De nada precisamos nós, do ponto de vista espiritual. Podemos estar em paz.

“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante” significa, talvez, que tudo muda, e o próprio caminho também muda.

Porque todo caminho é a morte. A morte é o objetivo do caminhar, o fim do caminho.

O objetivo do caminho não é a morte, mas o próprio caminhar.

Quem busca nada encontra.

Um dia um Mestre Zen recebeu um discípulo que lhe perguntou:

– Mestre, como atinjo a Libertação?

– Quem te prende? – respondeu o Mestre.

“O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante” – é como:

“O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra”.

Se vamos por uma estrada e vemos uma flor, uma bela flor, e se logo pensarmos: “uma flor” – logo não, nada vemos, matamos o ver.

Se virmos uma flor e não a etiquetamos com um nome, então há uma explosão de beleza sem nome. É um espetáculo raro.

Se nossos pensamentos nos deixarem ver.

O mundo, com toda a sua glória, está mascarado de nossos pensamentos.

Tudo alumia quando os pensamentos param.

Mas eu estou rodopiando em frases sem sentido, falo apenas do que falo, sem nada saber.

Rogel Samuel

Semana Santa em Blocos

 

 

"Eu sou aquele que está vivo!
Estive morto, mas agora vivo para sempre” - Jesus

 

Temática semana santa: Efigênia Coutinho

 

Falecimento de Barthes (Paris/França, 1980)

 

Falecimento de Débussy (França, 1918), Eliana Mora

 

Frases da semana

 "Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A páscoa ou pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais do que fé, páscoa é amor" - Einstein

 

Literatura

 

Prosa

 

Coluna quinzenal de Rogel Samuel

sábado, 23 de março de 2013

Um ano sem Chico Anísio

 

 

CHICO IMORTAL

           

Sobre o humorista Chico Anysio, cuja morte todos lamentamos, já se escreveu tudo. Ou quase tudo. Quero contar um episódio, até aqui inédito, do qual fiz parte, e que agora, em homenagem a sua memória, vou revelar.
            Nosso conhecimento era distante. Ou quase, pois nunca deixei de assistir aos seus shows, sempre de casa lotada. Lembro particularmente de um deles, no antigo Teatro da Lagoa, ao lado do Drive-in, que não sai da minha cabeça. Talvez nunca tenha rido tanto assim, na minha vida. A cena do pau-de-arara, viajando pela primeira vez de avião, é digna de qualquer antologia de humor universal. Da mesma forma que ele contou, com o seu vozeirão inconfundível, o episódio do atacante do América F.C. (na época, Chico ainda era torcedor do clube de Campos Sales), que perdeu um gol feito, debaixo do travessão, e foi homenageado com um palavrão que lembrava a sua mãezinha.
            Nos idos dos anos 90, recebi do diretor Maurício Sherman, um mito do rádio e da televisão do nosso país, um telefonema para conversarmos, o que sempre foi um prazer. Pensei que se tratasse de algo referente à Rádio Roquete Pinto, da qual ele era diretor, por minha indicação (aliás, a sua primeira secretária, na emissora, foi Marlene Mattos, que então começava a sua carreira de produtora ao lado da Xuxa). Marcamos um almoço e, sem muito rodeio, o diretor do inesquecível musical “Evita” foi direto ao ponto: “O Chico Anysio quer nos convidar para um chá, na casa dele. Não sei do que se trata.”
            Como sempre tive em mente que a “Escolinha do Professor Raimundo”, dada a sua imensa popularidade, poderia ser pretexto para um grande projeto de alfabetização de adultos, em que falhamos até hoje, vibrei com a oportunidade de propor ao Chico uma parceria. Isso ficou só na imaginação.
            Fomos recebidos pelo Chico na porta da sua residência, em São Conrado. Levou-nos para a sala confortável e serviu um chá, que me deixou desconfiado. Aí veio a notícia ou a sondagem, para ser mais preciso: “Arnaldo, você não acha que está na hora de ter um humorista na Academia Brasileira de Letras? Além do mais, escrevi diversos livros, todos com muito êxito. O que é preciso para realizar esse sonho?”
            Tomei fôlego, para dar a resposta adequada: “Chico, em primeiro lugar é preciso ter a vaga. Espero que você não esteja querendo a minha”. Ele riu da resposta e interrompeu o papo para nos apresentar a então esposa, a economista Zélia Cardoso de Mello, com quem depois teria dois filhos. Ela pediu licença e não ficou na sala, dirigindo-se aos aposentos.
            A conversa prosseguiu em clima ameno e contei para ele como as coisas se passavam (e eram difíceis) na Casa de Machado de Assis. Expliquei que a ABL apreciava o currículo do candidato, suas obras, mas principalmente considerava vital o convívio. Que ele aparecesse mais entre nós, para viabilizar a candidatura. Isso não aconteceu. Hoje, quando sentimos muito a sua morte, existe a certeza de que ele está ocupando lugar de destaque entre os imortais do céu.

 

Arnaldo Niskier

 

sexta-feira, 22 de março de 2013

Morre aos 97 anos o escritor e jornalista João de Scantimburgo

 

Ele era membro da Academia Brasileira de Letras e dirigiu jornais de SP.
Morte aconteceu na madrugada desta sexta (22) após crise de diabetes.

 

O jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) João de Scantimburgo, que fundou e presidiu a TV Excelsior e foi diretor dos 'Diários Associados' (Foto: Divulgação/ABL)

João de Scantimburgo, que foi jornalista e membro
da Academia Brasileira de Letras (Foto: Divulgação
/ABL)

 

O escritor e jornalista João de Scantimburgo morreu na madrugada nesta sexta-feira (22), aos 97 anos, após uma crise de diabetes, na clínica Elite Residencial, em São Paulo, informa a Assessoria Brasileira de Letras (ABL), do qual ele era membro.

João de Scantimburgo nasceu em Dois Córregos (SP), em 31 de outubro de 1915. Ele era mestre em Economia e Doutor em Filosofia e Ciências Sociais e foi professor da Fundação Armando Álvares Penteado e da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Scantimburgo dirigiu jornais do grupo Diários Associados ("Diário de S. Paulo" e "Diário da Noite"), o "Correio Paulistano", o "Diário do Comércio" e as revistas "Digesto econômico" e "Revista Brasileira", da ABL. Ele também foi fundador e presidente da TV Excelsior, diz a ABL. Ele ocupava a cadeira de número 36 da academia, e também era membro da Academia Paulista de Letras.

Entre as obras escritas por João de Scantimburgo estão "O destino da América Latina - A democracia na América Latina" (1966), "A Crise da república presidencial" (1969), "O café e o desenvolvimento do Brasil" (1980) e "Eça de Queiroz e a tradição" (1995).

O corpo de João de Scantimburgo será velado a partir das 16h desta sexta, na Assembleia Legislativa de São Paulo, e será sepultado no sábado, ás 12h, no Cemitério São Paulo.

João de Scantimburgo foi casado com a a condessa Anna Teresa Maria Josefina Tekla Edwige Isabella Lubowiecka. A ABL informa que ele não deixa filhos nem netos.

A ABL determinou luto oficial de três dias e transformou a sessão acadêmica da próxima quarta-feira (27) em Sessão da Saudade, informa a assessoria. "Deixa a memória de uma pessoa afável e interessada nas atividades da Academia, da qual dirigiu, por muitos anos, com grande dedicação, a 'Revista Brasileira'", diz o comunicado da instituição.

 

http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/03/morre-aos-97-anos-o-escritor-e-jornalista-joao-de-scantimburgo.html

Dia Internacional da Água

 

Falecimento de Goethe (1832, Alemanha)

 

Nascimento de Marcel Marceau (1923, Estrasburgo/França), Eliana Mora

 

Dia Internacional da Água, diversos autores POESIA PROSA

 

Literatura

 

Poesia

 

Temática lua: Marcos Laffin

 

Prosa

 

Homenagem a Emílio Santiago, Maria Luiza Falcão

 

In Memoriam: José Nêumanne Pinto, in memoriam de seu irmão