segunda-feira, 30 de julho de 2012

Entrevista com Ivana Mihanovich



Ivana Mihanovichentrevistada por Leila Míccolis
Acho que Ivana Mihanovich pertence à nova geração de tarólogas; já vai longe o tempo em que as lâminas do tarô eram usadas apenas para fins divinatórios. A autora fala da vida, e de uma vida mais luminosa para todos nós em seu livro: Tarot Luminar. Um livro de muita reflexão. Leila Míccolis
LM - Ivana Mihanovich. Com esse sobrenome estrangeiro, a primeira pergunta só pode ser: você brasileira?
Ivana - Sou filha de pais argentinos, nascida em São Paulo, Capital. Minha primeira língua foi o espanhol, então sou meio brasileira, meio portenha. É por isso, inclusive, que o livro se chama Tarot Luminar e não Tarô Luminar, que seria a grafia correta em português. Em espanhol se diz "tarot" e eu até consegui engolir a grafia correta nos textos, mas no título não deu; preferi manter em espanhol.
 
LM - Quando e por quê surgiu o tarô em sua vida?
Ivana - Minha mãe tinha uma coleção de baralhos, alguns tarôs incluídos. Aos onze anos, por brincadeira, olhei todos, mas comecei a usar as cartas do baralho comum mesmo, como oráculo. Tirava a sorte pras minhas amigas, aquela coisa de querer saber se o fulano gosta de você, se vai te pedir em namoro...rs. Anos mais tarde, em 1989, resolvi aprender astrologia, onde eu trabalhava como secretária, na escola Girassol, do Maurice Jacoel. Lá havia também o curso de tarô do Valderson de Souza e eu me interessei meio no embalo, sem nem saber bem de que se tratava. Aí me encantei, não pela ideia de ver o futuro, mas sim de ver a mim mesma mais profundamente. No fundo, o tarô, pra mim, entrou feito o Louco: de repente, ao sabor do que chamamos de acaso e de um jeito bem lúdico...rs.
LM - Por quê você resolveu fazer este livro? Afinal, Tarot Luminar não é um manual de tarot apenas, é bem mais do que isso. Você pode me falar sobre esta diferença?
Ivana - Aprendi com o Valderson de Souza que há ciclos na vida, que se alternam entre aprendizado, compartilhamento, ensino, aprendizado de novo etc. Quando percebi que estudava o tarô há mais de vinte anos, pensei que talvez fosse hora de partilhar o que aprendi. Além disso, vi que a maioria das pessoas que me procuravam só queriam a abordagem divinatória e essa não é, realmente, a minha linha, porque eu não vejo a menor vantagem (ou graça) em pensar que o que vai acontecer está, assim, fechado e lacrado nas estrelas...rs. Então resolvi escrever de que forma entendo o uso do tarô na vida, porque penso que desenvolver ferramentas para enxergar a si mesmo com mais clareza e para se entender com o que nos move subliminarmente, é bem mais importante e inteligente do que depositar na mão de um vidente a esperança de que algo bom esteja predeterminado. Eu não discuto se é possível prever o futuro, porque esse debate teria que incluir Einstein e a Quarta Dimensão, a Física Quântica e por aí vai, e eu não me aprofundei mais nessa pesquisa sobre a possibilidade do futuro poder ser previsto, porque isso não me é especialmente interessante.
O que eu acho é que há sempre o tremendo risco de que, ao ouvir uma previsão, o cliente fique predisposto a isso, ou seja induzido a isso. No caso de ouvir "Você vai se casar com um escocês" ou coisa do gênero, não há grande problema, talvez. Mas caso a pessoa ouça "Você vai abortar todos os filhos que engendrar", bem, jamais saberemos a verdade por trás do que vier a ocorrer. Quando eu tinha dezesseis anos, uma quiromante me disse que eu seria viúva aos trinta e dois anos. Juro que só esqueci daquilo ao completar trinta e três...rs. E mesmo que eu tivesse enviuvado nessa idade, de que isso teria me servido? Portanto, diria que eu revejo o presente, em vez de prever o futuro...rs.
O que eu, sim, realmente sei, é que é possível construir um caminho pessoal mais pacífico, mais realizador e mesmo mais feliz, desde que a gente conheça melhor nossa luz e nossa sombra, aprenda a fazer acordos com uma e com outra e também a ter mais coragem para ser quem e o que efetivamente somos. Escrevi o livro para tentar demonstrar como o tarô serve para devolver o que chamo de autonomia ideológica e também de guia lúdico para viajar para dentro de mim mesma e, então, espero que ele sirva como sugestão a quem o lê para fazer o mesmo.
LM - E a diferença não está só no modo com que você nos apresenta seu tarô, mas também na maneira de divulgá-lo. Tarot Luminar é comercializado pela Ag book. Para você, quais as vantagens porporcionadas por esse circuito via web?
Ivana - A primeira vantagem que vejo é o fato de poder mudar algo a qualquer momento e isso passar a valer instantaneamente, assim que eu faço o upload novamente. Fiz esse livro totalmente sozinha: texto, foto da capa, fotos internas, índice, diagramação etc. Não tive revisor e estou muito longe de escrever gramaticalmente de forma impecável. Portanto, evidente que ele tem erros diversos que eu, por mais que tenha me concentrado, não dei conta de cobrir completamente. Então, essa facilidade de mudança ou correção é interessante. Além disso, a internet faz parte da vida, hoje. A agilidade da compra on line favorece grande parte das pessoas que não tem tempo de bater perna atrás do que deseja. Comprar pela internet e receber a versão impressa em casa é uma mão na roda, eu acho. E também há pessoas que realmente gostam da versão ebook, embora eu não seja uma delas..rs.
LM - Você pode narrar algum fato interessante ou marcante nas suas leituras de tarô?
Ivana - Olha, é complicado, porque qualquer coisa que eu conte o cliente vai se identificar e acaba sendo antiético, mesmo sem dar nome aos bois. O que eu posso comentar é que, muitas vezes, a pessoa escuta o que eu digo, diz que não é nada disso, aí resolve me contar a vida, como quem quer me mostrar onde errei, e só então começa a perceber que está me contando exatamente tudo o que eu acabei de falar...rs. Pior é quando a pessoa pergunta algo do tipo: Devo casar ou comprar uma bicicleta? E o tarô responde: "O que é casar, pra você?", ou, "O que é uma bicicleta, pra você?"...rs. As pessoas querem um oráculo prêt-à-porter e o tarô é um sábio, um xamã, um guru. Ele nos ensina a pensar, não a procurar respostas prontas.
 
LM - Há cartas mais pesadas no tarô: a morte ou a torre. Como interpretá-las?
Ivana - Difícil ser concisa, em especial falando sobre esses dois arcanos, mas vamos ver:
O arcano XIII, chamado de "A Morte", é a carta da transformação e da aceitação da dor e dos finais. Ela pode aparecer como momento de mudança, de necessidade de cortar o que já não serve mais, ou pode aparecer para falar de que é hora de aceitar o fim. Não só da vida, mas de tudo: de um trabalho, de um amor, de uma amizade, de uma fase etc.
O fato intransponível é que tudo o que é terreno tem fim. A priori, o ser essencial é eterno, como a arte é eterna porque é fruto do espírito, por exemplo, mas o que é material é finito "e fim de papo", como eu a vejo dizer. O mundo está infantilizado demais, temeroso demais, apegado demais, ao mesmo tempo em que as vidas tornam-se cada vez mais vazias de significado. A Morte do tarô estala o dedo e diz: "Hello?! Você não vai durar para sempre. Caia na real e viva; viva genuinamente".
A Torre é mais dura de encarar, acho. Eu digo que ela é dual, como O Enforcado e A Morte, porque há a Torre cujo entendimento fica muito além da nossa capacidade de compreensão, como as coisas trágicas que acontecem (aparentemente) sem razão de ser e sobre as quais ninguém que seja sério pode se dar ao luxo de pretender saber explicar, embora milhares o tentem...rs. Essa faz parte dos mistérios. Mas há outra Torre, a que fala dos raios que nos detonam de repente, num susto, e a lição mais difícil é o entendimento de quão encerrado está você, quão estreita ficou a sua mente, e, mais importante, de quanta questão você fez de não enxergar a formação da tempestade que desencadearia o raio. Porque a ideia é que um raio não cai assim, do nada. Há sinais, antes da tormenta. Há o vento e o cheiro do vento, a cor da luz, o canto de pássaros que se escondem etc. Mas se a gente fica surdo e cego; se chega a pensar que já sabe tudo o que precisava saber; se a gente grava em fogo sobre pedra nossa tábua de mandamentos, sem brecha nenhuma para reavaliação, sem espaço para a humildade de saber que ninguém sabe tudo, bem, o tal mistério abre o alçapão e o raio cai, como um lembrete, desestruturando todo esse nosso esquema certinho e fechado.
LM - Em um momento você diz que, "no Mundo o herói realmente entende que tem abelhas e moscas dentro de si, em igual proporção". Este enfoque é bem diverso da maioria dos tarólogos, que percebem o Mundo como uma carta de plena realização, em todos os sentidos. Você se baseou em algum método para construir a sua prática?
Ivana - Minhas conclusões são calcadas nas minhas reflexões e meditações sobre os arcanos. Sempre repito que o livro fala sobre o meu tarô. O único método que posso dizer que empreguei foi o de permitir que a mente viajasse tendo como pontos de partida os atributos básicos de cada Arcano Maior (com os quais a maioria dos tarólogos concorda), sem perdê-los de vista, mas ampliando a visão, como quem os vê de cima. Entender que temos abelhas e moscas é acolher com alegria o ser imperfeito que somos, é celebrá-lo, na verdade. É isso que eu vejo no arcano XXI, O Mundo. É finalmente entender que não existe o ser sem sombra, porque luz e sombra são faces da mesma coisa, são interdependentes. O ser do Mundo é o ser que não apenas aceita que tem sombras, mas rejubila-se por ser quem é e por aqui estar.
LM - Por quê Tarot Luminar?
Ivana - Porque acho que há escuridão demais no mundo, hoje. Há fumaça demais nos confundindo, há pouca visibilidade. O mundo atual tem coisas demais acontecendo por trás de véus e há muita dificuldade para enxergar a realidade por baixo dos panos. A mídia nos manipula, a tv nos programa incessantemente, a propaganda é veículo disso também. Já não se sabe mais em qual jornalista acreditar, tacha-se pejorativamente de "teoria de conspiração" qualquer documentário ou pesquisa séria que desvenda barbaridades por trás do aparente. As pessoas estão perdendo cada vez mais rapidamente a capacidade de refletir, questionar e concluir com independência, com a tal autonomia ideológica que citei antes. Meu enfoque do tarô, através do exercício lúdico de refletir sobre os conceitos dos arcanos, tem por humilde objetivo reacender a luz, ajudar a resgatar esse pensamento isento, capaz de perceber e decodificar o que recebe de informação, ao invés de apenas engolir e em seguida papagaiar as toneladas de sofismas que despejam sobre nós diariamente.
LM - Que sugestão você daria para quem joga amadoramente tarô ou quem está começando a trilhar este caminho?
Ivana - É um tremendo clichê, eu sei, mas é verdade: as respostas estão dentro de nós e transparecem em muitas coisas (simplesmente ouvindo o que está acima do discurso do ego, ou observando-nos na interação com o outro, nas escolhas que fazemos, na forma como adaptamos ou descartamos o que recebemos do clã etc). Porém, para a maioria de nós, hoje, está longe de ser algo fácil de fazer, porque fomos nos desligando da sensibilidade que nos permite percebê-las. Caminhos como o do tarô são como amplificadores, caixas de som ou fones de ouvido...rs. Eles não trazem as respostas prontas, mas clareiam o som da mente e nos ajudam a distinguir as genuínas das insidiosas. Por isso, minha sugestão é de que você trilhe esse caminho, que se torne íntimo do baralho, caso, intuitivamente, sinta essa atração, mas que não se prenda a ele como única verdade. Uma boa leitura de tarô, a meu ver, pede mais do que apenas os atributos dos arcanos. Abra-se ao coração do Louco e amplie as fontes desse tipo de conhecimento, xerete os diversos caminhos que refazem a conexão consigo mesmo e com a intuição. Isso é o que realmente enriquece qualquer forma ou caminho, o tarô incluído.
LM - Sendo o tarô uma linguagem universal, o quê, para você, ele ensina a todas as pessoas em todos os tempos?
Ivana - Acho que o fundamental de qualquer pesquisa que busca levar-nos a saber mais sobre quem somos, seja o tarô, a astrologia, o I Ching, a psicanálise etc, é o reconhecimento de que cada um de nós importa, particularmente; cada um de nós tem valor, é um ser único e especial, capaz de criar, produzir e realizar coisas interessantes e benéficas para si e para os outros.
Há gente demais hoje em dia falando em cuidar do meio ambiente, em evoluir espiritualmente e coisas do gênero, mas percebo que em muitos casos é só um discurso do ego, é só um blablablá, porque a mídia bombardeia essas ideias e muitos preferem apenas seguir um rebanho e não seguir um caminho. Mas evoluir demanda uma vida toda e independe de ser carnívoro, de beber álcool, de ser sexualmente casto ou de fazer caridade. Tudo isso pode fazer parte do caminho para alguns de nós, claro, mas evoluir, para mim, é, antes, saber mais profundamente quem sou e o que realmente me move; ser capaz de manobrar impulsos sombrios, de reconhecer erros e, acima de tudo, de me identificar com o outro, de lembrar que eu não sou, não sou realmente, nem melhor, nem pior que o outro. Compreender as dificuldades que todos enfrentamos e reconhecer que somos humanos, falíveis e que quem já não falha em "xis" área não é porque é melhor que quem ainda o faz, mas é apenas alguém que conseguiu enraizar um aprendizado.
Aprender não é apenas ouvir uma lição com os ouvidos do ego e então pretender que nunca mais erraremos. Aprender é quando finalmente acontece um alinhamento entre corpo, mente e espírito, e aquela lição deixa de ser uma lição e torna-se um princípio ou guia que simplesmente passamos a seguir, naturalmente. E penso que o que essas reflexões nos ensinam é a discernir as ilusões para que, adiante, seja possível fincar o pé na realidade. Realidade é um conceito muito complexo, claro, mas, aqui, coloco no sentido de jornada pessoal, ou seja: fincar o pé na própria realidade e parar de vagar aos ventos de realidades alheias.

















Nascimento de Mário Quintana

 

 Nascimento de Mario Quintana (1906, Alegrete/RS)

Frases da semana

 "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida" - Vinícius de Moraes

 "O que você fizer hoje é muito importante: porque você está trocando um dia da sua vida
por isso" - Paulo Coelho

Entrevista

 Ivana Mihanovich, conhecida taróloga e autora do livro Tarot Luminar

Literatura

Poesia

Temática cidades internacionais: Acapulco, Fernando Montalvão

Prosa

 Prosa poética: Ulisses Tavares

Concursos literários

Concurso literário Maricá em verso e prosa (até 10/8) e 28º Festival Poético: Venha
viver a poesia - SESC Coronel Procópio (até 13/8)

 Resultado do Concurso Lauro Freitas de Literatura

domingo, 29 de julho de 2012

Opinião

 

Que absurdo... Esqueceram o Marcelo Rubens Paiva dentro do avião. É a era do esquecimento... é bisturi dentro de abdômen, esquecem a perna certa e operam a errada, esqueceram a reforma agrária, esquecem que o que aparece no espelho nunca é alma, esquecem a educação, a cultura, os bons modos, o bom humor, esquecem filhos dentro do carro, esquecem simplesmente os filhos, esquecem, esquecem, esquecem. Se bobear, e não existir o tilintar de moedas, é capaz de alguns se esquecerem até que estão vivos.

Ana Peluso

sábado, 14 de julho de 2012

Encontro avalia o posicionamento da literatura baiana no cenário internacional

O interesse internacional pelo Brasil no campo da literatura é crescente e pode ser evidenciada nas homenagens que o País tem recebidos em grandes feiras que agregam pesquisadores e visitantes de diversas nacionalidades. Considerando esta perspectiva, a Secretaria de Cultura e a Fundação Cultural do Estado da Bahia, com apoio do Instituto Goethe, realiza, no próximo dia 30 de julho, a partir das 9h, no Instituto Cultura Brasil Alemanha (ICBA) a conferência “Perspectivas para a Internacionalização da Literatura Baiana”.
A atividade integra o Programa de Apoio à Mobilidade Artística e Cultural, cujo objetivo é promover a mobilidade de pessoas e de conteúdos, contribuindo para o desenvolvimento da cultura e a internacionalização do setor cultural do Estado. Segundo Monique Badaró, assessora de Relações Internacionais da Secretaria de Cultura, a importância deste evento se dá pela oportunidade de se conhecer melhor o papel do agente literário na promoção, divulgação e comercialização de suas obras. “A função do agente é quase inexistente no Brasil, assim como a de compreender o funcionamento do mercado estrangeiro e das feiras, como a de Frankfurt, que é a mais importante do mundo”, explica Monique.
O evento contará com a participação da agente literária alemã, especializada na difusão das literaturas do Brasil, da África Lusófona e da América Latina, Nicole Witts, além de Dolores Manzano, gerente executiva do projeto Brazilian Publishers da Câmara Brasileira do Livro / Apex Brasil. Representando o Centro Internacional do livro, também está confirmada a presença de Fábio Lima, coordenador do Programa de Apoio à Tradução, da Fundação Biblioteca Nacional, que falará sobre a política de internacionalização da literatura brasileira.
O governo brasileiro, através da Apex-Brasil e do Ministério da Cultura/Fundação Biblioteca Nacional, já vem desenvolvendo uma série de ações de promoção internacional da literatura e de conteúdos editoriais brasileiros, nas quais constam convites a editores, críticos, jornalistas, agentes literários estrangeiros e presidentes de feiras do livro internacionais para visitar o Brasil e conhecer e divulgar a criação literária e os demais conteúdos do mercado editorial brasileiro.
O “Perspectivas para a Internacionalização da Literatura Baiana” é uma atividade de apoio à internacionalização da literatura e de livros baianos e contribui com posicionamento da Bahia internacionalmente, mostrando sua capacidade de criar conteúdos literários de grande importância para o mercado internacional.

Programação

9h - Abertura Institucional
9h15 – Apresentação do Projeto Brazilian Publishers: mercado editorial brasileiro preparado internacionalizado. Por Dolores Manzano, gerente executiva do projeto Brazilian Publishers da Câmara Brasileira do Livro / Apex Brasil
09h45 – Política Nacional de Internacionalização da Literatura Brasileira, por Fábio Lima, coordenador do Programa de Apoio à Tradução, da Fundação Biblioteca Nacional.
10h15 O papel do agente literário, o mercado do livro europeu e as perspectivas de inserção da literatura brasileira e baiana no mercado internacional. Por Nicole Witts, agente literária alemã, da empresa Mertin, especializada na difusão das literaturas do Brasil, de Portugal, da África Lusófona e da América Latina
11h15 – Sessão de perguntas
12h30 – Encerramento

http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=121625

terça-feira, 3 de julho de 2012

+ Svoboda Batchvarova (***), tão querida

 

Nunca conheci ninguém com uma espiritualidade tão elevada. Svoboda me ensinou a preencher o oco do mundo, mas eu não consegui (ainda). Quantas e quantas tardes de sábado passamos juntos, ouvindo a Liturgia de Jaroff, quantos mussakades ela fez para mim, e quantas histórias. Desde a praça na Bélgica com o nome de seu pai até suas conquistas e prêmios no ramo da dramaturgia e da literatura... Foi ferrenha comunista, por intuitivo amor cristão. Pouco mais tarde, sua acurácia estética levou-a a aprender a servir-se da fé ortodoxa e da porta eclesiástica para atingir o sustento de sua enorme alma. Foi presa e torturada pelos mesmos que antes defendera. Sua atuação política e social, no entanto, começou na resist?ncia aos nazistas. Ela se definia como uma combatente contra o totalitarismo, e sempre que algo dava errado para mim ou para ela mesma, ela me dizia: "nós que combatemos o fascismo podemos também com isso".
Charme perigoso de Svoboda Batchvarova
Este livro de 160 páginas é um romance satírico, baseado em uma histórica criminal verídica inserida na realidade socialista de seu país. O protagonista é um contador de meia idade, que tem um grande coração e uma projeto artístico, um entusiasmo romântico pela liberdade absoluta (idealismo que o fez nunca se casar) e pelas aventuras inusitadas. Os limites de seu cotidiano miserável e medíocre de pequeno homem reduz-lhe a existência ao ir e vir para o trabalho.
Então, sobrevém o momento da plena revolta. Ele foge. Deixa tudo e começa a errar pelo país, toma aparências e ocupações diferentes. Torna-se “arquiteto”, “bancário”, “capitão de polícia”... Em cada lugar em que pára, encontra moças solitárias em idade mais que madura e com uma boa soma no cofre. Invariavelmente, seu “amor” durava até o casamento, e , nesse instante sublime, desaparecia com a boa soma do cofre nos bolsos. Com o dinheiro de que ele dispõe, o herói vai aos melhores bares, cabarés e restaurantes da Capital para se distrair, mostrando um total desprezo pelo dinheiro e uma generosidade espantosa com seus companheiros, entre os quais os garçons e cozinheiros.
Por fim, as garras da polícia recaem sobre seu amigo, o capitão X. Este seu companheiro é detido, julgado e preso ao proferir, diante da polícia, um discurso sobre a liberdade individual (até mesmo para se ir preso).
Em decorrência desse monólogo, e naturalmente por causa da corrupção penetrante de todos os níveis da sociedade que a autora descreve, não foi permitida a publicação deste romance.
Já na era da Perestroïka, o livro foi, enfim, editado (73000 exemplares, a primeira edição). Obteve um grande sucesso. A comédia que a TV búlgara produziu baseada no romance também atingiu um enorme sucesso. O filme recebeu muitos prêmios na Bulgária, e, depois, ganhou “o prêmio da crítica” no Festival de telefilmes da Itália, e, finalmente, o prêmio do Festival do cinema cômico na França.

Henrique Cairus

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(***) "Com 87 anos morreu no Brasil (em 28 de junho de 2012) a grande escritora e cenógrafa Svoboda Bachvarova. Ela passou os últimos 20 anos de sua vida na família de sua filha casada na América Latina. Vida Svoboda Bachvarova lembrar dos tópicos abordados em muitas destas obras - a combinação da realidade dura e romance. Ela é filha do conhecido antifascista Todor Angelov. Sua infância está ligada às vicissitudes e privações a que a família do ativista se depara na Bulgária e em muitos países da Europa Ocidental. Todor Angelov participa da Guerra Civil espanhola e morre em 1943 como um dos líderes da Resistência belga. Sua filha é a testemunha da perseguição pelo regime pró-nazista na Bulgária durante a Segunda Guerra Mundial e repressão do poder pró-soviético depois de 1944". Este texto é trecho traduzido de: http://bnr.bg/sites/fr/Culture/Pages/280612_svoboda.aspx
Leia a matéria na íntegra.

Dois anos sem Piva

 

Falecimento de Roberto Piva (2010, SP)

ABL em Blocos

Hoje, terça, no 5º Ciclo de Conferências: "90 A Memória reverenciada", Fábio Konder
Comparato discorrerá sobre "Evandro Lins e Silva, Doutor em humanidade". Entrada franca

Literatura

Poesia

 Temática flores: dois haicais de Bashô

 Temática mensal: inverno

Prosa

 Depoimento: Morre Svoboda Batchvarova, Henrique Cairus

 Temática mensal: inverno

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dia dos Bombeiros e nascimento de Zélia Gattai!

 

A 2 de julho de 1856 foi criado, no Rio de Janeiro, o Corpo Provisório de Bombeiros da Corte, que teve por comandante o major João Batista de Morais Antas

DECRETO FEDERAL Nº 35.309, DE 2 DE ABRIL DE 1954

Institui o "Dia do Bombeiro Brasileiro" e a "Semana de Prevenção Contra Incêndio".

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição Federal,

CONSIDERANDO que o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal já se tornou credor da estima pública pelos reais serviços que vem prestando ao País;

CONSIDERANDO que o bombeiro brasileiro sempre recebeu demonstrações, as mais carinhosas, do povo pelas constantes provas de valor e bravura;

CONSIDERANDO que o dia 2 de julho de 1856 foi assinado o primeiro decreto regulamentando, no Brasil, o serviço de extinção de incêndios;

CONSIDERANDO a necessidade de ser ensinada ao povo, pelos nossos bombeiros, a prática de medidas preventivas capazes de evitar a ocorrência de sinistros de proporções catastróficas,

DECRETA:

Art. 1º - Ficam instituídos, para serem comemorados anualmente, no dia 2 de julho e na semana em que este dia estiver compreendido, respectivamente, o "Dia do Bombeiro" e a "Semana de Prevenção Contra Incêndios".

Art. 2º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação.

Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1954; 133º da Independência e 66º da República.

Getúlio Vargas
Tancredo de Almeida Neves

Fonte: www.cb.ce.gov.br

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/julho/dia-do-bombeiro-brasileiro.php#ixzz1zSpBhLBe

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 Nascimento de Zélia Gattai (SP, 1916), Mônica Banderas

Frases da semana (Seleção de Eliana Mora e Leila Míccolis)

 "Quem faz grandes coisas, delas não se envaidece. Realiza o céu em si mesmo" - Lao Tsé

 "Não siga as pegadas dos antigos, procure o que eles procuravam" - Bashô

Concursos literários

 Regulamentos: Prêmio Buriti (até 1/8), 28º Festival Poético SESC/ Cornélio Procópio
(até 13/8), 7ª edição do Festival de Música e Poesia e 44º Concurso Literário de Contos de
Paranavaí (até 24/8) e I Concurso Literário "O Velho Matemático" (até 31/8)

 Resultado do Concurso Nacional de Contos "Laerte Larocca", Ed. 2012, Concurso de Poesia
"Adilson Reis dos Santos" e VII Concurso "Rubens Braga" de Contos - ACL

Literatura

Poesia

 Temática mensal: inverno

Prosa

 Temática mensal: inverno

Site de Leila Míccolis

 Leila Míccolis no blog da poeta Cecília Villanova (clioque em poetas e poemas)