Estive pensando no árduo caminho do exercício da palavra. Na luta, diária, travada com a fala com seus significados e significantes. Uma reflexão profunda com a ferramenta que nos diferencia dos demais mamíferos. E cheguei a uma conclusão pessoal, claro, passível de contestação.
Diferente de uma plantação de alface, que tem tempo certo de plantio, mudas, regas, eliminação de ervas daninhas, cuidado com a quantidade de sol, mas que tem tempo certo de colheita, a literatura necessita de todos estes cuidados e, outros até mais sutis, embora a cultura da palavra não nos permita saber sobre tempo de colheita, nem mesmo se haverá colheita.
Fazemos o portal Blocos Oline há treze anos, incansáveis, e cada dia que passa parece que estamos começando a semear, melhor: começando a preparar a terra. Este fato me leva a questionar se toda esta luta vale a pena.
No fundo, acredito que vale, mas notícias como o estado de saúde e financeiro de Roberto Piva e me deixa muito transtornado e triste. Ele, Hilda Hilst, Plínio Marcos são exemplos de plantio sem colheita pessoal, ou seja, sem o reconhecimento pecuniário do valor de suas obras. Nada podemos fazer quanto a Hilda ou Plínio, mas Piva, mesmo muito mal, ainda vive e vale nosso esforço em ajudá-lo. E também ao Júlio Almada, que, após sofrer um acidente, e passar por uma cirurgia de úmero, encontra-se também em estado de grande precariedade.
E eis que, de repente, acabo tentando responder a pergunta que eu próprio propunha: somos semeadores de idéias e, mesmo que não saboreemos nossa colheita literária, acredito que ela sobreviverá a nós e frutificará o mundo. Enfim, dúvidas, incertezas e divagações... E que Nossa Senhora da Escrita, nos dê forças para prosseguir.
Urhacy Faustino
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