As Queres
O conceito de Queres variou bastante no mito grego. Desde a Ilíada, as filhas da Noite já eram confundidas com a Moira, o Destino Cego, e também com as Erínias, vingadoras do sangue parental derramado. As Queres são monstros que foram representadas como Gênios alados, sempre vestidas de preto e com longas unhas aduncas. Dizem as lendas que elas despedaçavam os cadáveres e bebiam o sangue dos mortos e feridos, por isso normalmente apareciam nas cenas de batalhas e momentos de muita violência.
A função das Queres não era restrita aos campos de batalha, elas também aparecem como destinadas a cada ser humano, personificando o gênero de morte e o gênero de vida determinado a cada um. Assim, o herói Aquiles pôde escolher entre duas Queres, uma que lhe proporcionaria uma vida longa e tranquila, mas inglória; outra que lhe daria uma vida de glória, mas o preço era a morte prematura, e esta foi a que ele escolheu. Zeus pesou na balança as Queres de Aquiles e Heitor na presença dos deuses, para saber qual dos dois pereceria no combate final diante das muralhas de Troia.
Na Teogonia, Hesíodo fala de uma Quere, irmã de Tânatos e de Moro, e fala também de várias Queres, irmãs das Moiras. Como o conceito de Quere é popular e vago, pode se apresentar tanto como divindade única, como um poder imanente ao indivíduo. Na Ilíada, inclusive, uma Quere é atribuída aos aqueus e outra aos troianos, o que se conclui que a noção de Quere podia ter um valor coletivo.
Platão considerava as Queres como gênios malévolos, iguais às Harpias, que poluem tudo aquilo em que tocam. A tradição popular identificou-as com as almas maléficas dos mortos, que se devem apaziguar com sacrifícios específicos, como acontecia no último dia dos festejosdionisíacos das Antestérias.
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