sábado, 29 de dezembro de 2012

Poesia de Carlos Seabra e prosa de Sonia Coutinho: terceira idade

 

 Temática terceira idade: Carlos Seabra

Casa quieta,
cochila o avô,
dorme a neta.

              Carlos Seabra

 

Temática terceira idade: Sonia Coutinho 

 

O que lhe resta da vida

Quase todo dia ela sai do Catete e vai a um shopping elegante, na Zona Sul do Rio. Tem mais de 60 anos, não precisa pagar o ônibus. É um grande prazer para ela ir a esse shopping - e tudo fica quase de graça. Vive em busca de coisas assim, em seu esforço para “aproveitar o que lhe resta da vida”, mesmo com o pouquíssimo dinheiro da sua aposentadoria.
Desce do ônibus exatamente às dez na frente do shopping. É a hora em que ele abre. Uma pontualidade que lhe vem da repetição diária do percurso. Vê que há uma porção de gente já à espera para entrar. O Natal está próximo e o o shopping anda muito cheio.
Entra junto com as pessoas aglomeradas, quase se acotovelando com elas, e começa a caminhar pelos corredores do térreo.
Este andar tem mais restaurantes do que lojas. Mas aqui fica a banca sofisticada onde ela sempre compra o jornal e aproveita para dar uma olhada nas revistas. E aqui fica também a lanchonete onde todo dia ela toma um café pingado e come um pãozinho de queijo. A balconista coloca a xícara na bandeja com um biscoitinho no pires e mais um pequeno copo plástico com água gasosa. Ela mesma carrega a bandeja para uma das mesas.
Bebericar o café, dando pequenas mordidas no pão, traz-lhe uma sensação de imenso relaxamento. Quando acaba, sobe a escada rolante para o segundo andar. Aqui, sim, há várias vitrinas interessantes.
Entra numa loja de produtos femininos orientais. Gosta da bijuteria exótica, que espia longamente. Quando a moça lhe pergunta se pode ajudar, ela responde que “se precisar de alguma coisa te chamo, querida”.
Continua a caminhar, mas já se sente um pouco cansada. Não é mais tão fácil para ela como antes percorrer os três andares do shopping. Segue um pouco mais devagar e logo vai sentar-se num sofá próximo.
São muito convenientes esses conjuntos de sofás e poltronas de couro falso, mas bonito, colocados, em todos os andares, no corredor mais largo onde ficam as escadas rolantes. Permanece sentada quase meia hora num sofá preto, sabe que ninguém a tirará daí.
Não tem o menor medo de que os seguranças vestidos com bons ternos escuros a incomodem. Fica olhando um deles. São uns sujeitos grandes e mal-encarados, sempre de prontidão nos cantos mais discretos.
Não tem motivo para temer. Não é uma compradora e sim uma penetra, que vem mais para espiar roupas, objetos, pessoas. Mas às vezes até que leva as coisinhas baratas que vai descobrindo.
E vem sempre vestida inteiramente de acordo, cuida muito disso. Seu dinheiro é mínimo, mas considera esta uma despesa indispensável, mesmo que sacrifique a comida.
Não faz mal repetir roupas, mas precisam ser de boa qualidade, neutras e informais. Assim se vestem as mulheres que moram ali perto e quer ser confundida com elas.
Esse aspecto minuciosamente correto lhe garante a aceitação. Passa despercebida. Poderia ficar aí sentada horas, folheando seu jornal. Mas prefere continuar a caminhar, e pouco depois se levanta. É quando vem a boa surpresa do dia.
Numa bancada de venda de produtos para surfistas, vê, entre camisetas e relógios, pequenos chaveiros diferentes e engraçados. Adora chaveiros, tem uma porção deles enfiados numa grande argola de plástico azul, que carrega sempre na bolsa. Aproxima-se e fica manuseando os chaveiros, sob o olhar amável da vendedora sorridente.
Seu coração dá um salto, quando ela encontra um chaveiro que é uma pequena sandália havaiana azul, esmaltada em cima, com borboletas amarelas.
- Quanto é este? – pergunta à moça.
E ouve a maravilhosa resposta:
- Dez reais.
Meu Deus, dez reais, que bom, é barato, ela pode levar.
Puxa sua carteira da bolsa, tira de dentro os dez reais, paga, diz que não é preciso embrulhar o chaveiro e volta para o sofá com ele. Quer transferir imediatamente para o chaveiro novo as chaves do seu apartamento, que estão em outro, já velho, meio enferrujado.
Voltará para o Catete com mais um dos seus pequenos objetos dispensáveis, às vezes sem nenhuma utilidade, mas que gosta tanto de comprar. Maravilha!
Claro que está velha. Claro que é pobre. E claro que passará mais um Natal e fim de ano sozinha: seu marido morreu, nunca teve filhos, seus pais também morreram e o que resta da sua família mora em outra cidade, muito longe.
Mas, neste momento, ela esquece de tudo isso. Ganhou seu dia. Já pode ir para casa. Decide não comer um sanduíche, como almoço, no shopping mesmo.
Preparará alguma coisa para almoçar quando chegar em casa, assim o dia sairá mais em conta.
Fica mais algum tempo no sofá, depois se levanta, adiante joga o chaveiro velho num recipiente para lixo, e segue para a escada rolante, a saída do shopping, chega ao ponto do ônibus.
Sabe que, com seu novo pequeno objeto para olhar e apalpar, com seu brinquedinho, não haverá nenhum problema pelo resto do dia.
Durante a tarde inteira, enquanto não começam as novelas que a anestesiam até a hora de dormir, evitará aquela angústia desesperada, não pensará outra vez em se atirar pela janela e não precisará de nenhuma dose extra do seu remédio forte.

Sonia Coutinho

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Feliz ANO NOVO, COM SAÚDE, PROSPERIDADE, AMOR E... LIVROS

 

O ano  está terminando, o mundo não acabou, contrariando a previsão dos Maias, e seguimos, céleres, para 2013, em busca de Saúde, alegria, felicidade e realização de sonhos. Obrigada pela presença constante  em 2012, que nos deu força e ânimo para procurar, sempre, a melhor leitura e trazê-la para você. FELIZ ANO NOVO!!!

1 - Gastronomia / A arte de bem comer
Guia Carioca da Gastronomia 2 (ArteEnsaio) repete a beleza gráfica, a pesquisa exaustiva, e a escolha do melhor entre os melhores de cada especialidade que se pode saborear nas ruas do Rio de Janeiro. Sérgio Bloch, editor do Guia, e pai da ideia genial, de trazer a luz nossos anônimos e, muitas vezes, brilhantes chefs que trabalham a céu aberto traz, neste segundo volume (o primeiro, lançado em 2011 foi um estrondoso sucesso) 18 chefs que tem a rua como seu espaço de trabalho, e, que, além do ótimo tempero do prato, (e qualidade do alimento) transformam o ato de comer em “experiência agradável e enriquecedora. Sim, porque a personalidade do cozinheiro também faz parte de seu tempero”, conclui Sérgio, no prefácio. Os chefs de rua têm sua biografia detalhada, e o caminho que seguiram para chegar, hoje, a destaque num livro que tem, como um dos critérios, a escolha rigorosa da comida, a forma como é feita (higiene, etc) e, também, por que não, a simpatia de quem a prepara. Complementando, e enriquecendo o livro, uma excelente pesquisa sobre a história do alimento que cada um vende, e informações  sobre o Rio de Janeiro de ontem e de hoje.

O texto fluido de Ines Garçoni, e as belas fotos de Marcos Pinto, completam este delicioso guia editado com elegância e produção caprichada, com capa dura e versão em inglês, que facilitará o acesso dos turistas à nossas iguarias populares, cheias de alma, ritmo e cor do nosso querido  Rio de Janeiro. O livro perfeito para começar o ano bem alimentado, e de bem com a vida.


Sobremesas Para Alegrar a Vida
(V&REditores) da chef Pamela Villar, sob  direção gastronômica de Trini Vergara e fotografias de Angela Copello, reúne receitas tradicionais e criativas para os amantes da arte da confeitaria. O livro é dividido em cinco partes, com receitas feitas para saborear com a família, outras para se deliciar ao ar livre, várias dedicadas as crianças, aos momentos românticos, e como  bufê de sobremesa, para uma comemoração especial. As receitas são fáceis, não dão muito trabalho para fazer, e, as mais complexas, são acompanhadas de fotos que mostram o passo a passo.

O livro traz, também, recomendações importantes sobre a organização da cozinha e os utensílios, para quem quer realizar, com perfeição, a arte da confeitaria,e que facilitarão o dia a dia de quem está se iniciando na deliciosa arte da feitura de doces. A autora, Pamela Villar, é formada pela Escola de Gastronomia  e Confeitaria El Ateneo, de Buenos Aires, trabalhou em Londres, em Florença e fez cursos em Nova Iorque. Uma craque na arte da doceria, oferecendo, generosamente, seus conhecimentos, num livro lindo, simples e altamente esclarecedor.

2 – Romance Inglês

A escritora inglesa Sarah Mason era uma bem sucedida empresária do ramo das pipocas gourmet, e faturava 3 milhões de dólares por ano. Os negócios iam bem, mas bateu o cansaço, e ela resolveu descansar e se distrair escrevendo um livro. O resultado foi o romance Um Amor de Detetive, que lhe rendeu o prêmio Parker Romantic Novel of the Year de 2003, e muitos fãs.

Depois do sucesso literário, Mason abandonou os negócios, transformando-se numa escritora muito bem sucedida, que já lançou três livros no Brasil – todos pela Bertrand Brasil – Um Amor de Detetive, A Vida É Uma Festa e Alta Sociedade.Considerada uma de suas obras mais elogiadas pelos leitores e pelos críticos, Veleiros ao Mar acaba de ser lançado no Brasil, contando a incrível história de duas equipes que se enfrentam, lutam contra os elementos da natureza, e vivem o maior desafio de suas vidas. Romance, rivalidade entre homens e mulheres, reviravoltas e traições estão presentes no livro, além de uma grande marca registrada de Sarah: a ironia inteligente. Uma leitura envolvente, este romance brilhante e divertido nos apresenta a Inky, uma protagonista fantástica, que cativa os que gostam de mulheres bonitas, charmosas e determinadas . Um ótimo entretenimento, uma maneira bem humorada de começar o ano .


3 - Brasil / Poesia Infanto-Juvenil
Amor, paixão, malícia e crueldade são alguns dos excitantes elementos que compõem o romance Butterfly (Universo dos Livros), um best-seller de Kathryn Harvey, pseudônimo da escritora Barbara Wood, que conta a história de um misterioso clube, onde as mulheres realizam suas fantasias sexuais. Um romance fascinante, Butterfly nos leva ao andar de cima de uma loja exclusivamente masculina, na Rodeo Drive, onde há um clube particular, um espaço em que as mulheres são livres para expressar suas fantasias eróticas mais secretas.

Neste clube, só são convidadas as mulheres mais belas e poderosas de Beverly Hills, como  Jessica, uma advogada que sente saudade da época em que os homens eram machos e as mulheres satisfaziam suas necessidades sexuais. Trudie, uma arquiteta que está na lista das poderosas, e quer que alguém a desafie em todos os sentidos e sem tabus;  Linda, uma cirurgiã que usa máscaras para desmascarar os desejos que esconde até de si mesma, também frequenta o clube, mas há uma mulher que é a mais misteriosa de todas: a que criou o clube, e lançou mão de todos os estratagemas para esconder sua  verdadeira identidade, que, no entanto, está prestes a ser revelada. Uma história fascinante, sensual, que envolve o leitor de forma profunda, transportando-o a um mundo onde o prazer é o objetivo central dos personagens, Uma ótima leitura de férias.

4 - Histórias em Quadrinhos / França

Terceiro título da série Titeuf, Do Que Elas Gostam (V&R Editoras), acaba de chegar ao Brasil, e está fazendo o mesmo sucesso dos dois anteriores.

Criada pelo cartunista suíço Zep, a série já tem 15 álbuns publicados em mais de 25 países, contando as desventuras de Titeuf, personagem famoso por apresentar uma visão ingênua de temas do universo adulto. Mais de 20 milhões de exemplares da série já foram vendidos em todo o mundo, e seu protagonista é comparado a personagens de grande sucesso, como Asterix e Smurfs. Titeuf é o típico menino de escola, sempre querendo saber os porquês, e suas sacadas, divertidas e bem humoradas, aproximam o leitor de temas atuais, importantes e delicados, como sexualidade, AIDS e aborto. Curioso, Titeuf quer entender tudo – mas nem sempre é bem sucedido, Uma leitura divertida e inteligente, para começar o ano de ótimo humor.

Mais em Blocos:

Falecimento de Cacaso (Antonio Carlos de Brito, 1987)

Literatura

Poesia

Enciclopédia Virtual Blocos de Poesia Brasileira Contemporânea: Regina Mello

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O estraga-festas

 

        

   Eu não tenho nada contra as comemorações de Natal e de Ano Novo, esclareço, antes que alguém me chame de estraga-festas.
           Eu tenho tudo!
           E não estou sozinho nessa. Estão comigo todos os seres vivos da Terra que não podem falar, a própria Terra e meia dúzia de intrépidos bípedes humanos com outra coisa na cabeça que não seja comprar e comprar e outra coisa no coração que não seja nóis é nóis o resto é josta.
           Para evitar que me atirem um panetone ou, pior, um pernil assado na cabeça, vamos aos fatos:
           O presidente Obama, o rei do império romano de hoje, os Estados Unidos, posou “perdoando” da morte um peru. Um. O que pressupõe que o restante está liberado para ser morto e cozido e servido.
           Já, no outro lado da geopolítica do mapa-mundi, alguns países árabes e africanos exibem que não gostam do Papai Noel capitalista, mas se preparam para festejar o ano que chega de sua maneira: dando tiros para cima e promovendo briga de cães, de galos, de camelos.
           Cada um a seu jeito, mostra a que veio.
           Mas fiquemos por aqui mesmo, neste aqui e agora tão igual ao lá e antigamente.
           O Rio de Janeiro alardeia que fez a maior árvore de natal flutuante. Bonita mesmo. Só que ninguém perguntou aos peixes o que eles acham disso de ter toneladas de luzes acesas dia e noite em suas caras.
           São Paulo, a locomotiva do progresso, não iria ficar atrás e iluminou o lago do Ibirapuera, feéricamente. Também ninguém perguntou as consequências disso para aqueles bastardos seres que insistem em habitar as águas do poluído lago.
           Em nome do simpático velhinho, tão bem capitalizado e institucionalizado pela Coca-Cola, o Papai Noel, se vendem bilhões (não exagero, entrem no Google para ver os números exatos) de adereços e decorações que, um dia depois, serão jogados no lixo. Um lixo que só se degradará, na melhor das hipóteses, no Natal daqui cem anos.
           No próprio dia do Natal, claro, abundará na mídia exemplos do espírito de Natal. Traduzindo: esmolinha social. Faremos hoje o que não fizemos o ano inteiro.
           Já no réveillon, a coisa piora: todas as cidades competem para ver qual conseguirá lançar mais fogos e barulho.
           Como se com fagulhas e ruídos conseguissem sair de suas misérias individuais e sociais.
           E os pássaros, lá em cima, apavorados? E os peixes, lá embaixo, iluminados?
           Nada, nadinha, que se ferrem porque a gente quer é se divertir, mesmo sendo cruel.
           Como é que vou explicar isso para cães e gatos apavorados diante de tanta barbúldia? Para peixinhos inocentes e passarinhos?
           Vou fazer como eles. Nos escondermos debaixo do cobertor e esperarmos essa loucura passar.
           Pior que ela nunca passa. Só se repete.

Ulisses Tavares

Até que achava bonitinha aquela farsa do natal de jesus. Pelo menos ele gostava dos bichos. Coisas de poeta.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

120 anos do Balé “O Quebra-Nozes”

 

Teatro Mariinski, São Petersburgo

RIA Novosti

A estreia do balé O Quebra-Nozes composto por Peter Tchaikovski para o libreto de Marius Petipa baseado no conto de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann, foi realizada no Teatro Mariinski, em São Petersburgo, em 6 (18) de dezembro de 1892.

O Quebra-Nozes é a obra especial para o compositor russo Peter Tchaikovski visto que se tornou um ponto de reflexão sobre o sentido da vida. Através deste balé o grande compositor queria transmitir ao público suas buscas e pensamentos sobre a vida. Vale a pena notar que O Quebra-Nozes se destaca do gênero de balé tradicional, porque Tchaikovski usou de modo inovador as imagens musicais.

http://portuguese.ruvr.ru/2012_12_18/Faz-120-anos-que-aconteceu-a-estreia-do-bale-O-Quebra-Nozes/

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sábado, 15 de dezembro de 2012

Fundação de Cultura divulga vencedores do Prêmio Guavira de Literatura

 

Foi divulgado nesta sexta-feira (14), pela Fundação de Cultura, a relação dos escritores vencedores por categoria do Prêmio Guavira de Literatura de Mato Grosso do Sul.

Foram premiados Marcelle Aires Franceschini, com “Ausência em Monólogo”, na categoria Romance; Ricardo de Oliveira Silveira, com “Delicadamente Feio”, em Conto; Marcus Vinicius Teixeira Quiroga Pereira, com “Poemas não Usam Soco Inglês”, em Poesia e Adriano Machado Facioli, com “Inquilinos do Além”, em Crônica.

Marcelle Aires é professora de Literatura na Universidade Estadual de Maringá. Doutora em Literatura Brasileira (USP 2009), mestre em Teoria Literária (USP 2003) e especialista em Literatura Brasileira (UEL 2000), venceu o Prêmio Noel Rosa de Poesia, realizado pela Editora Litteris. Além de “Ausências em Monólogos”, é autora de “Que transpõe o halo”, trilogia publicada em 2010.

“Ausências em Monólogos” é um romance trabalhado em narrativa ora prosaica, ora poética. O livro transita entre o tema da morte, das ausências e das possibilidades nunca concretizadas, criando situações de embate ontológico ao leitor.

Natural de Porto Alegre, Ricardo de Oliveira Silveira é formado em medicina pela PUC-RS em 1994 e mestre em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Atua como médico psiquiatra na cidade de Montenegro (RS) desde o início deste ano. Desde 2005 participa de oficinas literárias em Porto Alegre. Em junho de 2011 publicou “Delicadamente Feio”, seu primeiro conto.

Com doze contos reunidos, “Delicadamente Feio” aborda situações e personagens que caminham por uma linha entre o estranho, o escárnio e o quase comum: um homem que tenta salvar um menino do afogamento e acaba por matá-lo, uma mulher de aparência desagradável que usa as drogas para conseguir parceiros, alguém que ganha a vida como engolidor de fogo.

Poeta, contista e ensaísta, o carioca Marcus Vinicius Quiroga é doutor em Literatura Brasileira, membro da Academia Fluminense de Letras, professor de oficinas literárias e de poesia contemporânea. É autor de “Campo de Trigo Maduro” (Prêmio Biblioteca Nacional), “Manual de Instruções para Cegos” (Prêmio Cidade de Juiz de Fora), “O Xadrez e as Palavras” (prêmios Paulo Mendes Campos, UBE-RJ e Jabuti) e “Autoestrada para Tebas” (Prêmio Biblioteca Nacional).

“Poemas não Usam Soco Inglês” é uma referência-homenagem ao clássico “O Lutador”, de Drummond e nos lembra que o escritor luta com e contra as palavras. Os poemas tratam das habilidades de lutadores e poetas: ambos se exercitam para seus respectivos enfrentamentos e usam a técnica da dança dos corpos e das palavras.

O paulista Adriano Machado Facioli é psicólogo formado pela USP, mestre e doutor em Psicologia pela UnB. É autor dos livros “Hipnose: fato ou fraude?”, “A Ironia: Considerações Filosóficas e Psicológicas”, “Psicanálise: da sexualidade à vida social” e “Inquilinos do Além”. Vencedor do IV Concurso de Contos e Poemas da Secretaria de Cultura de Ribeirão Preto, em 1996, já teve obras selecionadas em antologias no Distrito Federal e interior de São Paulo.

“Inquilinos do Além” condensa e expande temas como hipnose e ironia, lingüística semiótica e filosofia, ambigüidade e nonsense de maneira prática e existencial, acessível ao público sem perder a sensibilidade cirúrgica para dissecar a vida. O livro aborda questões do dia a dia, como valores, idéias, política, humor, sexo, morte e esperança.

Realizado pela Fundação de Cultura, o Prêmio Guavira contemplou os vencedores com R$ 10 mil. O processo seletivo foi realizado em duas etapas distintas: Habilitação e Seleção. Foram adotados na seleção, além dos critérios subjetivos de qualidade e originalidade textual, o impacto cultural e social da obra; a excelência do conteúdo de acordo com a natureza de cada categoria; a criatividade e dados que contribuam com a promoção do livro e a formação de novos leitores. (Com informações da assessoria)

Willian Machado (http://www.midiamax.com/noticias/829461-fundacao+cultura+divulga+vencedores+premio+guavira+literatura.html)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Poesia em Blocos!

 

Delivrance

Novo ano para existir.

Largada para o desconhecido.

Vontade de vencer distâncias em alta velocidade

ou descansar numa rede grande feita das nuvens
dos desejos entressonhados?

Quem sabe dormir para não acordar aqui
e passar-não para um ano novíssimo,
mas pelos portais de uma outra dimensão.
ignota mas da qual temos saudades
sem saber exatamente de que benesses
ou pessoas associada
a qualquer vida passada?

Mas não importa:
na passagem é rica a mensagem
de que algo nasceu...
Só primícias, alegrias e delícias,
nem que que seja
por uma hora...um minuto...um segundo!
Brindes, abraços, apreços,
troca de beijos,de endereços.

Para a maioria.

Há os que nem verão
esse novo tempo de ser para estar
ser dado à luz no instante primeiro da madrugada
ensanguentada em breve
por um sol perenal...

                 Clevane Pessoa

 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Dia da Declaração Universal dos Direitos dos Humanos (1948)

 

 

Nascimento de Clarice Lispector (1920, Ucrânia), José Carlos Mendes Brandão

 

 Frases da semana:
(artigos I, III e XXVII da Declaração Universal dos Direitos Humanos)

 "Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de
     razão  e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade". 

 "Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal".

 "Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de
     qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor".

Literatura

Poesia

 Temática mensal Ano Novo: Mario Quintana

Prosa

 Coluna quinzenal de Rogel Samuel

Site de Leila Míccolis

 Participação na Revista "A Cadeira", nº 6, da Academia Niteroiense de Letras

 Carinhos poéticos dedicados à Leila

Entrevista de Leila a Wladyr Nader para o blog da Escrita

 Abaixo-assinado para criação de hospitais veterinários públicos, assine e divulgue

O POEMA, A POESIA, AINDA E OUTRA VEZ

 

O escritor mexicano Octávio Paz, em seu livro “A Outra Voz”, diz que o poema é “um objeto feito de palavras, destinado a conter e segregar uma substância impalpável, rebelde a definições, chamada poesia”. De acordo com a visão do mexicano, o poema seria mais um espaço onde a poesia, se bem manipulada pelo poeta, reverbera. A poesia estaria mais ligada à ideia de aura, de força que permeia o objeto artístico seja ele qual for. Assim, a poesia depende tanto de quem cria o objeto, quanto de quem o consome. Poderíamos pensá-la como um fluxo contínuo, um fluxo que necessita de estradas para fluir. São duas as principais estradas: o artista e o o receptor, também conhecido como público, leitor, ouvinte, etc. Se o artista não alarga sua estrada com conhecimento, estudo, disciplina e, claro, um pouco de delírio, a obra ficará limitada, distante da possibilidade de expandir-se, tocar partes desconhecidas, tanto do próprio artista, quanto daquele que vai consumir a arte. Por outro lado, se o público também ficar encastelado na sua visão fixa de mundo, no seu metro quadrado de conhecimento, nada fora disso será experimentado. A obra ficará perdida, desconectada, destituída de sua principal força: a transformação daquele que tem contato com ela.

Retornando ao poema: dos tipos de textos literários, o poema é um dos mais antigos. Octávio Paz diz que esse tipo de expressão se confunde com o surgimento da própria linguagem, ou seja, o poema seria desde sempre o melhor objeto para conter a poesia. Seria, digamos, o ideal para esse trabalho, já que o poema é ritmo, e o ritmo acontece espontaneamente em toda forma verbal. Nos primórdios, o poema era confundido com a fala, por isso a sua presença constante entre as gentes, que o usavam para repassar a história e a mitologia da comunidade aos mais novos.

No entanto, o poema perdeu essa função no imaginário das pessoas. Hoje, a prosa literária cumpre essa função, ganha mais destaque, vende mais e mantém financeiramente o sistema literário. Poemas ainda possuem um certo prestígio, mas, de forma geral, são relegados àquele canto dos supérfluos, da experimentação, daquilo que poucos entendem. Também são relegados a serem os objetos artísticos criados pelos românticos inveterados, que insistem em manter o clichê de que “poesia é sentimento” e, portanto, o poema tem que vir carregado de doçuras sentimentais.

Claro, poetas, bons e ruins, continuam publicando às pencas. Os livros de poemas, bons e ruins, geralmente bancados por editais públicos, pululam por aí, quase sempre destinados à outros poetas, que lerão e escreverão outros livros de poemas, mantendo o círculo. Não sou um saudosista, nem acredito que o poema retornará àquele estágio essencial que tanto fascinou Octávio Paz. Penso que o poema continuará cada vez mais sendo o espaço em que as experiências com a linguagem possam ser as mais radicais, as mais inovadoras. Assim, enquanto houver um aspirante a poeta lendo outro poeta, o poema resistirá.

RUBENS DA CUNHA

domingo, 9 de dezembro de 2012

O DEUS DE CLARICE LISPECTOR

 

Há trinta anos morria Clarice Lispector, a escritora que abalou a literatura brasileira pela contundência de sua linguagem que tentava desvendar o mistério da existência com palavras claras e obscuras a um tempo, de grande beleza poética, de inquietação, de perturbação, espanto e maravilhamento. Com dezessete anos de idade escreveu “Perto do Coração Selvagem”, e era como se estivesse surgindo uma obra de gênio. Era como se valesse o adágio: “O gênio nasce feito.” Mas Clarice trabalha incansavelmente. A sua genialidade era uma busca contínua da palavra certa, que clarificasse os escaninhos obscuros do ser.

Comecei o meu conhecimento de Clarice com “A Paixão Segundo G. H.”: é o começo mais difícil, intrincado, um labirinto de luzes que se acendem umas sobre as outras e cegam o leitor. É muita claridade, e claridade entrando-se num mundo de trevas, alcançada com o estupor, com o nojo. É a epifania do ser diante do nojo, o ser se encontra, se descobre diante de outro ser, asqueroso, repulsivo, representado pela barata. Eu sou um mistério para mim mesma, dizia Clarice, e vivia desvendando os véus desse mistério, ofertando-nos a claridade que dele advinha.

Foi no conto que Clarice mais se realizou, nessa arte da síntese que a levou e que ela levou ao âmago da problemática do homem, que se interroga, perplexo, à busca do que ele é em si. “Feliz Aniversário” é o melhor que ela criou, um triste retrato da solidão familiar, no tempo em que ainda havia grandes famílias, no entanto já mal estruturadas. Criou algumas peças notáveis, extraordinárias, mas vou hoje me deter sobre uma quase insignificante, de tão esquecida: “Perdoando Deus”. É bom lembrar esse encontro de Clarice com Deus, ela que, depois de tanto investigar o mistério, já penetrou no Mistério.

É a história de uma personagem que olhava distraída o mar e de repente se sente a mãe de Deus. Como o homem é o que ele escreve, vou dizer sem medo de errar que aquela personagem era Clarice. Quem se sentiu com o carinho de uma mãe pelo filho era Clarice. O interessante, o totalmente novo é que esse filho era Deus. Sabia que se ama a Deus com respeito, medo, solenidade. Mas o carinho maternal por Deus era absolutamente estranho. Assim como o carinho por um filho não o reduz, mas o alarga, diz, assim era maior o seu amor.

Foi quando quase pisou num rato morto. E entrou em pânico, controlando como podia o seu mais profundo grito. Desde o início do mundo sentia um pavor dos ratos, que a devoravam. E era como se Deus lhe lançasse na cara um rato. Ela amando-o com amor maternal, Ele insultando-a com brutalidade. Decidiu, então, vingar-se. Mas descobre que o rato é o mundo. Ela se julgava forte, porque, compreendendo, amava. Descobriu que se ama verdadeiramente somando as incompreensões, que amar não é fácil. É preciso amar primeiro a nossa própria natureza, depois o seu contrário, Deus.

Queremos amar a Deus só porque não nos amamos. É uma espécie de compensação. Conclui: “Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe.” Dizem que o homem inventou Deus porque não consegue explicar o universo. Clarice aprende que isso está errado. Como Santo Agostinho, descobre que devemos procurar Deus dentro de nós.

O grande católico Alceu Amoroso Lima diz, dela, que a presença invisível de Deus não se expressa pela invocação do seu Nome, mas que o silêncio pode ser o sinal mais seguro de sua realidade. E conta que Clarice ofereceu-lhe o seu último livro com uma dedicatória, escrita um mês antes de morrer, terminando sua demonstração de afeto com estas palavras claras e decisivas: “Eu sei que Deus existe.”

José Carlos Mendes Brandão

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sábado, 8 de dezembro de 2012

Dia Nacional da Justiça

 

O termo justiça (do latim iustitia, por via semi-erudita), de maneira simples, diz respeito à igualdade de todos os cidadãos. É o principio básico de umacordo que objetiva manter a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal (constitucionalidade das leis) ou na sua aplicação a casos específicos da sociedade (litígio).

Em um sentido mais amplo pode ser considerado como um termo abstracto que designa o respeito pelo direito de terceiros, a aplicação ou reposição do seu direito por ser maior em virtude moral ou material. Justo é aquilo que é equitativo ou consensual, adequado e legítimo (aplicar o direito nas suas próprias fontes - as pessoas - em igualitariedade). A Justiça pode ser reconhecida por mecanismos automáticos ou intuitivos nas relações sociais, ou por mediação através dos tribunais e em ordem à equidade.

Sua ordem máxima, representada em Roma por uma estátua, com olhos vendados, visa seus valores máximos onde "todos são iguais perante a lei" e "todos têm iguais garantias legais", ou ainda, "todos têm iguais direitos". A justiça deve buscar a igualdade entre os cidadãos.

O Poder Judiciário no Estado moderno tem a tarefa da aplicação das leis promulgadas pelo Poder Legislativo. É boa doutrina democrática manter independentes as decisões legislativas das decisões judiciais, e vice-versa, como uma das formas de evitar o despotismo.

Segundo Aristóteles, o termo justiça denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade. Assim, justo é tanto aquele que cumpre a lei (justiça em sentido estrito) quanto aquele que realiza a igualdade (justiça em sentido universal).

A justiça implica, também, em alteridade. Uma vez que justiça equivale a igualdade, e que igualdade é um conceito relacional (ou seja, diferentemente da liberdade, a igualdade sempre refere-se a um outro, como podemos constatar da falta de sentido na frase "João é igual" se comparada à frase "João é livre"), é impossível, segundo Aristóteles e Santo Tomás de Aquinopraticar uma injustiça contra si mesmo. Apenas em sentido metafórico poderíamos falar em injustiça contra si, mas, nesse caso, o termo injustiça pode mais adequadamente ser substituído por um outro vício do caráter.

Justiça também é uma das quatro virtudes cardinais, e ela, segundo a doutrina da Igreja Católica, consiste "na constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido" (CCIC, n. 381). (http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a)


 Nascimento (Portugal, 1894) e Falecimento (idem, 1930) de Florbela Espanca

 Falecimento de Tom Jobim (1994, Nova York/USA), Renato Ribas

Falecimento de John Lennon (1980, N. York/USA), Eliana Mora

Dia da Família, Leila Míccolis

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

LIVROS EM BLOCOS, POR MARLI BERG


Marli  Berg é jornalista, crítica teatral, colunista literária de "Ele Ela",
"Manchete", "O Globo" e autora de romances de fiçcão

 

LIVROS: O MELHOR PRESENTE DE NATAL (II)

Todos os anos, neste período que antecede o Natal, Livros em Blocos oferece sugestões de livros que podem ser dados como presente. Na edição passada, sugerimos seis títulos que, certamente, agradarão muito aos que os receberem como presente. Nesta primeira coluna de dezembro,  vamos dar mais dicas e facilitar suas compras de Natal. Fique à vontade par mandar um e-mail dizendo se gostou ou não
dos livros que apresentamos hoje.

1 - Igreja Católica / Jornalismo / Documentos

Sua Santidade – As Cartas Secretas de Bento XVI (Leya) do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, (autor do best-seller Vaticano S.p.A), lançado em maio deste ano na Itália, foi escrito baseado em cartas confidenciais, destinadas ao Papa e a seu secretário pessoal, e descreve diversas manobras internas da liderança da Igreja Católica.

As cartas secretas do Papa tratam de assuntos sensíveis e polêmicos, relacionados a Igreja Católica, como a questão da pedofilia, a influência da Igreja na política italiana e guerras de poder interno. Os documentos teriam vazado para as mãos do jornalista Nuzzi através de uma fonte secreta, que teria entregue cartas, relatórios e papéis, que possibilitaram a elaboração de um livro tão completo sobre assuntos altamente delicados, que envolvem a cúpula da Igreja. A leitura do livro é fascinante, já que os capítulos se interligam, criando uma estrutura semelhante a um thriller. Um livro corajoso, que caiu como uma bomba sobre o Vaticano, mas jogou luz sobre questões importantes, que interessam a todos. Um bom presente de Natal.


2 – Romance Australiano

A Menina Que Roubava Livros, do australiano Markus Zusak, foi um enorme sucesso, transformando seu autor num nome mundialmente conhecido da literatura.

Um livro maravilhoso, que foca um personagem adolescente, O Azarão (Bertrand Brasil) foi o  primeiro romance que escreveu, e está sendo lançado agora, entre nós, uma prova do grande sucesso que a literatura “jovens adultos” está alcançando. O personagem central da história é Cameron, que tem 15 anos, três irmãos mais velhos, pai encanador e mãe durona. Ele é um adolescente típico, insatisfeito consigo mesmo, um homem em formação, quando, de repente, se apaixona por Rebeca, a garota de seus sonhos, Mas, para consegui-la, terá que mudar suas atitudes e pensamentos derrotistas, e transformar-se num vencedor. Uma excelente narrativa sobre o  rito de passagem para a vida adulta. Um presentão de Natal para todas as idades.

3 - Romance Inglês

A escritora e jornalista inglesa Carmen Reid, está lançando As Jóias de Manhattan (Bertrand Brasil), um romance em que seu fantástico senso de humor se alia à criatividade para nos contar uma história engraçada, romântica, com pinceladas da realidade feminina no século XXI.

Tudo começa quando três irmãs chegam a Nova Iorque em busca de sucesso e fortuna. Mas isto não é fácil, e depois de várias tentativas mal sucedidas, uma das irmãs tem uma idéia aparentemente genial, que consiste em três ítens:  roubar jóias fabulosas, vendê-las por milhões e viverem felizes para sempre. Mas será que elas vão conseguir se tornar ladras de sucesso? Reid penetra a realidade da mulher de hoje, que quer sucesso no que faz, mas não dispensa um homem maravilhoso ao lado, que é capaz de ser forte e se sacrificar no trabalho, mas se desmancha em lágrimas se o namorado não elogia o novo corte de cabelo. Um romance bom demais, com todas as qualidades dos dois que ela já publicou antes pela Bertrand Brasil: Uma Cama Para Três e A Terra Tremeu? Presentão para quem adora boas e divertidas histórias.


4 - Clássicos / Literatura Infanto-Juvenil

Um Hino de Natal (Global) de Charles Dickens, é um dos textos mais divulgados da literatura universal. Publicado em 1843, foi traduzido para diversas línguas, e adaptado para o cinema, teatro e quadrinhos.  No Brasil, a tradução e adaptação foi feita por nossa grande poeta, Cecília Meireles,  e impresso, pela primeira vez, em 1947, tendo sidoe distribuído como separata da Seleções Reder's Digest. Escrito para ser divulgado em capítulos (folhetim), a obra conta a história de Ebenezer Scrooge, um ancião solitário, mesquinho, rabugento, e sem sensibilidade para com o próximo, que se preocupa apenas com seus lucros,  detesta o Natal e a felicidade que aparece na fisionomia das pessoas que amam a data.

Scrooge trabalha com um homem pobre, pai de quatro filhos, sendo que um deles é deficiente físico, mas, apesar de todas as dificuldades que enfrenta na vida, ama o Natal. Na véspera da Festa, Ebenezer  recebe uma visita que mudará sua vida. A brilhante narrativa de Dickens, a beleza e sensibilidade da história, ficam ainda mais realçadas pela perfeita tradução de Cecília, que captou a história com a antena da sensibilidade, e deu o tom certo ao longo de todo o livro. Excelentes ilustrações de Lelis, que dão realce a primorosa edição em capa dura.  Um riquíssimo e valioso presente, de leitura obrigatória, que deve se transformar em bem de família, a ser passado de geração em geração.


5 - Romance Norte-Americano

Considerado pela crítica americana um dos dez melhores lançamentos deste ano, e elogiado por importantes publicações americanas, Jun Do – Uma Saga de Amor, Esperança e Redenção No País Mais Fechado do Mundo (Lafonte), do escritor norte-americano Adam Johnson, professor e criação literária da Universidade de Stanford, acompanha a jornada de um jovem no regime ditatorial da Coréia do Norte, para, através dela, mostrar a história contemporânea do país.

Adam Johnson mostra que há muita vida e humanidade por trás das concepções de uniformidade rígida de um regime fechado como o da Coréia do Norte, com talento e profundo senso político. O New York Times Book Review, uma das mais prestigiadas publicações que tratam do mercado editorial, descreveu o romance como “uma versão épica de 1094, de George Orwell”. Com conhecimento e talento, Johnson reconstrói,, para o leitor, o misterioso mundo da Coréia do Norte, levando-o a fazer, junto com o protagonista, um caminho árduo, mas, mesmo assim, cheio de esperança em dias melhores. Um presente de Natal que vai informar, emocionar e propor a fé no futuro, mesmo quando o presente for sombrio.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Madonna é dona do palco

 

Engana-se que pensa que ela é produto da media: Madonna é o resultado de dez horas de ensaio por dia, num exemplo de profissionalismo digno de um virtuose. Minimalista, a fase atual da diva Madonna está excelente. Sem exageros, mais refinada, num compasso minimal, embalador, ela domina o palco, num espetáculo de música e dança, dança com amor - Madonna chorou em São Paulo.
Não assisti aos shows no Brasil, mas me baseio no DVD recente, em NY. Ela corresponde a um anseio de lenda, de balada lendária, sempre dançante, - ela é uma dançarina profissional - há uma espécie de enredo, ela conta uma estória, que se desenrola, ainda que não tive acesso a todos textos das músicas, mas quando ela dedica a seu público a sua canção há uma total integração.
Correu o boato de que ela ia aposentar-se.
— "Adoro o que faço. Quando já não gostar será hora de parar, mas isso ainda não aconteceu", disse ela.

Rogel Samuel

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A morte do poeta Décio Pignatari…

 

Morre o poeta e ensaísta Décio Pignatari, um dos grandes intelectuais brasileiros<br /><br />Morreu neste domingo, 2 de dezembro, aos 85 anos, Décio Pignatari, um dos maiores intelectuais do País e dono de inteligência privilegiada e invejável. Paulista de Jundiaí, Pignatari foi um conhecido teórico da comunicação. Poeta, ensaísta, tradutor, contista, romancista, dramaturgo e professor, Décio Pignatari realizou notáveis experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras, o que resultou no Concretismo, movimento estético que fundou juntamente com os também poetas e tradutores Augusto de Campos e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas “Noigandres” e “Invenção” e publicou a “Teoria da Poesia Concreta” (1965). (fonte: ucho.info)<br /><br />Décio Pignatari (1927 - 2012)	<br />Biografia<br />Décio Pignatari (Jundiaí SP 1927 - Jundiaí SP 2012). Poeta, ensaísta, tradutor, contista, romancista, dramaturgo e professor. Filho de imigrantes italianos, pouco depois do seu nascimento, a família se transfere para Osasco, onde Pignatari mora até os 25 anos. Publica seus primeiros poemas na Revista Brasileira de Poesia, em 1949. No ano seguinte, estréia com o livro de poemas, Carrossel, e, em 1952, funda o grupo e edita a revista-livro Noigandres, com os amigos, os poetas irmãos Haroldo de Campos (1929 - 2003) e Augusto de Campos (1931). Forma-se em direito pela Universidade de São Paulo - USP, em 1953, e em seguida viaja para a Europa, onde permanece por dois anos. Com o grupo Noigandres, em 1956, lança oficialmente o movimento de poesia concreta, durante a Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, que é consecutivamente realizada no saguão do Ministério da Educação e Cultura - MEC, no Rio de Janeiro. O grupo publica, em 1956, o Plano-piloto para Poesia Concreta, traduzido em diversas línguas. Em 1965, ainda com Haroldo e Augusto de Campos, lança o livro Teoria da Poesia Concreta. Além da produção crítica e literária, faz pesquisas na área de semiótica - em 1969, ajuda a fundar L'Association Internationale de Sémiotique - AIS, na França, e participa, em 1975, do lançamento da Associação Brasileira de Semiótica - ABS.<br />Fonte: Enciclopédia de Literatura - Itaú Cultural.<br />___<br />Conheça o nosso Blog: http://www.elfikurten.com.br

Morreu o poeta e ensaísta Décio Pignatari, um dos grandes intelectuais brasileiros.
Morreu neste domingo, 2 de dezembro, aos 85 anos, Décio Pignatari, um dos maiores intelectuais do País e dono de inteligência privilegiada e invejável. Paulista de Jundiaí, Pignatari foi um conhecido teórico da comunicação. Poeta, ensaísta, tradutor, contista, romancista, dramaturgo e professor, Décio Pignatari realizou notáveis experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras, o que resultou no Concretismo, movimento estético que fundou juntamente com os também poetas e tradutores Augusto de Campos e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas “Noigandres” e “Invenção” e publicou a “Teoria da Poesia Concreta” (1965). (fonte: ucho.info)
Décio Pignatari (1927 - 2012)
Biografia
Décio Pignatari (Jundiaí SP 1927 - Jundiaí SP 2012). Poeta, ensaísta, tradutor, contista, romancista, dramaturgo e professor. Filho de imigrantes italianos, pouco depois do seu nascimento, a família se transfere para Osasco, onde Pignatari mora até os 25 anos. Publica seus primeiros poemas na Revista Brasileira de Poesia, em 1949. No ano seguinte, estréia com o livro de poemas, Carrossel, e, em 1952, funda o grupo e edita a revista-livro Noigandres, com os amigos, os poetas irmãos Haroldo de Campos (1929 - 2003) e Augusto de Campos (1931). Forma-se em direito pela Universidade de São Paulo - USP, em 1953, e em seguida viaja para a Europa, onde permanece por dois anos. Com o grupo Noigandres, em 1956, lança oficialmente o movimento de poesia concreta, durante a Exposição Nacional de Arte Concreta no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, que é consecutivamente realizada no saguão do Ministério da Educação e Cultura - MEC, no Rio de Janeiro. O grupo publica, em 1956, o Plano-piloto para Poesia Concreta, traduzido em diversas línguas. Em 1965, ainda com Haroldo e Augusto de Campos, lança o livro Teoria da Poesia Concreta. Além da produção crítica e literária, faz pesquisas na área de semiótica - em 1969, ajuda a fundar L'Association Internationale de Sémiotique - AIS, na França, e participa, em 1975, do lançamento da Associação Brasileira de Semiótica - ABS.
Fonte: Enciclopédia de Literatura - Itaú Cultural.
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Conheça o nosso Blog: http://www.elfikurten.com.br/

sábado, 1 de dezembro de 2012

E Dezembro chegou!

 

Ao Dia Internacional da luta contra a AIDS

Eu gostaria de me calar,
Mas o mundo me lembra
Tem AIDS em todo lugar.

Cuidar-nos é preciso
é muito bom amar
atenção também,

Um descuido e olha lá a AIDS
Doidinha para atacar
Em tuas células entrando.

Aids tem em todo lugar
Ela fica lá quietinha
Sem que você se lembre
De usar camisinha

Conhecendo alguém
Contaminado, ajuda a encaminhar,
Para o médico a família deve levar
Um bom tratamento já há
Esperando a cura chegar.
                              

                                                  Dora Dimolitsas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pipoca na manteiga

 

Quando passo pelo local onde se erguia a loja, fico cheia de passado. Daí, falo comigo: largue o passado no passado, dele, hoje, apenas os brechós se alimentam. Sorrio diante da bobagem do pensamento.
Eis que a lembrança de um perfume distante surpreende meu olfato. Olfato também tem memória. Cheiro de pipoca na manteiga...era o aroma da Sears, sua marca registrada.
Tudo o que se queria, por lá se encontrava, ou bem à vista ou meio às escondidas. Minhas visitas eram como as de um garimpeiro, busca que busca, mexe e remexe... assim eu sempre saía com uma sacolinha, mesmo que apenas comprasse um batom ou um par de meias coloridas.
O setor mais gostado, na verdade a minha paixão, era o dos casacos. Na época, São Paulo inda se fazia muito fria e as cores, os modelos, os tecidos eram lindos, aqueciam o corpo, a alma. Poucos deles eu trouxe para casa, outros tantos trago no que me resta de memória.
Talvez as raras oportunidades de adquirir um bem de maior valor, contribuíssem para o aumento do magnetismo local. A dificuldade, ou a impossibilidade, muitas vezes, infla a tendência, redobra o desejo.
Hoje, nem o perfume requintado do Iguatemi, nem suas vitrinas milionárias preenchem a ausência das araras da antiga loja, tampouco me trazem de volta o brilho dos olhos e a alegria de comprinhas à toa, as que me permitiam levar do lugar um pouco do encantamento.
Quanto ao aroma, no Iguatemi: Armani, Givanchi, Dior e tantos outros bailam pelo ar.
Do cheirinho de pipoca, hum...somente uma amanteigada lembrança.

Maria da Graça Almeida

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

SEU MOÇO, TUTANO, MEU NEGRO

 

Aonde vai: Que saiba, estará alforria
   Onde está? Que caiba, a fantasia
Abolido de todos os espaços
   Que aí sapuca o desfile
Pra encher o coração
   Quando pouco for o bastante
Quando muito é pouco
   De sermos o mesmo que é
Que a bem dito, salva a dor
                  Com arte
          Minh'Alma pede palma
                 Encarte
           Café, cana, tudo pelo ourinho
                 Descarte
A ideia que o comprou
   Pra que não posta seja a venda
Que o suor da raça transformou
   Se para trás ficou moendas em moinhos
Nexo, por meio, dos fins coloniais;
   Qual libertas, que será também
Agregados em tempos ainda tão bestiais
   Vem zumbido à memória
De história e alvoroço
   É seu moço, tutano, meu negro
O que fica, que se espalha
                 Valha
A bica derramada
                 Calha
A pedra com a mão
                 Talha.

          José Carlos dos Santos Ignácio
Do livro: Verde, amarelo, claros, Massao Ohno Editor, 1987, SP