Órfãs ou viúvas
Chegando a hora da morte,
entendi:
Sempre estivemos sós.
Ler
"Desenterrar os ossos" é como aceitar um convite para uma escavação
onde não se usa luvas. Priscila Branco não nos entrega apenas os poemas; ela
nos mostra a terra ainda sob as unhas, o cheiro de húmus e de memória que se
desprende de cada página. Sua poesia funciona como um bisturi que separa a pele
do tempo, revelando o que há por baixo: não a beleza idealizada, mas a
arquitetura crua da dor e da persistência. Cada verso parece polir um fragmento
de osso, não para torná-lo belo, mas para que sua forma original e sua verdade
sejam compreendidas. O livro não oferece redenção fácil, e talvez esse seja seu
maior mérito. Ele nos ensina que a verdadeira força não está em superar o
passado, mas em ter a coragem de carregá-lo à luz do dia, transformando o peso
em testemunho. É uma obra que pulsa com uma honestidade que incomoda e, por
isso mesmo, se torna inesquecível.
Desenterrar os
ossos é um ato de coragem. Cada poema é um convite para olhar aquilo que, por
instinto, escondemos sob a terra do dia a dia. A escrita da Priscila não te dá
a mão com delicadeza; ela te entrega a pá e te mostra onde cavar.
É um livro que nos
lembra que somos feitos de camadas de tempo, de carne e de memória, e que
ignorar os ossos não os faz desaparecer. Pelo contrário, eles continuam a
sustentar a nossa estrutura, mesmo quando nos esquecemos deles. É uma poesia
que dói onde precisa doer, mas que, no fundo, é um profundo ato de libertação.
A sensação final é a de que, ao tocar nessas feridas, algo finalmente pode
começar a respirar.
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