quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Parabéns para o grande poeta Lêdo Ivo!



Lêdo Ivo (Maceió, 18 de fevereiro de 1924) é um jornalista, poeta, romancista, contista, cronista e ensaísta brasileiro.
Publicou o seu primeiro livro, As Imaginações. Fez jornalismo e tradução . Da sua vasta obra, destacam-se títulos como Ninho de Cobras, A Noite Misteriosa, As Alianças, Ode ao Crepúsculo, A Ética da Aventura ou Confissões de um Poeta.
É membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 1986 para a cadeira 10, sucedendo a Orígenes Lessa.


Soneto dos Vinte Anos


Que o tempo passe, vendo-me ficar
no lugar em que estou, sentindo a vida
nascer em mim, sempre desconhecida
de mim, que a procurei sem a encontrar.

Passem rios, estrelas, que o passar
é ficar sempre, mesmo se é esquecida
a dor de ao vento vê-los na descida
para a morte sem fim que os quer tragar.

Que eu mesmo, sendo humano, também passe
mas que não morra nunca este momento
em que eu me fiz de amor e de ventura.

Fez-me a vida talvez para que amasse
e eu a fiz, entre o sonho e o pensamento,
trazendo a aurora para a noite escura.

Aniversário de morte de Fagundes Varela



Nascimento:1841/08/17 Nossa Senhora da Piedade (Rio Claro/RJ)
Morte: 1875/02/18 Niterói RJ
Época: Romantismo (Segunda Geração)
País: Brasil

Fagundes Varela (Nossa Senhora da Piedade [Rio Claro] RJ 1841 - Niterói RJ 1875) publicou seu primeiro livro de poesia, Noturnas, em 1861. Na época, já havia publicado artigos e poemas na Revista Dramática e Revista da Associação Recreio Instrutivo, de São Paulo SP. Em 1961 também publicou os folhetins As Ruínas da Glória e A Guarida de Pedra, e de poemas em homenagem aos atores Furtado Coelho, Eugênia Câmara e João Caetano, no Correio Paulistano. Entre 1862 e 1866 cursou Direito em São Paulo e em Recife PE, mas não chegou a concluir a faculdade. Sua obra poética inclui os livros O Estandarte Auriverde (1863), Vozes da América (1864), Cantos e Fantasias (1869), Cantos Meridionais (1869), Cantos do Ermo e da Cidade (1869), Anchieta; ou, O Evangelho nas Selvas (1875), e os póstumos Cantos Religiosos (1878) e O Diário de Lázaro (1880). Em 1882 foram publicadas suas Obras Completas, e em 1857 suas Poesias Completas. Fagundes Varela é um dos nomes mais importantes do Romantismo brasileiro. Segundo o crítico Edgard Cavalheiro, "sua poesia, pelo menos a mais expressiva, aquela que mais alto o eleva, focaliza, com uma constância digna de nota num temperamento tão versátil, a luta entre a cidade e o campo, entre a solidão e o convívio social. Nesse dualismo Fagundes Varela se debateu, numa luta que assume, por vezes, aspectos de intensa dramaticidade.".





IDEAL

Não és tu quem eu amo, não és!
Nem Teresa também, nem Ciprina;
Nem Mercedes a loira, nem mesmo
A travessa e gentil Valentina.

Quem eu amo te digo, está longe;
Lá nas terras do império chinês,
Num palácio de louça vermelha
Sobre um trono de azul japonês.

Tem a cútis mais fina e brilhante
Que as bandejas de cobre luzido;
Uns olhinhos de amêndoa, voltados,
Um nariz pequenino e torcido.

Tem uns pés... oh! que pés, Santo Deus!
Mais mimosos que uns pés de criança,
Uma trança de seda e tão longa
Que a barriga das pernas alcança.

Não és tu quem eu amo, nem Laura,
Nem Mercedes, nem Lúcia, já vês;
A mulher que minh'alma idolatra
É princesa do império chinês.

(Publicado no livro Vozes da América: poesias (1864).

In: GRANDES poetas românticos do Brasil. Pref. e notas biogr. Antônio Soares Amora. Introd. Frederico José da Silva Ramos. São Paulo: LEP, 1959. v.2, p.11 )
No site

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Aniversário de morte de Pixinguinha



Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha, (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973) foi um flautista, saxofonista, compositor, e arranjador brasileiro.
Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.
Era filho do músico Alfredo da Rocha Viana, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos. Pixinguinha aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o China (Otávio Viana). Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.
Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, muito ativo a partir de 1919. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves ou Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por Radamés Gnattali. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor. Algumas de suas principais obras foram registradas em parceria com o líder do conjunto, mas hoje se sabe que Benedito Lacerda não era o compositor, mas pagava pelas parcerias.
Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso" na época não foi considerado choro, e sim uma polca.
Outras composições, entre centenas, são "Rosa", "Vou vivendo", "Lamentos", "1 x 0", "Naquele tempo" e "Sofres porque Queres".No dia 23 de abril comemora-se o Dia Nacional do Choro, trata-se de uma homenagem ao nascimento de Pixinguinha. A data foi criada oficialmente em 4 de setembro de 2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello.
Pixinguinha faleceu na igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro, quando seria padrinho de um batizado.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ala das baianas

A ala de baianas é considerada como uma das mais importantes de uma escola de samba. Composta, preferencialmente, por senhoras vestidas com roupas que remetem às antigas tias baianas dos primeiros grupos de samba do início do século XX, no Rio de Janeiro. Foi introduzida no desfile ainda nos anos 1930 como uma forma de homenagem às "tias" do samba, que abrigavam sambistas em suas casas, na época em que o ritmo era marginalizado. É uma ala obrigatória em todos os desfiles de escolas de samba, mesmo não sendo quesito oficial em nenhum deles.[6][69] As fantasias das baianas contam pontos para o Quesito Fantasia o modo como desfilam conta pontos para o Quesito Evolução, porém toda escola deve se apresentar com um número mínimo de baianas. Nos anos 1940 a 50, era comum que homens desfilassem vestidos de baianas, prática que passou a ser proibida no Rio de Janeiro nos anos 1990, mas foi liberada pelas AESCRJ, no Grupo de acesso, a partir o ano de 2006, exceto para o Grupo A (atual Grupo de acesso, que a partir do Carnaval 2009 passaria a pertencer à LESGA)
A roupa clássica das baianas compõe-se de torso, bata, pano da costa e saia rodada. Entretanto, freqüentemente podemos ver baianas com as mais inusitadas fantasias, tais como noivas, estátuas da liberdade, seres espaciais, globo terrestre (foto) ou poços de petróleo.

No carnaval 2010, a ala das baianas virará quesito das escolas de samba dos Grupos Rio de Janeiro, pertencentes a AESCRJ.



segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Aniversário de falecimento de mestre Bimba, criador da capoeira regional


Manoel dos Reis Machado, também conhecido como Mestre Bimba (Salvador, 23 de Novembro de 1899 - Goiânia, 15 de Fevereiro de 1974) criou a capoeira regional ao perceber que a capoeira perdera seu valor marcial e estava se tornando apenas uma dança folclórica. Mestre Bimba tinha o intuito de criar não apenas uma luta, mas também um estilo de vida. Praticantes dessa arte se denominaram "capoeira". Além disso, Mestre Bimba também criou uma variação da capoeira regional, a Benguela.

Bimba empunhava regras para os praticantes da capoeira regional, sendo elas:

- Não beber e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a consciência do capoeira.
- Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal arma dessa arte.
- Praticar os fundamentos todos os dias.
- Não dispersar durante as aulas.
- Manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível, pois dessa forma o capoeira desenvolveria mais.
- Sempre ter boas notas na escola.

No vídeo de B. M. Farias "Relíquias da Capoeira - Depoimento do Mestre Bimba", o próprio Manuel comenta sobre os motivos que o fizeram se mudar para Goiânia. Depois, em uma reunião de especialistas em capoeira no Rio de Janeiro, explica-se mais sobre o nome do esporte, sobre a criação da capoeira de Angola e sobre esse lendário personagem chamado Mestre Bimba.

Entrudo, o Carnaval trazido de Portugal!

O costume de se brincar no período do carnaval foi introduzido no Brasil pelos portugueses, provavelmente no século XVI, com o nome de Entrudo.
Já na Idade Média, costumava-se comemorar o período carnavalesco em Portugal com toda uma série de brincadeiras que variavam de aldeia para aldeia. Em algumas notava-se a presença de grandes bonecos, chamados genericamente de "entrudos".
No Brasil, essa forma de brincar — que consistia num folguedo alegre mas violento — já pode ser notada em meados do século XVI, persistindo, com esse nome, até as primeiras décadas do século XX.
A denominação genérica de Entrudo, entretanto, engloba toda uma variedade de brincadeiras dispersas no tempo e no espaço. Aquilo que a maioria das obras descreve como Entrudo, é apenas a forma que essas brincadeiras adquiriram a partir de finais do século XVIII na cidade do Rio de Janeiro. Mesmo aí, a brincadeira não se resumia a uma única forma. Havia, na verdade vários tipos de diversões que se modificavam de acordo com o local e com os grupos sociais envolvidos.
Atualmente, como explica o pesquisador Felipe Ferreira, em O livro de ouro do carnaval brasileiro, entende-se que existiam, no Rio de Janeiro do início do século XIX, duas grandes categorias de Entrudo: O Entrudo Familiar e o Entrudo Popular.

Os diferentes tipos de "Entrudos"
 
 
 
O Entrudo Familiar
Acontecia dentro das casas senhoriais dos principais centros urbanos. Era caracterizado pelo caráter delicado e convivial e pela presença dos limões de cheiro que os jovens lançavam entre si com o intuito de estabelecer laços sociais mais intensos entre as famílias.

O Entrudo Popular
Era a brincadeira violenta e grosseira que ocorria nas ruas das cidades. Seus principais atores eram os escravos e a população das ruas, e sua principal característica era o lançamento mútuo de todo tipo de líquidos (até sêmem ou urina)ou pós que estivessem disponíveis.
Entre esses dois extremos havia toda uma variedade de "Entrudos" que envolviam em maior ou menor grau grande parte da população dos principais centros urbanos do país.



A batalha contra o Entrudo
A partir dos anos 1830, uma série de proibições se sucedem na tentativa, sempre infrutífera, de acabar com a festa grosseira.
Combatido como jogo selvagem, o entrudo continuou a existir com esse nome até as primeiras décadas do século XX e existe até hoje no espírito das brincadeiras carnavalescas mais agressivas, como a "pipoca" do carnaval baiano ou o "mela-mela" da folia de Olinda.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A história das Escolas de Samba


Batuque,  Rugendas
A aparição das escolas de samba está ligada à própria história do carnaval carioca em si, bem como da criação do samba moderno. Foram os sambistas do Estácio, com a fundação da Deixa Falar, em 1928, que organizaram as bases das atuais escolas de samba, entre eles Ismael Silva, na sua idéia de criar um bloco carnavalesco diferente, que pudesse dançar e evoluir ao som do samba.

Data de 1929 o primeiro concurso de sambas, realizado na casa de Zé Espinguela, onde saiu vencedor o Conjunto Oswaldo Cruz, e do qual também participaram a Mangueira e a Deixa Falar. Alguns consideram este como sendo o marco da criação das escolas de samba.

No entanto, entre 1930 e 1932, estas apenas foram consideradas como uma variação dos blocos, até que em 1932 o Jornal Mundo Sportivo, de propriedade do jornalista Mário Filho, decidiu patrocinar o primeiro Desfile de Escolas de Samba, na Praça Onze.[10] Na redação do jornal - que também abrigava compositores de sucesso (tais como Antônio Nássara, Armando Reis e Orestes Barbosa), surgiu a idéia de realizar a organização de um desfile carnavalesco. O jornal, inaugurado no ano anterior por Mário Filho, irmão do jornalista Nelson Rodrigues, com o término do campeonato de futebol, estava sem assunto e perdia leitores; por este motivo, o jornalista Carlos Pimentel, muito ligado ao mundo do samba, teve a idéia de realizar na Praça Onze um desfile de escolas de samba, na época ainda grafadas entre aspas.

A convite do Mundo Esportivo, 19 escolas compareceram. O jornal estabeleceu critérios para o julgamento das escolas participantes. A tradicional "ala das baianas" era pré-requisito para concorrer, sendo que as escolas, todas com mais de cem componentes, deveriam apresentar sambas inéditos e não usar instrumento de sopro, entre outras exigências.

A escola vencedora foi a Estação Primeira da Mangueira, enquanto o segundo lugar coube ao grupo carnavalesco de Osvaldo Cruz, hoje Portela. O sucesso garantiu a oficialização do concurso que permaneceu na Praça Onze até 1941. Com o tempo, as escolas de samba aproveitaram muitos elementos trazidos pelos ranchos, tais como o enredo, o casal de mestre-sala e porta-bandeira e a comissão de frente, elementos aos quais Ismael Silva, ao idealizar o Deixa Falar, era contrário.

Porém, as contribuições da Deixa Falar - que nunca chegou a desfilar como escola de samba realmente - foram fundamentais para fixar as características principais das escolas atuais. Entre elas destacam-se: o gênero musical (samba moderno), o cortejo capaz de desfilar sambando, o conjunto de percussão, sem a utilização de instrumentos de sopro, e a ala das baianas.

Com a ascensão do nacionalista Getúlio Vargas, e a fundação da União Geral das Escolas de Samba, em 1934 - ainda que a marginalização do samba persistisse por algum tempo - as escolas de samba começaram a se expandir e a ganhar importância dentro do carnaval carioca, suplantando os ranchos e as sociedades carnavalescas na preferência do público, até que estes viessem a se extinguir. Não demorou muito para que as escolas de samba também se expandissem para outros estados, com a fundação em 1935 da Primeira de São Paulo, a primeira escola de samba de São Paulo. Os concursos oficiais de escolas de samba na capital paulista só começaram em 1950, com a vitória da Lavapés, porém antes disso já existiram outros torneios de âmbito sub-municipal e também estadual. No início dos anos 1960, com a decadência dos cordões carnavalescos em São Paulo, alguns destes grupos, como o Vai-Vai e o Camisa Verde e Branco tornaram-se também escolas de samba.

Em Porto Alegre a primeira Escola de Samba considerada “moderna" foi a Academia de Samba Praiana, que em 1961, revolucionou o desfile de Porto Alegre. Até então, existiam blocos, cordões e tribos carnavalescas. A Praiana foi a primeira escola de samba do Rio Grande do Sul a introduzir enredos, alas, baianas, mestre-sala e porta-bandeira e outras características das escolas de samba do Rio de Janeiro.

Em 1952, foi criado pela primeira vez, no Rio de Janeiro, o Grupo de acesso, devido ao grande número de escolas previsto para o desfile. Naquele ano, o desfile do grupo de acesso (Grupo 2, atual Grupo RJ-1) foi realizado e teve seu julgamento, porém o desfile do grupo principal (Grupo 1, hoje Grupo Especial) realizado sob fortes chuvas, teve o julgamento anulado, motivo este de não ter havido rebaixamento, apenas ascensão das primeiras colocadas do Grupo 2.

Em 1953, a partir da fusão da UGESB com a FBES, surge a Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio de Janeiro, que organizaria o desfile até a criação da LIESA, liga formada pelas escolas de samba da divisão principal, que passou a ser chamada de Grupo Especial. Em 2008, foi criada, para o carnaval do ano seguinte, a LESGA, com as escolas do segundo grupo passando também a ter sua liga própria. A criação da LIESA inspirou entidades semelhantes em outras cidades, como por exemplo a LIGA-SP.

Em 1984, no Rio de Janeiro, durante o Governo de Leonel Brizola, foi criado o Sambódromo, um espaço definitivo para a apresentação das escolas de samba, obra muito criticada pelas Organizações Globo. A recém-criada Rede Manchete transmite o desfile e alcança o primeiro lugar em audiência. Anos depois, em São Paulo, a prefeita Luiza Erundina fez o mesmo, criando o Sambódromo do Anhembi.

Hoje, muitas outras cidades espalhadas pelo país também possuem os seus sambódromos, entre elas Manaus, por exemplo, que em 1993 teve seu desfile transmitido pela Rede Manchete para todo o país, ao vivo. Porto Alegre com o sambódromo Porto Seco e Vitoria com o Sambão do Povo.


sábado, 13 de fevereiro de 2010

Coisas de carnaval - o que significa o confete e a serpentina?



Essas “armas” da folia carnavalesca já eram usadas na metade do século 19 nos bailes de máscara em vários países da Europa. No Brasil, elas apareceram um pouco mais tarde, por volta da década de 1890.
O confete chegou ao Rio de Janeiro junto com o costume dos corsos – carros decorados, também importados da tradição européia, que desfilavam carregados de foliões. Na época, o confete e o corso foram comemorados pelos jornais como símbolos de civilização. Também, pudera: nos primeiros tempos do nosso Carnaval, as brincadeiras eram inspiradas no entrudo, uma folia herdada de Portugal que envolvia água, lama e outras nojeiras.
Nesse sentido, as batalhas de confetes eram muito mais limpas e inofensivas. A mesma coisa vale para as serpentinas. Elas também surgiram mais ou menos na mesma época, inspiradas pelas chamadas “bolas carnavalescas”, que estrearam no Carnaval de 1878.
“Algumas dessas bolas eram de papel de seda e se desfaziam ao serem jogadas”, afirma a historiadora Rachel Soihet no livro A Subversão pelo Riso.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Aniversariantes de hoje


1809 - Abraham Lincoln, 16° presidente dos Estados Unidos (m. 1865) 
1809 - Charles Darwin, biólogo britânico (m. 1882)
1908 - Olga Benario Prestes, judia alemã, militante comunista. (m. 1942)
1923 - Franco Zeffirelli, diretor de cinema italiano.
1933 - Constantin Costa-Gavras, cineasta franco-grego.
1938 - Martinho da Vila, cantor brasileiro de MPB.

Aniversário de morte de Zé da Luz (Cordelista)



Zé da Luz, Severino de Andrade Silva, nasceu em Itabaiana, PB, em 29/03/1904 e faleceu no Rio de Janeiro-RJ, em 12/02/1965. O trabalho de Zé da Luz é conhecido pela linguagem matuta presente em seus cordéis.








AI! SE SÊSSE!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!


Saiba mais em e também




Souvenir

                



Os dois estavam esperando sentados perto dos táxis na rodoviária. Não foi difícil reconhecer meu amigo. Dez anos se passaram, mas a cara dele não mudou. Cabelos compridos, brinco numa das orelhas e uma inconfundível irreverência que salta aos olhos. Beijinho, abraço, apresentou a filha, que eu não conhecia, por coincidencia nascida no mesmo dia que eu, com 31 anos de diferença. A expressão do meu amigo me pareceu cansada, sem o entusiasmo de 10 anos atrás. É a única diferença que notei.
Meu amigo ama o Brasil. Diz que é primeiro mundo em relação à África. Segundo ele, São Paulo, pelo menos, é.
Onde vamos? Tanto faz, eles respondem. Eu decido levá-los pra minha casa, assim, enquanto rego minhas plantas quase mortas de calor, colocamos a conversa em dia. Falo só com o pai, a menina escuta atenta. Eles são franceses, mas falam bem o portugues. Ele trabalha para o Médicos sem Fronteiras. Uma missão de cada vez, com começo meio e fim. Agora ele está entre missões, vai se dar umas férias. Conviveu por tempo demais com a miséria na África. Mulheres estupradas, aids, fome, desnutrição infantil, crianças arregimentadas por exércitos coisas desse tipo. Quer distância de lá por uns tempos.
Mais à noite, comemos uma pizza e em volta da mesa, toda minha família escuta, atenta, as façanhas do meu amigo. Ele falou desde o convívio com governantes corruptos, passando pelo jeito de comer do africano (não come fora de casa por medo da comida estar enfeitiçada), até a carteira de motorista que ele tirou em Moçambique, já quarentão. Pode-se optar por comprar a carteira ou fazer o exame com o seu carro mesmo. Ele preferiu não pagar. O exame constava de uma volta no quarteirão, sem exceder os 30km por hora e chegar ao ponto de partida. Êxito! Não custou um centavo. E a carteira é válida na França, o que é no mínimo curioso, pois ingleses tem que fazer um pequeno curso de adaptação para dirigir na França. Antes que alguém diga que é por causa da mão inversa, saibam que em Moçambique a mão inversa também!
Dia seguinte, apanho-os no hotel e partimos para o local onde eu morei por muitos anos, no meio da mata. Ele queria conhecer a cabana em que eu vivera. Meu amigo já conhecia o local, mas muito antes de eu construir a cabana, ou as cabanas. Compramos algumas frutas e subimos o morro, uma puxada de 17 km, quase no topo da Serra da Mantiqueira. A paisagem seria mais bonita se não fossem as clareiras de pasto e as ilhas de eucalipto. Mas, uma vez adentrados na floresta, a civilização parece não existir mais. Na cachoeira, viramos bichos, tiramos toda a roupa e refrescamos os corpos. Os tres ficamos em silêncio, aquele silêncio que não incomoda. Pensei até em passarmos aquela noite na mata, de tão boa que estava a energia.
Quando o sol já ia se escondendo por trás das montanhas, tipo 4h da tarde, sentamos pra comer. Frutas, pão, queijo e patês franceses, isso da parte deles. Da minha parte eu levei arroz integral e caruru cozido. Eles comeram do meu e eu comi do deles… o do vizinho é sempre mais apetitoso!
No caminho de volta, eles quiseram olhar uma casa abandonada, eu desencorajei por causa do mato alto. Eles estavam de bermudas, eu tive medo de cobras. Uma picada de cobras nessa lonjura, a dois kilometros do carro e mais 17 da cidade, não ia ser nada engraçado. Acabamos indo mesmo assim. Eu na frente, ia abrindo o caminho pra eles. Fui o primeiro a entrar na casa, na varanda, uma espécie de deque de madeira. De repente eles começam a gritar que tem abelhas atacando. Eu mais que depressa mando que eles voltem correndo na direção de onde viemos. Eu fiquei, esperei as abelhas acalmarem e muito devagar desci do deque e fui em busca dos meus amigos. Desesperado, pois não sabia se eles tinham sido picados.
Encontrei-os a 500 metros da casa a cutucar os olhos. Tinham sido picados nos olhos! Os dois! Eu, em 25 anos lidando com abelhas, nunca levei uma picada nos olhos. Dei a eles uma planta cheia de seiva pra passarem nas picadas, mas não adiantou, eles disseram. A dor era muita, reclamava o meu amigo. Fui olhar de perto e constatei que o ferrão estava cravado no branco dos olhos. Por um acaso do destino, eu estava com meus óculos para enxergar de perto e com um canivete suiço que só falta falar e tem uma pequena pinça. Mais que depressa pedi que ele se sentasse e retirei o ferrão do meio do mar de lágrimas que era o olho dele. Em seguida, retirei o ferrão da pálpebra da menina.
Perguntei se eles podiam caminhar e tocamos de volta por carro. Na subida em direção ao carro, um silencio que incomodava. O passeio tinha recebido um grande golpe. Meu amigo, então, me perguntou que tipo de inseto tinha atacado. Eu respondi sem pensar, que eram abelhas africanas. Ele virou a cabeça e me olhou com o olho que podia enxergar.
— Abelhas africanas? Malditas! E eu que pensei que ia tirar férias da África!
Não sei como, conseguimos rir os tres! Uma hora depois eles já estavam desmaiados no quarto de uma pousada, após uma overdose de antihistamínico. Ninguém ficou cego.
Chico Abelha