sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Nascimento do Barão de Itararé



APARÍCIO FERNANDO DE BRINKERHOFF TORELLY
(76 anos)
Jornalista, Escritor e Pioneiro no Humorismo Político Brasileiro
* Rio Grande, RS (29/01/1895)
+ Rio de Janeiro, RJ (27/11/1971)
Uma de suas máximas favoritas: Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.

Aparício era  também conhecido por Apporelly e pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé, foi um jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político brasileiro.

Aparício Torelly depois de, como ele próprio dizia, fundar e afundar vários jornais no Rio Grande do Sul, chegou à capital federal, então a cidade do Rio de Janeiro, em 1925. No mesmo ano foi trabalhar em O Globo de Irineu Marinho. Com a morte de Irineu, Apporelly foi convidado por Mário Rodrigues (pai de Nelson Rodrigues) a ser colaborador do jornal "A Manhã". Ainda em 1925, no mês de dezembro, Aparício Torelly estreava na primeira página com seus sonetos de humor que, geralmente, tinham como tema um político da época. Sua coluna humorística fez sucesso e também na primeira página, em 1926, começou a escrever a coluna "A Manhã tem mais…". Neste mesmo ano criou o semanário que viria a se tornar o maior e mais popular jornal de humor da história do Brasil. Bem ao seu estilo de paródias, o novo jornal da capital federal tinha o nome de "A Manha", e usava a mesma tipologia do jornal em que Apparício trabalhava, sem o til, fazendo toda diferença que era reforçada com a frase ladeando o título: "Quem não chora, não mama". Para estréia tão libertadora, Apporelly não perdeu a data de 13 de maio de 1926. Em 2006, portanto, comemoram-se 80 anos de fundação de "A Manha".

A personagem Barão de Itararé nasceu nas páginas de "A Manhã" em 1930. Durante a revolução, a batalha de Itararé foi vastamente propagada pela imprensa. Apporelly não ficou de fora desta tendência. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal que, sob o comando de Getúlio Vargas, vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. A cidade de Itararé fica na divisa de São Paulo com o Paraná, mas antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", fizeram acordos. Uma junta governativa assumia o poder no Rio de Janeiro e não aconteceu nenhum conflito. O Barão de Itararé comentaria este fato mais tarde da seguinte maneira:
«Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos de mando e desmando… e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem à batalha que não houve.»
Na verdade, em outubro de 1930, Aparício se autodeclarara Duque nas páginas d"A Manhã":
«O Brasil é muito grande para tão poucos duques. Nós temos o quê por aqui? O Duque Amorim, que é o duque dançarino, que dança muito bem mas não briga e o Duque de Caxias que briga muito bem, mas não dança. E agora eu que brigo e danço conforme a música.»
Mas como ele próprio anunciara semanas depois, "como prova de modéstia, passei a Barão."
Unido a Bastos Tigre e Juó Bananére, conseguiu exprimir o hibridismo lingüístico com a utilização do soneto-piada, que consistia na contraposição rápida de dois contextos associativos.
O Barão de Itararé nunca atuou no rádio, mas grande parte da sua produção humorística revelou uma enorme capacidade de incorporar falas conhecidas da população em suas criações.
Em 1985, a Editora Record publica em livro, sob o título de Máximas e Mínimas do Barão de Itararé, uma seleção de textos de humor extraídos de A Manhã, em coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa e com prefácio de Jorge Amado. No mesmo ano, Máximas e Mínimas alcançou rapidamente quatro edições.

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