sábado, 11 de fevereiro de 2012

Tudo acontece muito rápido

Leila Míccolis tem publicado uns novos poemas com seu padrão (nem é preciso assinar, logo se sabe que é dela).

Alguns poetas (raros) são assim. Tem um “estilo”, ou seja descobrem o novo, reinventam o velho, recriam a arte. Criam a sua “assinatura”.

Quando a gente pensa que já tudo viu, eis que surgem eles/elas, os criadores.

Mesmo os instrumentistas. Um grande pianista, por exemplo, deixa a sua marca, a sua personalidade. Quem sabe ouvir logo logo descobre quem está tocando.

O mesmo o cantor.

Certa vez um amigo meu foi a uma gravadora no Rio e ouviu algumas pessoas conversando numa sala anexa: lá se podia distinguir o Fagner, falando tal como ele canta, com o mesmo timbre, com o mesmo acento inconfundível.

Mas o mundo dá muitas voltas.

A vida passa rápida.

Leila escreveu:

       Missão cOmprida

       Você conseguiu tudo na vida: 
       uma grande barriga bem alimentada
       uma amante infiel
       uma esposa comportada
       carro do ano
       filhos rebeldes ao teu jugo tirano
       casa própria, emprego com crachá
       um sítio em Visconde de Mauá
       um ufanista amor pelo país
       tudo  como manda o figurino
       (de Paris).
       E morrerá, cumprindo a sua parte,
       de tensão ou de enfarte,
       de repente,
       sem nem ao menos de longe perceber
       que podia ter sido diferente.

O seu poema – budista é claro, ou sei lá... – me lembra um refrão: “Há duas tragédias: uma é nunca conseguir o que se quer; outra, é consegui-lo”.

Seu poema toma a vida pelo avesso, vida da pequena ou pseudo-burguesia. Seu poema diz tudo.

Leila Míccolis ri.

E seu poema dá conta de sua missão. Cumprida.

Diz o que é viver.

Rogel Samuel

 

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