quarta-feira, 18 de março de 2015

Memorial da América Latina, 26 anos de sua inauguração

 

O Memorial da América Latina é um centro cultural, político e de lazer, inaugurado em 18 de março de 1989 na cidade de São Paulo, Brasil. O conjunto arquitetônico, projetado por Oscar Niemeyer, é um monumento à integração cultural, política, econômica e social da América Latina, situado em um terreno de 84.482 metros quadrados no bairro da Barra Funda. Seu projeto cultural foi desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro. É uma fundação de direito público estadual, com autonomia financeira e administrativa, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura.

O complexo é constituído por vários edifícios dispostos ao longo de duas áreas unidas por uma passarela, que somam ao todo 25.210 metros quadrados de área construída: o Salão de Atos, a Biblioteca Latino-Americana, o Centro de Estudos, a Galeria Marta Traba, o Pavilhão da Criatividade, o Auditório Simón Bolívar (que sofreu um incêndio na tarde de 29 de novembro de 2013), o Anexo dos Congressistas e o edifício do Parlamento Latino-Americano. Na Praça Cívica, encontra-se a escultura em concreto, também de Niemeyer, representando uma mão aberta, em posição vertical, com o mapa da América Latina pintado em vermelho na palma.

O memorial possui um acervo permanente de obras de arte, exibidas ao longo da esplanada e nos espaços internos, e conta com um centro de documentação de arte popular latino-americana. A biblioteca possui cerca de 30 mil volumes, além de seção de música e imagens. O complexo promove exposições, palestras, debates, sessões de vídeo, espetáculos de teatro, música e dança. Mantém o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, organização de fomento a pesquisas acadêmicas sobre assuntos latino-americanos. Publica regularmente a revista Nossa América e livros variados. Serviu de sede ao Parlamento Latino-Americano entre 1989 e 2007 (atualmente localizado na cidade do Panamá).

Texto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorial_da_Am%C3%A9rica_Latina

Poesia e Prosa em Blocos

uuuuuu

Ronaldo Cunha Lima (*)

 

 Nascimento de Ronaldo Cunha Lima (1936, Guarabira/PB)

 

Poesia

 Novo poema de Augusto dos Anjos

Prosa

 Coluna mensal de Raquel Naveira

 

* Foto de Ronaldo Cunha Lima, retirada do site:

https://paraibahoje.wordpress.com/2014/06/02/ronaldo-filho-rebate-declaracoes-de-ricardo/

sexta-feira, 6 de março de 2015

RAQUEL

 

Jacob encontra Raquel

(Pintura de Joseph Ritter von Führich)

            Gosto do nome que me deram: Raquel . Nome hebraico, que significa “ovelha”. Com tudo o que a ovelha carrega de mansidão, caráter pacífico e uma certa estultice e teimosia.

            Sou mesmo ovelha que segue o pastor. O meu pastor tem olhos úmidos como o lago onde me leva a beber. Toca flauta, enquanto o sol cai como uma nota de fogo no horizonte. Cuida de mim e não faltam chuvas nem planícies verdejantes. Se um dia eu me perder, justamente eu, a ovelha que mais o observa, que segue o ranger de suas sandálias, que ouve a batida de seu cajado, se eu me perder nessa cidade que engole e emaranha, se minha pele sangrar nos espinhos, ele virá de longe me salvar, passar unguento em meu corpo, colocar-me nos seus ombros e me levar para um lugar que eu ainda não vejo. Sei que meu pastor me ama e me chama sempre para o seu redil: – Raquel, Raquel.

            Segundo a Bíblia, Raquel era linda. Jacó, apaixonado, serviu sete anos ao pai da bela, Labão, em troca da promessa de se casar com ela. No dia do casamento, Labão, esperto, ofereceu-lhe Lia, sua filha mais velha, o rosto totalmente coberto por um véu. Consumado o casamento, vendo que se enganara, Jacó serve mais sete anos até poder se casar com Raquel. O poeta Camões coloca na boca de Jacó esta declaração incrível: “ – Mais servira, se não fora para tão longo amor, tão curta a vida.”

            Uma amiga chamada Lia me segredou: “ – Não gosto de ouvir esse soneto, sinto-me a rejeitada.” Sorri, mas dentro de mim me senti Raquel, rosa amorosa.

            Raquel torna-se a favorita de Jacó, que só deseja ficar ao lado dela em seu tempo livre, viver intensamente aquele amor e raramente visita a tenda de Lia. Mas, enquanto Lia dá à luz vários filhos, Raquel, estéril, não pôde conceber por muitos anos. Chegou a oferecer, como era de costume na época, sua escrava Bila a Jacó, que com ela teve dois filhos. Finalmente, Raquel gerou José. Depois de algum tempo, engravidou de Benjamim e morreu em seu parto. Em meio às dores da agonia deu ao filho o nome de Benoni, “filho da minha dor”, mas Jacó chamou-lhe Benjamim, “filho da felicidade”. Os judeus dão importância ao significado dos nomes. Raquel foi enterrada numa estrada próxima a Belém e sua tumba é visitada por milhares de pessoas.

            Um outro poeta português, o romântico João de Deus, também escreveu um poema intitulado “Rachel”, com “ch”, variante da grafia de Raquel. É uma homenagem a uma amiga querida de quem ele se diz irmão. Chama-a de “lírio esquecido”, “botão de rosa murcha à luz da aurora”, “pombinha”. Rachel, que cuidava com zelo de sua mãe, falece subitamente. A mãe morre logo em seguida. Impressionado com essas duas mortes, escreve o poeta: “Vejo-as ainda ir com as mãos incertas guiando-se uma à outra à sepultura, e a mãe: “Rachel! Rachel!” Nossa, muito triste, mas quem quer conhecer beleza tem que passar pela casa da dor, da melancolia.

            Ovelha, história bíblica, musa de poetas. Gosto do nome que me deram: Raquel. E você, gosta de seu nome?

 

Raquel Naveira