O blog de Blocos, volta à carga, aproveitando o aniversário de João Guimarães Rosa. O blog reinicia sua jornada literária. Com um perfil voltado exclusivamente para a Literatura. Dicas de livros, resenhas, curiosidades, cursos e concursos que estiverem acontecendo, os livros do momento e links que mostrem ao leitor, o caminho da boa leitura e novas descobertas. Um brinde ao nosso saudoso Guimarães Rosa! Parabéns, João Guimarães Rosa!
João Guimarães Rosa
vive encantado no mundo da literatura e em nossos corações
João Guimarães Rosa (Cordisburgo,
27 de junho de 1908 — Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967) foi um escritor,
diplomata, novelista, romancista, contista e médico brasileiro, considerado por
muitos o maior escritor brasileiro do século XX e um dos maiores de todos os
tempos. Foi o segundo marido de Aracy de Carvalho, conhecida como "Anjo de
Hamburgo".
Os contos e romances escritos por Guimarães Rosa
ambientam-se quase todos no chamado sertão brasileiro. A sua obra destaca-se,
sobretudo, pelas inovações de linguagem, sendo marcada pela influência de
falares populares e regionais que, somados à erudição do autor, permitiu a
criação de inúmeros vocábulos a partir de arcaísmos e palavras populares,
invenções e intervenções semânticas e sintáticas.
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 6 de
agosto de 1963, sendo o terceiro ocupante da cadeira nº 2, que tem como patrono
Álvares de Azevedo. Morreu em 1967, ano em que foi indicado ao Prêmio Nobel de
Literatura, vítima de um ataque cardíaco.
Foi o primeiro dos seis filhos de Florduardo Pinto Rosa
("Flor") e de Francisca Guimarães Rosa ("Chiquitita").
Começou ainda criança a estudar diversos idiomas, iniciando
pelo francês quando ainda não tinha 6 anos. Em entrevista concedida a uma
prima, anos mais tarde, afirmou:
“ Eu falo:
português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de
russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado);
entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do
sânscrito, do lituano, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do checo,
do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas
tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda
muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém,
estudando-se por divertimento, gosto e distração. ”
Ainda pequeno, mudou-se para a casa dos avós, em Belo
Horizonte, onde concluiu o curso primário. Iniciou o curso secundário no
Colégio Santo Antônio, em São João del-Rei, mas logo retornou a Belo Horizonte,
onde se formou. O tio Adonias, fazendeiro muito rico, dono da fazenda Sarandi,
patrocinou os estudos de Guimarães Rosa no colégio Arnaldo. Em 1925
matriculou-se na então "Faculdade de Medicina da Universidade de Minas
Gerais", com apenas 16 anos.
Em 27 de junho de 1930 casou-se com Lígia Cabral Pena, de
apenas 16 anos, com quem teve duas filhas: Vilma e Agnes. Ainda nesse ano se
formou e passou a exercer a profissão em Itaguara, então distrito de Itaúna
(MG), onde permaneceu cerca de dois anos. Foi nessa localidade que passou a ter
contato com os elementos do sertão que serviram de referência e inspiração a
sua obra.
De volta de Itaguara, Guimarães Rosa serviu como médico
voluntário da Força Pública (atual Polícia Militar), durante a Revolução
Constitucionalista de 1932, indo para o setor do Túnel em Passa Quatro (MG)
onde tomou contato com o futuro presidente Juscelino Kubitschek, naquela
ocasião o médico-chefe do Hospital de Sangue. Posteriormente, entrou para o
quadro da Força Pública, por concurso. Em 1933 foi para Barbacena na qualidade
de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Aprovado no concurso do
Itamaraty, passou alguns anos de sua vida como diplomata na Europa e na América
Latina.
No início da carreira diplomática, exerceu, como primeira
função no exterior, o cargo de cônsul-adjunto do Brasil em Hamburgo, na
Alemanha, de 1938 a 1942. Lá, conheceu e veio a casar-se com Aracy de Carvalho,
funcionária da Itamaraty que, no contexto da Segunda Guerra Mundial, para
auxiliar judeus a fugir para o Brasil, emitiu mais vistos do que as cotas
legalmente estipuladas. Por essa razão, Aracy de Carvalho ganhou, por essa ação
humanitária e de coragem, no pós-Guerra, o reconhecimento do Estado de Israel.
É a única mulher brasileira homenageada no Jardim dos Justos entre as Nações,
no Yad Vashem, que é o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas
judaicas do Holocausto.
Depois de servir em Hamburgo, Guimarães Rosa serviu ainda,
como diplomata, nas embaixadas do Brasil em Bogotá e em Paris.
No Brasil, Guimarães Rosa, na segunda vez em que se
candidatou para a Academia Brasileira de Letras, foi eleito por unanimidade
(1963). Temendo ser tomado por uma forte emoção, adiou a cerimônia de posse por
quatro anos. Em seu discurso, quando enfim decidiu assumir a cadeira da
Academia, em 1967, chegou a afirmar, em tom de despedida, como se soubesse o
que se passaria ao entardecer do domingo seguinte: "…a gente morre é para
provar que viveu."[8] Faleceu três dias mais tarde na cidade do Rio de
Janeiro, em 19 de novembro. Seu laudo médico atestou um infarto. Sua obra mais
marcante foi Grande Sertão: Veredas, romance qualificado por Rosa como uma
"autobiografia irracional".[6] Talvez a explicação esteja na própria
travessia simbólica do rio e do sertão de Riobaldo, ou no amor inexplicável por
Diadorim, maravilhoso demais e terrível demais, beleza e medo ao mesmo tempo,
ser e não-ser, verdade e mentira, estar e não estar. Diadorim-Mediador, a alma
que se perde na consumação do pacto com a linguagem e a poesia. Riobaldo
(Rosa-IO-bardo), o poeta-guerreiro que, em estado de transe, dá à luz
obras-primas da literatura universal. Biografia e ficção se fundem e se
confundem nas páginas enigmáticas de João Guimarães Rosa, morto prematuramente
aos 59 anos de idade, no ápice de sua carreira literária e diplomática.[7] Foi
sepultado no panteão da Academia Brasileira de Letras no Cemitério de São João
Batista na cidade do Rio de Janeiro.
Guimarães Rosa foi ainda indicado ao prêmio Nobel de
Literatura, pouco antes de falecer de ataque cardíaco.

Guimarães Rosa em sua posse na Academia Brasileira de Letras (1967).
CONTEXTO LITERÁRIO
Realismo mágico, regionalismo, liberdade de invenções
linguísticas e neologismos são algumas das características fundamentais da
literatura de Guimarães Rosa, mas não as suficientes para explicar seu sucesso.
Guimarães Rosa prova o quão importante é ter a linguagem a serviço da temática
e vice-versa, uma potencializando a outra. Nesse sentido, o escritor mineiro
inaugura uma metamorfose no regionalismo brasileiro que o traria de novo ao centro
da ficção brasileira.
Guimarães Rosa também seria incluído no cânone internacional
a partir do boom da literatura latino-americana pós-1950. O romance entrara em
decadência nos Estados Unidos (onde à época era vitrine da própria arte
literária, concorrendo apenas com o cinema), especialmente após a morte de
Louis-Ferdinand Céline (1951), Thomas Mann (1955), Albert Camus (1960), Ernest
Hemingway (1961), William Faulkner (1962). E, a partir de Cem anos de solidão
(1967), do colombiano Gabriel García Márquez, a ficção latino-americana
torna-se a representação de uma vitalidade artística e de uma capacidade de
invenção ficcional que pareciam, naquele momento, perdidas para sempre. São
desse período escritores como Mario Vargas Llosa (Peru), Carlos Fuentes
(México), Julio Cortázar (Argentina), Juan Rulfo (México), Alejo Carpentier
(Cuba) e, mais recentemente Ángel Rama (Uruguai).
Obras
Academia Brasileira de Letras
Leia na íntegra o discurso da posse
de João Guimarães Rosa:
https://www.academia.org.br/academicos/joao-guimaraes-rosa/discurso-de-posse
Perfil do Acadêmico
Terceiro ocupante da Cadeira 2, eleito
em 8 de agosto de 1963, na sucessão de João Neves da Fontoura e recebido pelo
Acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco em 16 de novembro de 1967.
Cadeira:
2
Posição:
3
Antecedido por:
João Neves da
Fontoura
Sucedido por:
Mário Palmério
Data de nascimento:
27 de junho de 1908
Naturalidade:
Cordisburgo - MG
Brasil
Data de eleição:
8 de agosto de 1963
Data de posse:
16 de novembro de
1967
Acadêmico que o recebeu:
Afonso Arinos de
Melo Franco
Data de falecimento:
19 de novembro de 1967
Três dias após a posse na Academia
Brasileira de Letras, Rosa sofre um infarto fulminante. E, ele já previra que
isso aconteceria devido à forte emoção.
Foi o terceiro ocupante da cadeira 2, eleito em 6 de agosto
de 1963, na sucessão de João Neves da Fontoura e recebido pelo acadêmico Afonso
Arinos de Melo Franco em 16 de novembro de 1967.
Referências
· https://www.santamaria.rs.gov.br/noticias/12395-concurso-literario-felippe-doliveira-esta-com-inscricoes-abertas-ate-29-de-abril-confira-o-edital
· · «Viúva de Guimarães Rosa morre aos 102 anos».
SRZD | Sidney Rezende. Consultado em 13 de novembro de 2016
· · «João Guimarães Rosa | Academia Brasileira de Letras».
Academia Brasileira de Letras. Consultado em 17 de agosto de 2017
· · Klick Educação. «Guimarães Rosa - Biografia». UOL - Educação.
Consultado em 27 de junho de 2012
· · «João Guimarães Rosa | Academia Brasileira de Letras».
Academia Brasileira de Letras. Consultado em 15 de junho de 2017
· · Sabrina Vilarinho. «Guimarães Rosa - Vida e Obra». Brasil Escola.
Consultado em 27 de junho de 2012
· · Cristiana Gomes (12 de
novembro de 2007). «Guimarães Rosa». InfoEscola. Consultado em 27 de
junho de 2012
· · «João Guimarães Rosa - Biografia». Arquivado do original
em 15 de janeiro de 2016
· · «Guimarães Rosa»
10. · «Discurso de posse». Academia
Brasileira de Letras. Consultado em 3 de maio de 2018
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Guimarães Rosa: correspondência inédita com a tradutora norte-americana
Harriet de Onís. 1993, 357 f. (Mestrado em Estudos Literários)– Faculdade
de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 1993.
Ligações externas
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Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Guimar%C3%A3es_Rosa
e https://www.academia.org.br/academicos/joao-guimaraes-rosa