quarta-feira, 24 de março de 2010

O SEXO, A SENSUALIDADE E A ALMA

 

O AMOR NO MATO – Clarisse de Oliveira

O amor no mato, se faz aos pedaços.
Os pés descalços, nas moitas de mato rasteiras, caminham com a terra molhada nas solas, levando a vida aos pedaços, em mais um dia de sacrificio para aquela que não tem onde rolar com o amante por cima de seu corpo.
Não há lugar para a devadase do templo de Murunga, aquele templo que tem montanhas atrás, não existe lugar para ela rolar com o amante, pois as montanhas são secas de terra, rochosas, e Surya, o Sol, se divide sobre terrenos que não têm mata para  ocultar.
Quando vivemos sem um canto de sombra que proteja a paz de nossa alma, as horas são difíceis de serem colhidas e quase todas dedicadas aos deuses egoístas que protegem a Eternidade e se esquecem dos que nem têm como amar em segurança de si mesmos.
Guerreiros, nos levantamos em nossas Almas, e quebramos lanças com os deuses montados em cavalos escolhidos, enquanto somos derrubados a pé.
Mesmo que sejamos deixados à distância enquanto os deuses partem vencedores, teremos que, depois, apalpar o terreno a procura de moitas que nos ocultem para amar.
Um dia, Shiva, o deus Transformador, nos muda em "mortos" — mortos, que tentam refazer outra vida, juntando os pedaços da vida passada em que não conseguiram amar até a saciedade, para então amar em plenitude, atirando respingos da Fusão com os deuses no palácio secreto do deus Brahma, e pedindo um pouco, só um pouco de felicidade, ao menos sob o corpo do amante escolhido pelo Carma Sagrado.

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