sábado, 31 de agosto de 2013

A uma passante

     

    Frank Eugene, Menuet, 1900

     

    A rua em derredor era um ruído incomum,
    longa, magra, de luto e na dor majestosa,
    Uma mulher passou e com a mão faustosa
    Erguendo, balançando o festão e o debrum;

    Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata.
    Eu bebia perdido em minha crispação
    No seu olhar, céu que germina o furacão,
    A doçura que embala o frenesi que mata.

    Um relâmpago e após a noite! — Aérea beldade,
    E cujo olhar me fez renascer de repente,
    So te verei um dia e já na eternidade?

    Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente!
    Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais,
    Tu que eu teria amado — e o sabias demais!

    Charles Baudelaire

                   
(Enviado por Leninha)

Nenhum comentário: