terça-feira, 22 de março de 2011

Água em prosa e verso!

Dia Internacional da Água, diversos autores POESIA  PROSA

Falecimento de Goethe (1832, Alemanha)

ABL Em Blocos

1º Ciclo de Conferências: "Gêneros literários: um olhar atual". Conferencista: Eduardo Portela:
"O gênero policial no Brasil hoje". Entrada franca.

Eventos Culturais

 Centenário de Afrânio Coutinho, amanhã (dia 23) na UFRJ, homenageie-o, participe!

Nota de falecimento

 Faleceu no dia 15 de março o poeta Fernando Allah Moreira. Leia-o em Blocos

Literatura

Poesia

Temática artes irmãs: Marcelo Dolabela

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Dríope

Narrativas sobre metamorfoses já ocorriam nos poemas homéricos, como a transfiguração dos companheiros de Ulisses em porcos pela feiticeira Circe. Na obra “Metamorfoses”, de Ovídio, os deuses se transformam em humanos e, desse modo, provam a superioridade diante dos mortais e realizam seus próprios desejos.

Zeus utilizava a metamorfose como disfarce para suas aventuras ou para se aproximar de mortais e deusas. Ele se mostrou a Dânae como chuva de ouro e teve com ela o herói Perseu. Com Leda, rainha de Esparta, foi em forma de Cisne, e tiveram os gêmeos Castor e Pólux;Clitemnestra e Helena. Assumiu a aparência do marido de Alcmena e nasceu Hércules. Sob a forma de Ártemis, amou Calisto, ninfa que acompanhava a deusa. Raptou Europa na forma de touro e teve com ela Minos, Radamante e Sarpédon. Diante de Hera, a legítima esposa, aproximou-se disfarçado de cuco e se abrigou em seu colo durante uma tempestade. Os dois tiveram Ares, Hebe e Ilítia.

Existem variadas descrições de transformações, entre elas a transmutação em plantas nos mitos de Dafne, Narciso, Jacinto e Adônis. Nesse caso também entra a metamorfose de Dríope, esposa de Andrêmon. Um dia, ela caminhava com sua irmã Iole pela margem de um rio com a intenção de colher flores para tecer guirlandas para os altares das ninfas. Dríope levava o filho no colo e, enquanto caminhava, ela o amamentava.

Quando chegou perto da água, Dríope viu muitas flores próximas de um lótus e colheu algumas. Iole ia fazer o mesmo, mas avistou sangue no lugar onde a irmã acabara de colher as flores. A planta era a ninfa Lótis, que, ao fugir de um perseguidor, fora metamorfoseada em planta.

Dríope ficou horrorizada, mas não pôde sair do lugar, pois logo sentiu seus pés enraizados ao solo. Até tentou arrancá-los, mas só dava para mover os membros superiores. A dureza da madeira foi subindo aos poucos pelo seu corpo; quando tentou arrancar os cabelos, apenas folhas vinham em suas mãos. O seio materno começou a se enrijecer e o leite que a criança sugava parou de sair.

Iole não podia fazer nada para interromper a metamorfose, então apenas abraçou o tronco que não parava de crescer. Quando o marido de Dríope e o pai apareceram, Iole apontou-lhes o que restara da irmã. Abraçaram o tronco e beijaram as flores. Só restava de Dríope o rosto, do qual escorriam lágrimas que caíam sobre as folhas. Enquanto era possível, ela falou que não era culpada, nem merecia tal destino, depois pediu que sempre levassem seu filho para ser nutrido sob seus ramos e brincar sob sua sombra.

Dríope despediu-se da família e implorou que não deixassem que algum machado a ferisse, nem que rebanhos dilacerassem seus galhos. Também pediu para que ensinassem seu filho a ser cauteloso ao andar pelas margens dos rios e colher flores, lembrando-se de que cada arbusto pode ser uma deusa disfarçada.

Solange Firmino

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