domingo, 31 de agosto de 2014
sábado, 30 de agosto de 2014
Hoje é Dia de quê?
Hoje é dia de quê? Creio que Dia de Nada. Ou Dia de Tudo.
Sei lá! Agora inventaram Dia em homenagem a qualquer coisa. Quarta-feira
passada, 20 de julho, foi Dia do Amigo. Teve o Dia das Mulheres em oito de
março. Dia das Mães, no segundo domingo de maio e o dos Pais será comemorado no
segundo domingo de agosto. Dia dos Namorados foi em 12 de junho e Dia das
Crianças será em 12 de outubro. Treze de maio é Dia dos Negros, data da
abolição da escravatura no Brasil, assinatura da Lei Áurea. Em 11 de fevereiro
comemora-se (?!), homenageia-se (?!) os Enfermos. Já aos Índios coube a data,
instituída pelos caras-pálidas, de 19 de abril. Três de dezembro é o Dia
Internacional dos Deficientes Físicos.
Sete de setembro, claro, o Dia da Pátria, data em que Pedro
I - dizem, tenho cá minhas dúvidas - teria bradado, espada em riste, sobre um
cavalo branco: "Independência ou Morte!" às margens plácidas do
Ipiranga. Pela história de vida do digníssimo Imperador, não me parece muito
provável tamanha façanha. Por via das
dúvidas, taí 1° de abril, Dia da Mentira e também da Redentora, a tal revolução
de 1964 que, como a viúva Porcina da novela, foi sem nunca ter sido. Para fugir
do estigma do dia, os fardados tiveram a brilhante idéia de antecipar a data
oficial para a véspera. Além de dar um nome mais respeitável à dita cuja: foi
registrada não como golpe militar, mas Revolução. Coitado do 31 de março.
Sobrou para ele.
Cá entre nós, a verdade é que todos os dias – como bem disse
BenJor - são dias de Índios, Amigos, Mães, Pais, Crianças, Negros, Mulheres,
Deficientes Físicos, Namorados. Enfim... Mania de inventar dia para tudo. Como
se nosso afeto, amor e respeito ficassem reduzidos a um único período de 24
horas. Passada a data, é só guardar afeto, amor e respeito, cuidadosamente
envoltos em celofane (para não amarelar) e acompanhados de naftalina (para
afugentar traças, cupins, baratas), e retirá-los do baú 364 dias depois. Aí,
então, é sacudi-los, colocar no varal para arejar e estarão novinhos em folha,
prontos para serem usados de novo e outra vez. E depois, a doida sou eu!
Algumas datas, sem dúvida, são memoráveis pelos fatos
históricos que homenageiam. O Dia Internacional da Mulher, por exemplo. Data
escolhida em memória das 129 tecelãs americanas, carbonizadas durante um incêndio
numa fábrica de tecidos, em Nova Iorque, após protestaram por melhores
condições de trabalho. Justo. Justíssimo! Mas seria 13 de maio, realmente, a
data adequada para homenagear a raça negra, flagelada e massacrada pela
bestialidade e venalidade dos brancos? Há controvérsias. Em 1978, o Movimento
Negro Unificado decretou dia 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência
Negra, data em que, em 1695, morreu Zumbi - líder máximo do Quilombo de
Palmares e símbolo da resistência negra.
Dos Índios, então, o quê dizer? Por milênios habitantes,
reis e senhores, dessa terra - antes da invasão dos europeus, que os
historiadores oficiais insistem em chamar de “descoberta” –, todo dia era mesmo
dia de Índio! Para instituir essa data também não tivemos qualquer
criatividade. Em 1940, durante a realização do I Congresso Indigenista
Interamericano no México, os índios convidados recusaram-se a participar do
evento. Gato escaldo... Dias depois, entretanto, convencidos da importância do
Congresso na luta pela garantia de seus direitos, resolveram comparecer. A
partir de então, esse dia foi dedicado à comemoração do Dia do Índio, 19 de
Abril. A escolha da data não se justifica, mas se explica.
Agora, você sabe como começou essa história de Dia das Mães,
e dia dos Pais? Pois é. Iniciativas, óbvio, de filhos devotados, ambos
americanos. Anna Jarvis, nascida na Virgínia Ocidental, decidiu homenagear sua
mãe, em maio de 1905. A moda pegou e o democrata-ditador (depende do período
histórico) Getúlio Vargas oficializou, por aqui, O Dia das Mães em 32. Já
Sonora Smart Dodd quis demonstrar sua veneração pelo pai, Willian Smart. Isso
em 1909. A primeira comemoração ocorreu em 19 de junho de 1910, em Spokone,
Washington. Oficializada por Richard Nixon em 1972.
Só que, dessa vez, teve um filho brasileiro bem mais
esperto. Não esperou a oficialização americana. A homenagem foi importada para
terras tupiniquins pelo filho -publicitário Sílvio Bhering com a data de 14 de
agosto. Não suspeito, segundo que seja, das nobres intenções desse filho que,
acaso dos acasos, era também publicitário. Com o tempo, as necessidades do
comércio e em nome da igualdade entre mães e pais, decidiu-se pelo segundo
domingo de agosto.
A historinha do tal Dia dos Namorados, no Brasil, ao
contrário do que possam pensar os mais românticos, não é nada diferente.
Preocupadíssimo com as vendas do mês de junho (o pior mês do ano), o dono da
loja Clipper encomendou, em 1949, uma campanha ao publicitário João Dória - na
época na Agência Standard Propaganda . Com o apoio da Confederação de Comércio
de São Paulo, instituiu a data com o slogan: "Não é só de beijos que se
prova o amor" . A Standard ganhou o título de agência do ano e os
comerciantes estão felizes para sempre. Até agora, ao menos.
Diz para mim: dá para levar a sério qualquer uma dessas
datas? Eu não consigo. Por mais que me esforce. Claro que me rendo à sanha
consumista. Como negar brinquedo aos filhos no Dia das Crianças? Aos pais, em
suas respectivas datas? Namorado, esse, dá até para enganar. Mandamos um “tô
dura” a título de desculpas e tacamos um beijo hollywoodiano como compensação.
‘Tá limpo. O que incomoda a mim – e a muitos – é a ausência total e absoluta de
sentimentos nessa mixórdia de datas comemorativas em que se transformou o
calendário. Aí é um tal de “feliz dia disso!, “feliz dia daquilo!” E vamos
driblando, assim, datas e sociedade.
São frases-clichês. Impessoais. Qualquer um as diz. Todos as
dizem. Dizemos para quem só conhecemos de vista, para o vizinho com quem
esbarramos bissextamente, para o porteiro, para o estranho que nos abre a porta
do elevador. Dizemos, por simples educação - essa hipocrisia social aceita e
aprovada -, até para quem nunca vimos. E a sinceridade onde fica? Como posso
dizer a quem amo a mesmíssima frase dita ao guarda de trânsito, que teve a
gentileza de atrasar por segundos o fluxo de carros para que atravessasse a rua
em segurança? Ele foi gentil? Muito. Merecia um agradecimento? Sem dúvida. Eu o
amo? Óbvio que não!
Os politicamente corretos que me perdoem, mas esse amor latu
sensu pela Humanidade não é uma característica minha. Não tenho pela nossa
espécie um apreço especial. Sinto se decepciono. Mas, em nome da franqueza, admito. Até porque não
pretendo me graduar em Irmã Dulce nem fazer mestrado em Madre Thereza de
Calcutá - embora as admire profundamente.
Tudo o que desejo, nesse momento, é dizer às pessoas a quem amo - sem me
valer de clichês ou datas - que eu verdadeiramente as amo.
E, por amá-las tanto, desejo que tenham PAZ. Que vivam em
HARMONIA consigo mesmas. Que não permitam a outrem lhes ditar normas e regras
para o seu viver. Desejo que vivam em COMUNHÃO com suas emoções. E se, para
serem coerentes consigo mesmos, for necessário parecer incoerentes aos olhos
míopes do mundo, pois que sejam! Essa PAZ é conquista pessoal e intransferível.
Portanto, queridos, rogo a Ele que lhes dêem coragem para buscá-la. Humildade
para obtê-la. Atitude para mantê-la. Coerência para vivê-la.
Em tempo: Para quem não sabe (nem eu sabia, fui pesquisar)
hoje, 26 de julho, é o Dia dos Avós. Feliz Dia dos Avós para todos os avôs e
avós do planeta!
Simone Salles
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Aleijadinho, Maial e concursos literários
Os profetas Isaías, Jeremias, Baruc e Ezequiel,
respectivamente. Fotos: Natália Martins - 2010.
Nascimento de Aleijadinho (1730, Vila Rica/MG): poesia prosa | ||
Concursos literários | ||
Regulamento do IV Prêmio Literário Cidade Poesia (até 19/10) | ||
Literatura | ||
Poesia | ||
Temática mensal homens: Lílian Maial | ||
ARROZ, FEIJÃO E FILOSOFIA
Filósofo é aquele cara que tem mania de criar conceitos. Gilles Deleuze
e Félix Guattari, no livro “O que é a filosofia?”, mostram que filósofo é o
amigo do conceito, ou melhor, ele, o próprio filósofo é o conceito em potência.
Li pouco de história da filosofia. Lia os filósofos que iam aparecendo em minha
vida, acidentalmente. Outros, de meu interesse, corria atrás até encontrar.
Embora entenda ser importante a visão orgânica da filosofia, fixei-me com
obsessão na teoria do conhecimento, aliás, utilíssima pra quem faz arte e
literatura. O estalo, o lux, taí, na relação cognitiva: sujeito x objeto x
prisma de análise, os condicionamentos do sujeito cognoscente, etc. Após tanto
debater-me no processo do conhecimento, acabei pai de filosofia. Modestíssima a
minha, só para o gasto, construída no quintal da casa, a protonathural, que
carrego comigo sempre para onde vou e que apesar de séria, é motivo de riso
para os outros. Li e confundi vários filósofos ao mesmo tempo. Pegava a mônada no
ar, e póft, a abatia à tiro, como um verdadeiro tiro ao pombo, ou tiro ao
prato. Uma coisa sobre filosofia aprendi e isso digo de boca cheia: tem tudo a
ver com samba e poesia. Não se aprende estudando sua história. Não se aprende
nos templos afamados do saber. Não se aprende nos grandes museus e cemitérios
de livros. Filósofo, é de nascer pronto. Ou mais certeiro: filósofo já nasce
filósofo. Tem tino. Alto poder de abstração. Aquele olhar grave que estraga
qualquer festa, como expressou Erasmo de Roterdã, no seu O elogio da loucura.
Filósofo é deslocado. Distraidão. Só pega no tranco. Na fase oral, tem a
estranha mania de morder os bicos dos seios da mãe e cuspir fora a chupeta de
borracha.
Além, muito além de criar conceitos, ou sê-los, os conceitos em
potência, filósofo é aquele cara que
desde menino, não sabe brincar com as outras crianças. Tudo que faz dá errado.
Não sabe ganhar dinheiro, namorar, atleticar. Filósofo, é acima de tudo indolente
e reparador. Vejam que em reparador está praticamente a potência máxima do
protofilósofo. Reparar é observar, criticando silenciosamente. Etc. Filósofo já
sai pronto de forma. A ninguém se deu ou se dará o poder de fabricar filósofos.
Convive o triste, com o são desequilíbrio construtivo, oscilando entre
imanência e transcendência. Não adianta subir o longo calvário do conhecer
histórico e canônico da velha filosofia, especialmente a ocidental, que é
criação humana, racional e cerebrina, para tornar-se um dia filósofo, se não se
detém o dom inato, de profunda observação dos fenômenos. Criar conceitos é
apenas uma das faculdades com as quais os
filósofos se armam. Além dessa muitas outras espocam, como estrelas, no
céu da vida daquele pobre coitado que nasce com o mal grave da Triphistophilosophia.
Primeiro: filósofo que é filósofo deve saber situar-se no tempo e no espaço.
Impor-se pelo pensamento. Pensamento que deve trazer no mínimo, algo do seu
próprio pensar. Pensar que não pode ser
mera revista do que lera de outros filósofos ou veio a aprender em escola. Para
tanto, filósofo deve trazer sempre sob as vestes, o opúsculo extraordinário de
sua lavra. Um opúsculo qualquer de no mínimo vinte ou trinta laudas de um
só-pensar-particular, legítimo, autêntico,
nem que seja no próprio equívoco desse seu detido pensar. Equívoco que poucos
terão coragem de um dia em vida acusar ao nosso amigo filósofo. Lembrando que
muitas grandes filosofias viveram apenas de uns poucos conceitos, não é preciso
escrever muito para se conceber uma filosofia original. A obra realmente é de
fundamental importância na vida do filósofo que se habilita. É de se compor o
filósofo convicto, o seu pequeno livro, aberto aos espíritos, o livro que
revele o pensar singularíssimo, de ser e estar no mundo entre as coisas. Tudo
isso, que é quase-nada, fazer, sob pena de passar em branco, como uma traça
tonta, a vagar, nas páginas do processo filosófico, sobre as sentenças
(conceitos) dos outros. Afluir, entre as
antinomias: identidade e contradição, ser x não-ser, causa e efeito, sujeito x
objeto, transcendência e imanência, presença x não-presença, essência e
aparência, etc. Segundo: filósofo é de trazer claro no espírito sua visão do
mundo e da nathureza como um todo, eis que como sujeito é objeto no social e
como objeto é também sujeito que conhece e como pensador, é capaz de interferir
na natura das relações, fixando em ato seu pensar das coisas, que não pode
ficar meramente no plano do pensamento pelo pensamento, mas traduzir-se em
ação, interferência transformadora. Pensar é revolucionar. O pensamento sim,
aplicado em ato, um fazer sobre todas as coisas, subverte o real. Filósofo é de
ter também finalidade. A mínima possível, por exemplo: mudar o mundo. Filósofo
que é filósofo sabe disso. Mudar o mundo é fácil e deve ser feito no todo dia,
no almoço com a família. No sofá, quando todos dormem, depois da meia-noite.
Nesse horário é melhor, porque pessoas, ah pessoas, essas sempre vão querer
evitá-lo nas suas longas preleções. Outra coisa: nunca participar de ideologias
coletivas. Ter falsa consciência da realidade, em deliberando sozinho sobre o
vaso sanitário. Filósofo é de estar na rua, informadão. Transar com a
semiótica. Antropologia. Arte. Poesia. Estar com canais de comunicação abertos.
Holístico. Filósofo é de ser fogo.
Filósofo é de ser gelo. Tudo deve saber. Com tudo deve interagir. E com nada ao
mesmo tempo, retornando à origem, ao instinto básico de contemplação das
estrelas. O ímpeto selvagem é que deve levar o filósofo em sua caminhada rumo a
alguma coisa que pode ser a revelação da cósmica razão do existir. O
conhecimento é um reflexo da nathureza no ser. A voz de Hegel, soando baixinho
entre as árvores. A voz sisuda, autoritária, que ante todo o metafisismo,
alerta sobre o não afastamento demasiado do filósofo da nathureza, onde
encontram-se os objetos mais importantes da filosofia. Não adianta procurar lá
longe o que está aqui tão perto de ti filósofo. O problema é você, a nathureza
(objetos) e o conhecimento que se tira dali, das coisas mortas, das coisas vivas,
das coisas que causam, das coisas que implicam, das coisas que serenam, do
tempo, da história e do vento. Filósofo é mesmo conceituador. Mania de verbo
ser, o é pra tudo quanto é coisa. Poesia é produto fenomênico do pensamento.
Poesia é... O tempo é cíclico. A história é repetitiva. Tudo é e deve ser para o filósofo impetuoso, aquele que arrisca
tudo no saber, como os suicidas no morrer. Sofro delírios de silogismos no de
vezenquando, o que revela em mim índole conceituadora, coisa de filósofo, além
do que recebo estrelas no sótão depois da meia-noite, não namoro, perco botões
das camisas à toa, metafisico sob as tempestades, peripatético, com conta
estourada no banco. De quebra, ainda sou fanático por linguagem. Outra afecção
má do espírito, já convulso de filosofia. Imaginar na hora do lanche, a composição de obras futuras, almejadas,
tais como: A razão absolutória dos males do espírito ou Da atração da
inteligência pelo mórbido. Boa parte da vida entregue às conjeturas, o quem
sou? de onde venho? para onde vou? porque? pra quem? como? Sempre um fio
invisível enredando teu corpo, teu espírito de filósofo na hermética teia
da aranha absoluta. Enredando.
Desafiando. Que é pra se perquirir. Que é pra se engendrar pelo cognocer
elevado. Que é pra repercutir verdades transfinitas. Que é pra subverter o real
e o certo. Que é pra... Arroz, feijão e filosofia, é de se pôr na mesa todo
dia. Filosofia a louca preciosa. A insubordinada que atenta contra as
profissões contemporâneas, eis que convida ao ócio criativo e resgata a
reflexão questionadora. Filosofia a desordeira. A santa. A obstinada. A
traiçoeira, que mata de mentirinha a vida, antes da vida nascer. A que das
perguntas faz respostas e das respostas, faz propriamente filosofia.
Antes que me caia uma
tartaruga na cabeça, derrubada por alguma águia distraída. Antes que me caia um
balde de tinta de cima da escada de frente à loja. Antes de tudo, que o
filósofo que é filósofo se perca e se reencontre na vida e no pensamento, a fim
de haurir do nada que é tudo uma razão feliz,
de muito amor e elucubração para a vida presente e futura.
Jairo B. Pereira
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Félix, Alphonsus e Goethe
ANOTAÇÃO Nº 13
O difícil é ser sábio de coração, crescer como um homem. Mesmo porque nas rodas burguesas esta questão de ser adulto traz sempre qualquer coisa de verme.
Anterior a qualquer ato de dovardia ou comércio, o menino pergunta. Seu tempo salta de dentro para fora, e cavalga a longa alma das coisas antes que os amestrados relógios possam aprisioná-lo.
Por isso é que o poeta conversa com o sino das torres, com a nuvem turva ou com o raio de sol ainda atrás dos montes.
Anterior a qualquer ato de dovardia ou comércio, o menino pergunta. Seu tempo salta de dentro para fora, e cavalga a longa alma das coisas antes que os amestrados relógios possam aprisioná-lo.
Por isso é que o poeta conversa com o sino das torres, com a nuvem turva ou com o raio de sol ainda atrás dos montes.
Moacyr Félix
Do livro: Introdução a escombros,
Bertand Brasil, 1998, RJ
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NO CATETINHO
I
Ali no Catetinho há olhos d'água
bosque em que a sombra como que reluz.
bosque em que a sombra como que reluz.
Do Catetinho foi que Juscelino
como o terno Bernardo, imaginou
ao longe uma cidade se espraiando.
Qual não teria sido o sentimento
como o terno Bernardo, imaginou
ao longe uma cidade se espraiando.
Qual não teria sido o sentimento
que dominou na solidão completa
deste planalto? Pois que ontem, agora,
deste planalto? Pois que ontem, agora,
ao longe se ergue a que ofegante alma
adivinhou, no grande descampado
adivinhou, no grande descampado
fluindo em brisa e luz, transluminosa
e docemente branquejando como
e docemente branquejando como
bandos de garças. (Foi assim que um dia,
pisando o seu cigarro mais puro
pisando o seu cigarro mais puro
fumo goiano, o meu avô Bernardo
dentro do coração te adivinhou.)
dentro do coração te adivinhou.)
Alphonsus de Guimaraens Filho
Do livro: Brasília na Poesia Brasileira -
Antologia, Ed. Cátedra/Pró Memória INL
RJ/Bsb, 1982
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Falecimento Alphonsus de Guimaraes Filho (2008, Rio de Janeiro/RJ) | ||
Nascimento de Goethe (1749, Frankfurt/Alemanha) |
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Abismo em construção
Lá estão, na labuta, os operários.
E não demora o prédio risca o céu,
para abrigar uns tantos milionários
em tudo tão atentos ao que é seu.
E não demora o prédio risca o céu,
para abrigar uns tantos milionários
em tudo tão atentos ao que é seu.
Antigos, imutáveis, tais cenários
deixam marcas profundas de um cinzel.
São chagas, cicatrizes. Sinais vários
de que a abolição nunca floresceu.
deixam marcas profundas de um cinzel.
São chagas, cicatrizes. Sinais vários
de que a abolição nunca floresceu.
Em breve haverá câmeras, alarme
e grades protetoras do perigo
na falsa sensação de haver abrigo.
e grades protetoras do perigo
na falsa sensação de haver abrigo.
"O mundo por si só que se desarme"
muitos ali na certa pensarão.
E assim, apaziguados, dormirão.
muitos ali na certa pensarão.
E assim, apaziguados, dormirão.
Wanderlino Teixeira Leite Netto
Do livro: Café pingado, Muiraquitã, 2012, Niteroi/RJ
terça-feira, 26 de agosto de 2014
Maturidade
Já não mais chego dando abraços, também não fumo mais cigarros aos maços nem ando pela noite aos tropeços. Com o tempo aprendi a avaliar melhor os preços.
Economizar a personalidade, multiplicar endereços, desconfiar da cumplicidade.
Desconsidero alegoria e adereços, foco no essencial, o objetivo, já não preciso de motivo ou desculpa, também devolvi toda a culpa, estava azeda...
Já não mais me despeço, meço com muito mais cuidado qualquer distância, principalmente a que me afasta da infância. Se me interesso? Bem menos. Apenas no que me diz respeito. Ainda tropeço, mas não caio, teimosa, ainda sonho com lugares amenos sem trovão ou raio, povoados de peitos abertos e abraços plenos.
Mas se não encontro, não me deprimo, suprimo o que não é luminoso, detenho-me no que pode ser prazeroso afinal esta estrada é breve e o caminho espinhoso. Não mais insisto com nada, porém não mais me dispo, deixando a alma exposta para qualquer olho desconhecido. Agora que já comi mil eras reconheço as feras nas peles de ovelhas, não atiro pedras pois também tenho telhas, muito embora sejam de barro, não de vidro. Carrego comigo apenas uma grande certeza: Viver é esculpir a própria imagem em um bloco de beleza.
Economizar a personalidade, multiplicar endereços, desconfiar da cumplicidade.
Desconsidero alegoria e adereços, foco no essencial, o objetivo, já não preciso de motivo ou desculpa, também devolvi toda a culpa, estava azeda...
Já não mais me despeço, meço com muito mais cuidado qualquer distância, principalmente a que me afasta da infância. Se me interesso? Bem menos. Apenas no que me diz respeito. Ainda tropeço, mas não caio, teimosa, ainda sonho com lugares amenos sem trovão ou raio, povoados de peitos abertos e abraços plenos.
Mas se não encontro, não me deprimo, suprimo o que não é luminoso, detenho-me no que pode ser prazeroso afinal esta estrada é breve e o caminho espinhoso. Não mais insisto com nada, porém não mais me dispo, deixando a alma exposta para qualquer olho desconhecido. Agora que já comi mil eras reconheço as feras nas peles de ovelhas, não atiro pedras pois também tenho telhas, muito embora sejam de barro, não de vidro. Carrego comigo apenas uma grande certeza: Viver é esculpir a própria imagem em um bloco de beleza.
Ana Laura Kosby
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Beça, Arns e Nietzsche
domingo, 24 de agosto de 2014
Leminski e Borges
Paulo Leminski
| ||
Jorge Luis Borges Nascimento de Paulo Leminski poesia | ||
Nascimento de Jorge Luis Borges (1899, Buenos Aires/Argentina), Thaty Marcondes | ||
Poesia | ||
Temática lua: Mario Quintana | ||
Prosa | ||
Temática vida: Chico Lopes |
sábado, 23 de agosto de 2014
Rodolfo Valentino, Vicente Celestino e Menotti del Picchia
Três grandes estrelas das artes
Rodolfo Alfonso Raffaello Pierre Filibert Guglielmi di
Valentina D'Antonguolla, conhecido como Rudolfo Valentino (6 de maio de 1895
-23 de agosto de 1926) foi um ator italiano radicado nos Estados Unidos.
Em 1913 imigrou da Itália para os Estados Unidos, tendo
trabalhado como jardineiro e lavador de pratos. Em 1918 fez pequenos papéis em
Hollywood. Sua fotogenia e habilidade como dançarino lhe garantiram um lugar no
elenco de Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, em 1921, que o transformou em
astro.
Morreu em consequência de uma úlcera, aos 31 anos de idade. Oitenta e oito anos de morto.
Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de
setembro de 1894 — São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais importantes
cantores brasileiros do século XX. Quarenta e seis anos de morto.
Menotti del Pichia aos 90 anos de idade
Paulo Menotti Del Picchia (São Paulo, 20 de março de 1892 —
São Paulo, 23 de agosto de 1988) foi um poeta, jornalista, tabelião, advogado,
político, romancista, cronista, pintor e ensaísta brasileiro. Vinte e seis anos de morto.
Informações de textos: Wikipédia
Dia do Internauta
A data escolhida para homenagear a Internet e seus milhões de usuários é o dia 23 de agosto, mês em que se comemora o surgimento do World Wide Web, o famoso WWW. É em virtude dessas letras que se torna possível o acesso à rede mundial de computadores de forma ágil, simples e eficaz.
No dia 6 de agosto de 1991, na Suíça, que o projeto WWW foi publicado por Tim Berners-Lee, nos laboratórios da CERN (Organização Pan-européia de Pesquisa de Partículas). Por esta razão, o mês de agosto marca a estreia da web como um serviço publicado na Internet. Esta criação permitiu que qualquer usuário pudesse utilizar a rede de comunicação mundial Internet, interconectando todos os documentos digitalizados do planeta, tornando-os acessíveis em qualquer lugar do globo. Trata-se, provavelmente, da maior revolução na história da escrita desde Gutenberg e a invenção da imprensa.
Porém, foi o dia 23 de agosto que ficou conhecido mundialmente logo depois que uma imensa passeata, com o objetivo de celebrar importância do ciberespaço, reuniu milhares de pessoas na Praça Campo de Bagatele, após o IGF Brazil (Internet Governance Fórum).
De acordo com dados do Ibope Nielsen Online, existem mais de 64,8 milhões de internautas no Brasil, e, a cada dia, cerca de 500 mil pessoas entram pela primeira vez na web. Mais de 20 horas de vídeo dão disponibilizados no YouTube a cada minuto, e, a cada segundo, é criado um novo blog. Em 1982, havia 315 sites na Internet, hoje, existem mais 174 milhões. Por internauta, entende-se o usuário de Internet, aquele que navega na Internet.
Créditos:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php?reg=30&p_secao=16
http://www.geek.com.br/
Créditos:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php?reg=30&p_secao=16
http://www.geek.com.br/
Crédito da Imagem: Fluffylinks.com
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
Seixas, Coutinho, Shirassu e Eagleton
Falecimento de Raul Seixas (1989, São Paulo/SP)
Evento cultural:
Lançamento de "Afrânio Coutinho - Textos Reunidos", hoje, na ABL. Entrada franca
Começamos a preparar o volume 2 de
Literatura
Poesia
Temática meses do ano: agosto, Rubens Shirassu Jr.
Prosa
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
Cora Coralina!
Nascimento de Cora Coralina (1889, Goiás Velho/GO)
e as homenagens de Franklin Jorge e Rubens Shirassu Jr
Concursos literários
Regulamento: III Concurso de Poesia Serra Serata (até 29/8), e Prêmio FEUC de
Literatura (até 30/9)
Resultado: II Concurso de Haicai de Petrópolis
Poesia
Temática artes irmãs: Ilka Brunhilde Laurito
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