sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O AMOR E O TEMPO

    Pela montanha alcantilada
    Todos quatro em alegre companhia,
    O Amor, o Tempo, a minha Amada
    E eu subíamos um dia.

     

    Da minha Amada no gentil semblante
    Já se viam indícios de cansaço;
    O Amor passava-nos adiante
    E o Tempo acelerava o passo.

     

    – "Amor! Amor! mais devagar!
    Não corras tanto assim, que tão ligeira
    Não corras tanto assim, que tão ligeira
    Não pode com certeza caminhar
    A minha doce companheira!"

     

    Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
    Abrem as asas trémulas ao vento...
    – "Por que voais assim tão apressados?
    Onde vos dirigis?" – Nesse momento.

     

    Volta-se o Amor e diz com azedume:
    – "Tende paciência, amigos meus!
    Eu sempre tive este costume
    De fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!"

                  

    António Feijó

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