quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Desabafo de uma placa de trânsito





Eu sou uma feliz placa de trânsito. Quer dizer, eu era uma feliz placa de trânsito. Quer dizer, continuo sendo placa, mas não tão feliz.

Eu sou a Proibido Estacionar, muito prazer. Essa é a única coisa que eu consigo falar para as pessoas: “Proibido estacionar”.

Antes, me compreendiam, viam-me, e sabiam que por ali perto de mim não poderia estacionar. Era óbvio e a obviedade obviamente fazia a minha felicidade. Desculpe-me, às vezes exagero nas repetições. É o hábito de uma vida inteira repetindo: “Não estacione”.

Mas, ultimamente, não sei bem o que tem acontecido. De repente, começaram: uma paradinha de leve. Depois, mais tempo, mas o motorista ainda ficava dentro do carro. Depois, só uma saidinha, mas com o vidro aberto, tipo para indicar que era uma urgência, ou coisa assim.

Agora não, agora eles até ligam o alarme, trancam tudo e vão embora. Ou seja, deixam-me muda. Eu já nem existo mais, estou ali como enfeite. Um ou outro recebe uma multa, reclama, sai xingando, achando que tem razão, mas de nada adianta. Parece que eles tão brotando do chão, logo em seguida vem outro, liga o alarme do carro e vai.

Eu grito, peço por favor, imploro, aviso do perigo de ser multado e nada, eu já não existo. Eu tenho uma prima que é bem continue a ler

2 comentários:

Rubens da Cunha disse...

obrigado por mais esse espaço aqui :)

beijo

Blocos Online disse...

Rubens, quem é bom sempre tem espaço. Obrigada você pelo talento.
Mônica Banderas.