Roberto Piva (73 anos) está com mal de Parkinson, internado em uma enfermaria comum do HC, bastante debilitado. Leiam toda a movimentação para ajudar o poeta, que não tem condições de custear o tratamento, no blog de Ademir Assunção. A conta bancária para depósitos, a fim de ajudar o poeta é: CC/ Roberto Lopes Piva, Banco Itaú (nº341), Agência: 0036, Conta: 20592-0, CPF de Piva: 565.802.828/00.
(N.E.)
A vida é feita de pequenos momentos e grandes voos. Na busca por livros; na busca pela qualidade da literatura; na busca pelas obras de que mais gostamos, os escritores podem garantir agilidade que nos fazem voar cada vez mais, simplesmente.
Seja pela leitura, por autores independentes, juntos voaremos ainda mais alto, quando nos lembramos de autores como Roberto Piva, que com competência revolucionou a linguagem-escrita em forma de criatividade e novidades. Seus primeiros poemas foram publicados em 1961, quando tinha 23 anos. Piva formou-se em sociologia e foi professor de Estudos Sociais e História.
Segundo João Silvério Trevisan, “em suas aulas aos adolescentes do segundo grau, costumava trabalhar as matérias a partir de poemas que os fazia ler e interpretar.”
A criação dos poemas de Roberto Piva teve rara influência na literatura brasileira, porque seus textos aliam transgressão a um notável conhecimento e saber.
Sua obra é referenciada pelos filósofos e poetas que extrapolam os limites da expressão racional, como podemos ver no seu poema Libelo:
“Não mais trarei justificações / Aos olhos do mundo. / Serei incluído /
“Pormenor esboçado” / Na grande bruma. / Não serei batizado, /
Não serei crismado, / Não estarei doutorado, / Não serei domesticado, /
Pelos rebanhos / Da terra. / Morrerei inocente / Sem nunca ter /
Descoberto / O que há de bem e mal / De falso ou certo / No que vi.”
Piva é grande apreciador do jazz e da bossa nova. João S. Trevisan diz que “o traço marcante na obra de Piva é o total desmantelamento da versificação métrica... na tentativa de transpor para a poética escrita o ritmo sincopado do jazz e a respiração do músico de jazz.”, como no poema:
“Não vale / sair / com asas / onde / o cra cra cra cra cra cra cra /
cra cra cra cra cra cra / se amassava / nas / velas apagadas /
quem quer / o telhado / de lágrimas? ...”
A única certeza que tenho é a de que Piva veio para transgredir na vida e na poesia; seus textos refletem musicalidade, ritmos e delírio expressivo. Na sua vida incorpora o intelectual e o erudito, conhecedor de arte, literatura e filosofia. Ainda hoje, é referência de transgressão e crítica que se faz marcante tanto em sua poesia, quanto em nossas vidas.
Não permitamos sermos um país sem memória, deixando raridades intelectuais, como Roberto Piva, pelos corredores da vida, porque concordo quando Leila Míccolis diz que “Além das Letras? Há a vida”.
Tânia Du Bois
(*) "Além das Letras? Há a vida": título contendo frase de Leila Míccolis, em "Caso Fortuito", no blog dela, "Além das Letras", no Yubliss
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