terça-feira, 22 de outubro de 2013

NÓS, HUMANOS

 

Eu não tenho bichos de estimação. Nada contra, simples opção. Mas tenho um beagle, pequenino e que usa óculos. Ele é de pelúcia e chama-se Bartolomeu.

Não posso negar que fiquei feliz com a ação contra os testes com cobaias vivas, no caso, os cães da raça beagle. Admiro as pessoas que amam os animais, sejam quais forem, que se dedicam, sofrem e lutam por eles. Acho belíssima a profissão de veterinário. As campanhas em prol do bem estar dos animais me emocionam, confesso. Abomino as depredações, vandalismos, mas sei que não fazem parte de quem estava agindo por amor.

Num mundo de tanta indiferença entre os seres humanos, onde vemos diariamente tantos ataques, nos mais variados pontos do planeta, contra nossa própria raça, às vezes dá a impressão que perdemos nossa humanidade. Em muitos casos, de tanto sofrer ataques dos nossos próprios irmãos de raça, nos tornamos frios e até indiferentes diante do sofrimento alheio. De tanto assistir a dor de nossos semelhantes, conterrâneos ou até visinhos, que nos é mostrada pela mídia com frieza, como algo normal no dia a dia, ficamos anestesiados diante da dor. É como se desgraças só acontecessem com os outros, e como se estes outros não fossem feitos da mesma massa que nós. Independente de cor, raça ou credo, poder aquisitivo ou posição social, estamos no mundo expostos a tudo, uns mais, outros menos, mas todos sobre a mesma crosta terrestre, tão sofrida e desrespeitada pelo nosso progresso. E quando a natureza grita, não raro arrasta tudo, pobres e ricos, misturando todos numa mesma enxurrada de lama morro abaixo... Mas as notícias passam e a gente esquece. Só os atingidos não.

Por isso admiro tanto os ativistas que lutam pelos animais. A fragilidade e inocência deles, os animais, é tocante. Explorá-los, maltratá-los ou usá-los como cobaias é no mínimo desumano. É achar que estamos nós, humanos, acima dos outros seres. É esquecer que pisamos o mesmo solo, despertamos sob o mesmo sol e dormimos sob as mesmas estrelas.

Acima de nós, só Ele. Aqui, somos todos iguais: viventes do planeta Terra.

Maria Luiza Falcão

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