quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Nascimento de Olavo Bilac




Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1865 — Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1918) foi um jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.

A um Poeta
Olavo Bilac

Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.

De Olavo Bilac a Coelho Neto

Milão, 9 de março de 1909

Meu caro Neto,
O livreiro Floury, de Paris, bd. des Capucines, 1, já deve ter remetido para o Rio, com o teu endereço, porte pago, a edição de Balzac. É a edição Calman Levy, em 25 volumes; quando saí de Paris, há vinte anos, estava sendo acabada a encadernação.

Há outras edições mais ricas; esta, porém, é a integral, a única completa, contendo, além de todos os romances, o teatro, a correspondência, as polêmicas, os panfletos, e a história do labor literário do monstro. Guardarás esses volumes como uma lembrança de nossa velha e boa amizade. — Depois de uma semana em Nice, estou errando pela Itália, onde vim encontrar inverno mais duro do que o de França. Anteontem atravessei o Apenino toscano entre altíssimas paredes de neve. O espetáculo era maravilhoso à noite; o luar animava prodigiosamente aquele mundo branco, e passei a noite a imaginar coisas fantásticas — avalanches, nixes, kobolds, deuses e deusas de carnes fúlgidas, poemas de Wagner — o diabo! A alucinação só se desfez ao romper do dia, graças à intervenção enérgica de um grog quente, no wagon-bar. O que é espantoso é que o meu reumatismo, tão cheio de 'partes' quando fustigava o frio (?) do Rio de Janeiro, agora nem dá sinal de vida: queria um castigo, o ladrão! Para a semana devo estar de novo em Paris; escreve-me para lá (Consulado, rue Cambom 51) dizendo-me se os livros chegaram.
Fortes abraços do
Bilac.
Recomende-me a Mme. Netto.





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