quinta-feira, 31 de outubro de 2013

111 anos de Carlos Drummond de Andrade

 

 

111 anos do nascimento de Carlos Drummond de Andrade (1902, Itabira/MG), Diego Ramires Bittencourt

 

Nascimento de John Keats (1795, Londres/Inglaterra)

Dia das bruxas ("halloween")   poesia prosa

 

Dia do Saci, Gilberto Mendonça Teles

 

Literatura

 

Concursos literários

Resulado do Prêmio Jabuti 2013 em Crônica Poesia, Romance e Teoria Literária

 

Poesia

 

Temática saudades: Selmo Vasconcellos

 

Prosa

 

Conto: Mariza Lourenço

Dia das Bruxas

 

dia das bruxas

A origem do halloween remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcas das diferenças em relação às atuais abóboras ou da famosa frase "Gostosuras ou travessuras", exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Originalmente, o halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão (samhain significa literalmente "fim do verão").

A celebração do Halloween tem duas origens que no transcurso da História foram se misturando:

Origem Pagã

A origem pagã tem a ver com a celebração celta chamada Samhain, que tinha como objetivo dar culto aos mortos. A invasão das Ilhas Britânicas pelos Romanos (46 A.C.) acabou mesclando a cultura latina com a celta, sendo que esta última acabou minguando com o tempo. Em fins do século II, com a evangelização desses territórios, a religião dos Celtas, chamada druidismo, já tinha desaparecido na maioria das comunidades. Pouco sabemos sobre a religião dos druidas, pois não se escreveu nada sobre ela: tudo era transmitido oralmente de geração para geração. Sabe-se que as festividades do Samhain eram celebradas muito possivelmente entre os dias 5 e 7 de novembro (a meio caminho entre o equinócio de verão e o solstício de inverno). Eram precedidas por uma série de festejos que duravam uma semana, e davam ao ano novo celta. A "festa dos mortos" era uma das suas datas mais importantes, pois celebrava o que para os cristãos seriam "o céu e a terra" (conceitos que só chegaram com o cristianismo). Para os celtas, o lugar dos mortos era um lugar de felicidade perfeita, onde não haveria fome nem dor. As festas eram presididas pelos sacerdotes druidas, que atuavam como "médiuns" entre as pessoas e os seus antepassados. Dizia-se também que os espíritos dos mortos voltavam nessa data para visitar seus antigos lares e guiar os seus familiares rumo ao outro mundo.

Origem Católica

Desde o século IV a Igreja da Síria consagrava um dia para festejar "Todos os Mártires". Três séculos mais tarde o Papa Bonifácio IV († 615) transformou um templo romano dedicado a todos os deuses (Panteão) num templo cristão e o dedicou a "Todos os Santos", a todos os que nos precederam na fé. A festa em honra de Todos os Santos, inicialmente era celebrada no dia 13 de maio, mas o Papa Gregório III († 741) mudou a data para 1º de novembro, que era o dia da dedicação da capela de Todos os Santos na Basílica de São Pedro, em Roma. Mais tarde, no ano de 840, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse celebrada universalmente. Como festa grande, esta também ganhou a sua celebração vespertina ou vigília, que prepara a festa no dia anterior (31 de outubro). Na tradução para o inglês, essa vigília era chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), passando depois pelas formas All Hallowed Eve e "All Hallow Een" até chegar à palavra atual "Halloween".

Texto: Wikipédia

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Poesia, Selmo Vasconcelos. Prosa, José de Mattos

 

VENHA SAUDADE
         VENHA SAUDADE
                   VENHA SAUDADE
ME MOLHAR

                        

Selmo Vasconcellos

(Do livro: Resquícios Ponderados, João Scortecci, 1996, SP)

 

O FANTASMA DA MÁQUINA

Em meio a densa neblina o homem agita os braços para o par de faróis amarelos que se aproxima na penumbra. A máquina esbarrou obedecendo ao aceno; enquanto o guincho da fricção feria-lhe aos ouvidos – resfolegando rolos de fumaça.
O maquinista indagou-lhe com voz cavernosa sem virar-lhe o rosto coberto pelo capuz:
– Só ida?
– Só.
A locomotiva sapateou sobre os trilhos acomodando Blun ao banco com um solavanco; e a paisagem correu célere pela portinhola lateral, misturada ao nevoeiro que se tornava cada vez mais baço. O coração agitou-se comovido, e, a mão tremula apalpou o cantil no bolso interno do casaco; levando-o aos lábios e secando os respingos com o dorso da mão.
Mal porém viajou um quarto de horas, ouviu atrás de si um tropel reverberante de maneira terrível que irrompeu num lampejo estrondoso. Sentiu o calor do sangue no rosto e, logo em seguida uma perturbação violenta explodiu parecendo rasgar toda a existência ao seu redor; a treva rompeu todo ponto luminoso existente até então.
Sofreu vendo o corpo em decomposição enquanto a máquina atingia uma velocidade vertiginosa. sentiu-se como um homem bêbado e, cambaleando, lançou-se contra a portinhola e seu corpo projetou-se no abismo escuro. Nesse ínterim, abria a boca na ânsia de respirar, a febre tremia todos os músculos, os olhos ardiam e a náusea pôs fim a sua consciência.
Não se lembra quanto tempo permaneceu nesse estado. Julgou ter sido um tempo considerável, pois, quando recuperou os sentidos, o céu estava juncado de estrelas azuis, e o sol amarelo iluminava um mundo passível.
Girou sobre o próprio calcanhar fazendo um circulo, com as mãos em arco protegendo os olhos, a fim de contemplar planície de cor rochosa se estendia no infinito.
Parou em frente à sua casa – a única em seu raio de visão. Após refletir, empurrou a porta sem violência, viu-a espatifar-se, levantando uma enorme nuvem de poeira roxa.
“Parece estar abandonada há uns cem anos, ou mais”. Murmurou caminhando entre os escombros; ao passar pelo espelho ao seu flanco, parou e deu um passo atrás, assustando. Examinou atentamente sua aparência grotesca, e, apesar de sentir-se normal, seu aspecto era de uma palidez fantasmagórica e denotava ter envelhecido tanto quanto sua casa.

José de Mattos

 

Temática mensal halloween/magia: José de Mattos

Extras do dia 30 de outubro

 

Nascimento de Raul de Leôni (1895, Petrópolis/RJ)

 

Nascimento de Paul Valéry (1871, Sete/França)

 

Nascimento de Ezra Pound (1885, Idaho/USA)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O VELHO E O MAR: A ETERNA BELEZA DE UMA OBRA-PRIMA

 

  Uma obra prima imortal, que vem encantando geração após geração, desde sua publicação, O Velho e o Mar (Bertrand Brasil) é uma reedição que alegra todos os fãs do autor, e, também, daqueles que o leram na juventude e, agora, querem que filhos e netos façam o mesmo, para que aprendam uma belíssima e imorredoura lição de vida. Prêmio Nobel de Literatura de 1954, o escritor americano Ernest Hemingway (1899-1961) é um dos maiores e mais importantes nomes da literatura mundial,  do século XX, e influenciou, fortemente, a literatura dos anos 1930 e 1940,
tanto por seu estilo, quanto pelo tema de seus romances.

Em 1952, Hemingway publicou O Velho e o Mar,  considerado uma obra-prima  da prosa moderna e, sem dúvida, seu livro mais popular, o preferido dos leitores, que está sendo reeditado, no Brasil, pela Editora Bertrand Brasil. Best-seller em todo o mundo, e também no Brasil, o romance conta a história de um pescador que, depois de 84 dias sem apanhar um só peixe, acaba fisgando um de tamanho descomunal, que lhe oferece  grande resistência, e contra quem ele tem que lutar com todas suas forças, tanto as do corpo quanto as da alma. A história de um homem que convive com sua solidão, enquanto luta pela sobrevivência, com uma inabalável fé na vida, esta belíssima e emocionante história de Hemingway tem um enredo tenso e, so final, deixa uma profunda mensagem de fé no homem, e  em sua capacidade de superar as limitações que a ida lhe impõe.

 

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1 - Literatura Brasileira / Ficção

Estreando na literatura, Antonio Chiarotto Filho usa a metáfora para mostrar as mazelas de nosso país, em JP Um Sonho de... Presidente (WT Indústria Gráfica Ltda.). Dono de um texto claro e objetivo, ele constrói seu romance tendo como protagonista o personagem JP, homem simples, oriundo de Minas Gerais que, por conta de um estranho sonho, acorda no quarto do Presidente da República, em Brasília.

Ao fazer um paralelo entre a ficção e o que de fato acontece com o presidente de plantão no Palácio do Planalto, o leitor encontrará diversas situações similares, talvez até idênticas. JP até que se sai bem, no exercício da presidência, e, como cidadão de bom senso, e preocupado com a situação geral do país, expõe seu pensamento, propondo a redução dos gastos oficiais. Uma ideia simples, mas genial, pois tem como base a realidade Uma estreia promissora, que mostra uma visão ampla da realidade de nosso país, e leva o leitor, através da boa ficção, a refletir sobre o que está acontecendo, e o que deve ser feito.

2 - Literatura Brasileira / Contos

Mestre absoluto da arte do conto, Orígenes Lessa publicou, ao longo de seus oitenta e três anos de vida, cerca de setenta livros, entre romances, contos, ensaios, infanto-juvenis, roteiros para cinema e televisão, textos teatrais, adaptações de clássicos, reportagens, entrevistas e conferências. 

Um Rosto Perdido (Global)  publicado, pela primeira vez, em 1979, reúne doze histórias de Orígenes, sem dúvida, um dos maiores contistas brasileiros do século XX. Divertido, irônico, Orígenes fascina e seduz os leitores com sua prosa ágil e concisa, na qual imprime sua forma original de pensar e ver o mundo. Contos de frases breves, e diálogos intensos, mostram por que ele é considerado um verdadeiro artesão da palavra, já que consegue arrumá-la de tal forma no texto, que leva o leitor a se emocionar e divertir, extraindo da literatura deste grande escritor a sua mais pura essência: a de um homem que amou o mundo, a vida e seu semelhante. Uma excelente reedição, de leitura obrigatória, para quem quer conhecer, de verdade, a literatura brasileira.   

3 - HG Clássicos
Eu, Fernando Pessoa
(Peirópolis), que integra a coleção Clássicos em HQ, foi escrito e roteirizado por Susana Ventura, a partir de textos históricos – cartas e obituários de jornais da época, e tem  belas ilustrações de Eloar Guazelli, que valorizam a obra. O livro analisa, de forma profunda, os heterônimos criados pelo poeta e escritor português, e o enredo se desenrola a partir de uma carta, na qual Pessoa explica ao amigo Adolfo Casais Monteiro, o nascimento e vida de seus principais heterônimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Este é o segundo livro do ilustrador sobre o poeta português que, em parceria com Susana Ventura, doutora em Estudos Comparados de Literatura de Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo,  e  professora e pesquisadora das literaturas de língua portuguesa em várias universidades brasileiras, portuguesas e francesas, construiu um belíssimo trabalho em HQ, digno de figurar entre os melhores do gênero.

Ambos realizaram, neste livro, um trabalho dificílimo, mas da maior importância, já que consegue popularizar um grande autor, o poeta português Fernando Pessoa, que, desta forma, será bem compreendido por um público bem maior . A editora Peirópolis é pioneira em adaptações de clássicos para quadrinhos, atuando, desta forma, como grande divulgadora cultural, já tendo publicado em HQ autores do porte de Gil Vicenfe, Cervantes e Camões. Uma iniciativa da maior importância para a divulgação e assimilação da cultura.


4 – Ficção Americana / Romance

As escritoras americanas Christina Hobbs e Lauren Billings se uniram, sob o pseudônimo de Christina Lauren, para criar um super best-seller, que já vendeu mais de 2 milhões de exemplares, e é o grande romance erótico do momento: Cretino Irresistível (Universo dos Livros), primeiro volume de uma trilogia.

O livro conta o romance ardente, e totalmente perigoso, que acontece entre uma estagiária ambiciosa, Chloe, e o executivo perfeccionista, Bennett. A história tem como pano de fundo elementos do mundo corporativo, e dos negócios, um ambiente competitivo, e onde o romance e o sexo entre profissionais podem causar problemas. Chefe e estagiária, enquanto trabalham para atingir o sucesso profissional e da empresa, começam a sentir forte atração física, um pelo outro, mas o problema é: aonde isto os levará? Um romance sensacional, que está fazendo sucesso em todos os países onde é publicado e que nos apresenta a personagens irresistíveis. Um ótimo entretenimento, um romance ágil e divertido, que traz muitas surpresas e uma ótima história de amor.

 

MARLI BERG

domingo, 27 de outubro de 2013

Soneto

    Falecimento de Mário Faustino (1962,  Pachacana, Peru)

    Bronze e brasa na treva: diamantes
    pingam
    (vibram)
    lapidam-se
    (laceram)
    luz sólida sol rijo ressonantes
    nas arestas acesas: não vos deram,
    calhaus
                 (calhaus arfantes),
                                                outro leito
    corrente onde roçar-vos e suaves
    vossas faces tornardes vosso peito
    conformar
                   (como sino)
                                      como de aves
    em brado rebentando em cachoeira
    dois amantes precípites brilhando:
    tições em selvoscura: salto!
                                               beira
    de sudário ensopado abismos armando
    amor
    amor
    amora
    morte
          ramo
    de outro fruta amargosa bala!
                                                e gamo.

     

    Mário Faustino

    Do livro: "A poesia piauiense no século XX", FCMC, Imago, 1995, PI/RJ

    quinta-feira, 24 de outubro de 2013

    Prosa de Flavio Gimenez

     

    Acho que ser criança é ter uma janela para o Infinito. Quantas e quantas vezes não me olhei no espelho e ví nos inúmeros reflexos, senão nos túneis de luz propostos pelo outro espelho a permanencia de  minha vida e de meus outros eus? Certamente que não continuo aqui, senão como capricho, sendo que outros se foram e se aqui estiveram, foram de mim partes que me completavam, em infinitas eras. Lá adiante eu pude ver, aos meus onze anos, como seria aos cinquenta; em outra pedraria luminosa pude ver o que seria aos oitenta, talvez nem mais sendo sequer a sombra que me dissesse o que fui aos oito. Ah, aos oito, a descoberta do amor perfeito, a linda boca de Lucia, o sorriso perfeito de Telma, a sisudez de Marcia...Ah, isso foi aos oito? Ou aos dezoito? Mil reflexos de luz, em tons degradés de verde, nas águas do tempo que vivifica os sonhos...E a lua entrando em meu quarto numa noite solitária de Agosto, quase a completar Setembro... Realmente, não importa, porque (creio eu) o tempo não passa de uma ilusão, o que determina a descontinuidade somos nós; basta ver que lá adiante, alguém me acena de um reflexo âmbar que talvez traga de volta, a mim, esse contínuo de felicidade que somos quando temos a inocência ao nosso lado.

    Flavio Gimenez

    quarta-feira, 23 de outubro de 2013

    O UNIVERSO VIRTUAL

     

     

    Em seguida, pois, tudo se faz, se fará, se fez online.

    Todos os canais estão, estarão online.

    Tudo se dará online.

    Lemos tudo, sabemos tudo, invadiremos tudo – online.

    Todos os nossos compositores, intérpretes estão estarão online.

    Os nossos textos, os nossos poemas, os nossos nome lá.

    Ouvimos música, vemos filmes, lemos romances online.

    A vida não será mais possível fora da web.

    Estaremos confinados nesse grande, imenso, imensurável universo virtual.

    Tudo que teremos, tudo que quisermos se abre na tela.

    Toda a nossa cultura, os nossos museus, os nossos medos, as nossas alegrias.

    Tudo, todo o prazer, o nosso corpo, as nossas emoções, as nossas memórias, os nossos sonhos.

    Vamos abandonar as ruas, encapsularmo-nos nos nossos quartos, nas mínimas celas de nossas individualidades.

    Jamais sairemos, jamais nos desconectaremos, estaremos dia e noite conectados, acordados no sentido de um acordo, interconectados com tudo e com todos, nos submundos onlines.

    O passado, o presente e o futuro estarão nas invisíveis veias das nossas conexões.

    Não haverá morte, nem vida, nem amor, nem ódio, somente as tecnologias aceleradas.

    Encomendaremos e receberemos tudo online, mesmos nossos alimentos espirituais e materiais.

    As infalíveis máquinas, as inimagináveis máquinas, as máquinas.

    Em seguida, pois, tudo se faz, se fará, se fez online.

    Os nossos companheiros, as amadas e famílias.

    Não haverá liberdade, impossível aprisionar o não real, o virtual.

    Não teremos corpos, doenças, nascimento, envelhecimento e morte.

    Não sentiremos dor, sofrimento, isolamento, abandono.

    Seremos o todo perdido.

    O virtual final.

    ROGEL SAMUEL

    terça-feira, 22 de outubro de 2013

    Beagles unidos jamais serão vencidos

     

    Meu coração vibrou com o resgate dos coitadinhos dos beagles, claro.

    Mas em seguida minha cabeça deu o alerta:

    No mundo inteiro esse tipo de ativismo direto, invasivo e causador de danos, infelizmente não tem dado certo.

    Sem maiores considerações filosóficas (por que é evidente que os animais não poderiam, nunca, serem submetidos ao capitalismo nojento da indústria farmacêutica), ações anteriores sempre resultaram na punição dos bem intencionados.

    Aqui e lá fora, a Lei fica do lado dos malvados e pronto.

    Como diz o ditado americano, é a economia, estúpido!

    Alguns cachorrinhos a menos para os bandidos que, em seguida, prosseguem suas experiências, lícitas mas imorais, até em maior escala.

    Talvez haja um jeito porém de fazermos desse limão azedo uma limonada bem grande e doce que refresque a barra dos nossos indefesos amiguinhos de quatro patinhas:

    O boicote de todos os produtos experimentados naqueles campos de concentração tipo Royal.

    Se todos nós, os bípedes humanos conscientes da gravidade e crueldade da situação, deixarmos de comprar os produtos lá testados atingiremos o único órgão sensível desse leviatã moderno: o bolso!

    Então, aproveitando o impacto da recente invasão repercutindo na mídia, mudaremos o foco da discussão para o que realmente interessa.

    De minha parte, começarei agora mesmo, enviando uma lista das empresas e seus produtos que fomentam esses “centros de pesquisa”.

    Claro que o Sistema vai reagir exibindo seus rôtos argumentos de necessidade de testar os cosméticos e remédios em bichos para a segurança dos consumidores, blábláblá.

    Que se danem: não precisamos deles.

    Eles sim é que precisam de nós, consumidores.

    Ou param com essa prática escrota ou paramos de dar dinheiro para seus sanguinolentos cofrinhos.

    Acham que a indústria cosmética, por exemplo, não irá rever seus processos de testes quando a mulherada souber que está passando nas unhas, nos lábios e na pele, melecas resultantes do sofrimento e da morte de peludinhos inocentes?

    Daí saímos dessa categoria vulnerável de ecoterroristas para a nossa real condição: a de seres humanos que amam, acolhem, respeitam, e apenas querem proteger os seres não humanos de nossa doente civilização.

    Nosso desespero, e indignação, é tão legítimo que não merecemos ficar apenas na defensiva ou no ataque esporádico

    Primeiro é levantar a lista das empresas e seus produtos. Depois botar a boca no trombone, divulgar, discutir, espalhar, questionar, sem parar, o tempo todo. Até que o tempo, senhor da razão, acalme essa tempestade de insensatez que assola o único mundo que temos.

    De nosso sonho, duas patas convivendo em harmonia com quatro patas ou duas asas, nossos inimigos darão risada. Da dura realidade de não ter mais lucro fácil irão chorar.

    Simples mas eficiente assim. Transformar nossa fraqueza em força, a única força que o outro lado entende e respeita: a do dinheiro, do poder de comprar.

    Alguém me acompanha?

    Ulisses Tavares, depois de décadas de militância animal, é um dócil beagle aprendendo a morder.

    http://www.anda.jor.br/19/10/2013/beagles-unidos-jamais-serao-vencidos

    http://blocosonline.com.br/literatura/prosa/proregistra/2013/preg131018a.php

    NÓS, HUMANOS

     

    Eu não tenho bichos de estimação. Nada contra, simples opção. Mas tenho um beagle, pequenino e que usa óculos. Ele é de pelúcia e chama-se Bartolomeu.

    Não posso negar que fiquei feliz com a ação contra os testes com cobaias vivas, no caso, os cães da raça beagle. Admiro as pessoas que amam os animais, sejam quais forem, que se dedicam, sofrem e lutam por eles. Acho belíssima a profissão de veterinário. As campanhas em prol do bem estar dos animais me emocionam, confesso. Abomino as depredações, vandalismos, mas sei que não fazem parte de quem estava agindo por amor.

    Num mundo de tanta indiferença entre os seres humanos, onde vemos diariamente tantos ataques, nos mais variados pontos do planeta, contra nossa própria raça, às vezes dá a impressão que perdemos nossa humanidade. Em muitos casos, de tanto sofrer ataques dos nossos próprios irmãos de raça, nos tornamos frios e até indiferentes diante do sofrimento alheio. De tanto assistir a dor de nossos semelhantes, conterrâneos ou até visinhos, que nos é mostrada pela mídia com frieza, como algo normal no dia a dia, ficamos anestesiados diante da dor. É como se desgraças só acontecessem com os outros, e como se estes outros não fossem feitos da mesma massa que nós. Independente de cor, raça ou credo, poder aquisitivo ou posição social, estamos no mundo expostos a tudo, uns mais, outros menos, mas todos sobre a mesma crosta terrestre, tão sofrida e desrespeitada pelo nosso progresso. E quando a natureza grita, não raro arrasta tudo, pobres e ricos, misturando todos numa mesma enxurrada de lama morro abaixo... Mas as notícias passam e a gente esquece. Só os atingidos não.

    Por isso admiro tanto os ativistas que lutam pelos animais. A fragilidade e inocência deles, os animais, é tocante. Explorá-los, maltratá-los ou usá-los como cobaias é no mínimo desumano. É achar que estamos nós, humanos, acima dos outros seres. É esquecer que pisamos o mesmo solo, despertamos sob o mesmo sol e dormimos sob as mesmas estrelas.

    Acima de nós, só Ele. Aqui, somos todos iguais: viventes do planeta Terra.

    Maria Luiza Falcão

    ABL em Blocos

     

    Falecimento de Artur Azevedo (1908, Rio de Janeiro)

     

    Falecimento de Oswald de Andrade (1954, SP)

     

    ABL em Blocos

     

    Hoje, terça, no ciclo de conferências A crônica e a cidade, João Cezar de Castro Rocha debaterá: "Crônica como gênero da ágora brasileira". Entrada franca

     

    Literatura

    Poesia

     

    Temática mensal livro: Selmo Vasconcellos

     

    Temática ecologia: Lúcia Afonso