Março 1820
(Itália)
Adorável Fanny,
Você teme, algumas vezes, que eu não a ame tanto quanto você deseja? minha querida Garota, eu a amo sempre e sem reserva. Quanto mais eu a conheci mais eu a amei. De toda forma — mesmo meus ciúmes tem sido agonias do Amor, no mais forte acesso que eu jamais tive eu teria morrido por você. Eu a tenho irritado muito, mas por Amor! Que posso fazer? Você está sempre nova para mim. O último de seus beijos foi sempre o mais doce, o último sorriso o mais brilhante, o último movimento o mais gracioso. Quando você passou na janela de minha casa ontem eu me enchi de tanta admiração como se eu a tivesse visto pela primeira vez.
Você proferiu uma queixa, uma vez, que somente amei sua Beleza. Não tenho mais nada a amar em você que isto? Não vejo um coração naturalmente provido de asas emprisionado comigo? Nenhuma expectativa de doença foi capaz de mover meus pensamentos em você para longe de mim. Isto talvez seja tanto um assunto de tristeza como alegria — mas eu não falarei sobre isso. Mesmo se você não me amasse eu não poderia evitar uma completa devoção a você: imagine quanto mais profundo deve ser meu amor, sabendo que você me ama. Minha mente tem sido a mais descontente e impaciente que alguém jamais colocou num corpo, que é muito pequeno para ela. Eu nunca senti minha mente repousar sobre nada com felicidade completa e sem distração, da maneira que repousa em você.
Quando você esta no quarto meus pensamentos nunca voam para fora da janela: você sempre concentra todos os meus sentidos inteiramente. A ansiedade mostrada acerca de nosso Amor em sua última carta é um imenso prazer para mim; entretanto você não deve sofrer tais especulações que a molestem: nem posso eu acreditar que você tenha o menor ressentimento contra mim. Brown partiu — mas aqui está Mrs. Wylie. Quando ela se for eu estarei acordado para você.
Lembranças à sua mãe
Seu apaixonado
J Keats
John Keats
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Carta endereçada a Fanny Brawne, vizinha de Keats pela qual ele se apaixonou, não podendo porém se casar, pois, os médicos já tinham diagnosticado a doença que mataria o poeta inglês um ano depois, a tuberculose.
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