A Academia Brasileira de Letras escolheu uma nova imortal para ocupar a cadeira de número 10 da assembléia, vaga desde a morte do escritor alagoano Lêdo Ivo, em dezembro de 2012. A escolhida foi Rosiska Darcy de Oliveira, jornalista e escritora carioca, formada em Direito e autora de obras que exploram o papel da mulher na sociedade.
A cadeira 36, que também está vaga desde março desse ano, com a morte do poeta João de Scantimburgo, já tem candidatos para ocupação: um deles é Fernando Henrique Cardoso, ex presidente do Brasil. Muitos se perguntam o porquê de FHC, por acaso, ser escolhido para o cargo, mas,isso não vem ao caso hoje.
Sabemos, e não é de hoje, da decadência que a principal instituição de Letras do Brasil está vivendo, abarcando pessoas como José Sarney e homenageando – com a medalha mais honrosa – figuras como Ronaldinho Gaúcho, que admitiu não ter um livro preferido, pois, simplesmente, ele não os lê.
Assim, com tantas atitudes descabidas e esquisitas, o literatortura resolveu trazer um pequeno especial sobre cinco grandes escritores que não fizeram parte da ABL, seja porque não quiseram, seja por terem sido rejeitados. É claro que muitos outros geniais autores ficaram de fora – e, talvez, isso abra espaço para uma “Parte II”, quem sabe… – mas, trouxemos alguns curiosos casos.
Também já deixo claro que estar na Academia Brasileira de Letras não é sinônimo de qualidade ou de falta de qualidade. A matéria tem apenas o intuito de informar uma curiosidade literária e não necessariamente julgar os que lá estão ou os que lá não estão.
Junto com o breve parágrafo sobre os autores, você encontrará links das principais postagens que já saíram no site sobre os respectivos escritores. Vale conferir.
Confira alguns dos “esquecidos” pela Academia!
Carlos Drummond de Andrade
“Tem uma pedra no meio do caminho”.
Responsável pelo choque da elite artística e literária ao escrever uma poesia sobre uma pedra no meio do caminho, Drummond viveu o movimento modernista sem nunca confirmar-se modernista. Autor de uma vasta obra poética (ora íntima, ora reflexiva, ora sacana), não entrou para a Academia Brasileira de Letras por um motivo especial: não quis se candidatar. Há dúvidas de que, se inscrito, ele seria escolhido?
A Hora Do Poema | Carlos Drummond de Andrade
Clarice Lispector
“A palavra é meu domínio sobre o mundo”.
Clarice Lispector também fez a fina e não entrou na dança: nunca se candidatou à uma cadeira na Academia. Autora de “A Hora da Estrela” e “Laços de Família”, Clarice era proseadora e pode não ter uma cadeira na ABL, mas na contemporaneidade é musa da citação nas redes sociais.
Canto do Conto | Clarice Lispector. Felicidade Clandestina
Graciliano Ramos
“Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões.”
A comoção é geral: quem nunca se emocionou com a história da cachorra Baleia e a família com quem vive na seca do sertão nordestino é porque ainda não leu “Vidas Secas”, clássico da literatura brasileira. Gracilianos Ramos é considerados um dos melhores escritores brasileiros de regionalismo de todos os tempos; mas isso, injustamente, não lhe rendeu uma cadeira na ABL.
Canto do Conto | Graciliano Ramos. baleia
Mário Quintana
“Todos estes que aí estão
atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”
Mário Quintana é o poeta simples, o poeta da ironia, o poeta do cotidiano. Tentou uma vaga na Academia três vezes, mas nunca conseguiu votos suficientes para tanto. Quando seu nome foi “indicado”, pela quarta vez, recebendo uma promessa de unanimidade de votos do júri, Quintana recusou e disse: “Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro.” Com cadeira ou sem cadeira, Mário Quintana “passarinhou”: é imortal de qualquer jeito.
A Hora Do Poema | Mário Quintana. o pássaro que não passará.
Paulo Leminski
Como Leminski está na moda [ainda bem!], resolvi incluí-lo como o quinto escritor desta lista. O poeta é um dos mais inovadores, tanto no âmbito da linguagem, como na maneira de disseminar sua obra. O curitibano dava preferência aos poemas curtos e não se dava muito aos floreios da literatura. Há pouquíssima informação sobre sua relação com a ABL, a qual, aparentemente, ele ignorou e, não foi nem convidado e nem candidato.
Hora Do Poema; Paulo Leminski!
Livro de Paulo Leminski, “Toda Poesia”, supera 50 tons de Cinza nas vendas!
p.s: artigo escrito em colaboração de Gustavo Magnani, admnistrador do literatortura.
Maria Carolina Dias, estudante de Letras na UFRJ. A única coisa que realmente queria na vida não pode mais ter: dividir uma cerveja com o Velho “Buk” (o escritor Charles Bukowski, vítima do terrível ano de 1994 que matou muita gente legal e trouxe alguém que pode não ser tão legal assim).
Texto retirado daqui: http://literatortura.com/2013/04/18/conheca-5-grandes-escritores-brasileiros-que-nao-fizeram-parte-da-academia-brasileira-de-letras/
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