domingo, 29 de setembro de 2013

KATMANDHU É “JÓIA RARA” DA GLOBO

 

 

Como todos tenho assistido aos primeiros capítulos de “Jóia rara”, na esperança de compreender por que Katmandhu e o budismo vão aparecer ali.

E como é uma estória de época, talvez se torne interessante quando aparecer.

Estive três vezes em Katmandhu.

Foram temporadas relativamente longas, cer45ca de cinco meses e meio no total.

E até gostaria de contar, pois não estava lá como turista. Vi, vivi e sofri muita coisa.

A novela, até agora, não diz para onde vai. E a introdução musical me parece fraca.

Na juventude, eu morava em quartos alugados e comia no Calabouço, no restaurante da UME, União Municipal dos Estudantes, que ficava nas imediações do Aeroporto Santos Dumont, eu sonhava viajar. Como no verso de Bandeira.

O Aterro estava sendo feito.

Do meu quarto, no Maracanã, dava para um beco e uma casa abandonada.

Dali eu só tinha a visão daquele muro velho e, à esquerda, uma árvore antiga. Aquela rua Eurico Rabelo.

Como eu precisava de mesa, comprei um “bureau” usado, antigo, de madeira preta, que pertencera a um ministério. Era gigantesco.

O Maracanã ficava em frente.

Nos grandes jogos cada gol soava como uma onda que se elevasse saída de um vulcão furioso.

Era possível entrar no Maracanã vazio, ir até o gramado, olhar do centro para a periferia, para aquelas galerias monstruosas e vazias, descritas por Clarice Lispector num belo conto.

Foi quando passei a explorar o Rio, de ponta a ponta.

Nos dias livres tomava um ônibus e visitava Caxias, Meriti, São Gonçalo etc.

Chegava no fim da linha, e pegava o ônibus de volta.

Desenvolvi o espírito de viajante.

Mais tarde percorri o Nordeste, o Sul, e depois parti para o mundo, Katmandhu, Sydney, Paris...

Fiz 17 viagens ao exterior.

Esse meu espírito de aventura. Que perdi, depois de velho.

Para ir a Katmandhu, hoje, há voos diretos.

Quando estive lá pela primeira vez não, gastava três dias.

O antigo rei - depois assassinado – ainda vivia. Dizem que ele era casado com uma antiga cantora de cabaré.

Tinha pouco poder, mas controlava o Exército.

Isso era 1992/3.

Quando voltei, o Partido Comunista assumira o parlamento.

Na administração comunista a cidade ficou um pouco mais limpa.

Mesmo assim, Katmandhu era uma latrina. O lixo se acumulava nas ruas, ou era queimado por populares.

Apesar de ficar num vale nos Himalayas, a poeira se levanta cheia de calamitosas doenças, com muita fumaça e a água era poluída (só se escovavam os dentes com água mineral).

Eu gostava de ir no período de Losar, que é o ano novo tibetano.

Boudanath, cujo cartaz tenho na minha frente enquanto escrevo, nessa época ficava uma festa.

Bouda é um bairro-cidade tibetano ao redor da lendária Estupa de Jerukansor, que aparece em O Pequeno Buda.

Jerukansor significa mais ou menos: 'tudo o que você pedir será atendido'.

Quando lá fui pela primeira vez, comecei hospedando-me no Stupa Hotel.

Os gerentes do Hotel me olhavam com muita desconfiança, diziam que eu era um traficante, porque eu disse que vinha da América do Sul. E parecia rico.

Até ali a viagem tinha sido um desastre.

Em Amsterdã me impuseram pesada multa por excesso de bagagem (levava uma pequena biblioteca para amigo tibetano – o monge Lobsang Tenpa).

Em Nova Delhi passei a noite quase no exterior do Aeroporto, cercado de mendigos: as autoridades locais disseram que eu não poderia permanecer dentro, já que só viajaria no dia seguinte (fui culpado, deveria ter mentido no desembarque, dizendo que estava em trânsito).

Tentei ir ao sanitário com minhas três eruditas malas sem o conhecido carrinho (que ali não havia) e descobri que o ambiente estava completamente molhado de urina. Depois confiei a bagagem a duas jovens americanas.

No dia seguinte, em Katmandhu, subi a montanha, ao  monastério de Kopan,  para entregar a preciosa carga, deixando o táxi esperando e almocei com o lama, passei a tarde ali e em outros sítios históricos, voltando à noite no mesmo táxi.

Por isso ganhei o apelido de 'o colombiano'.

Eles me chamavam de 'o colombiano rico'.

Mas um dia inteiro de táxi não saía mais do que 10 dólares...

Os primeiros dias em KTM são terríveis.

Os demais, melhores.

Depois você se apaixona por aquela cidade e não quer mais sair.

Tudo acontece.

Desde as elevações espirituais até as delícias gastronômicas e as outras.

Vi tudo, fiz de tudo, fiquei quase três meses naquele ano de 93.

O mais interessante foi uma festa de casamento.

Ao lado da Lótus Guest House uma casa rica de família nepalesa oferecendo ruidosa festa de casamento.

Como não ia mesmo conseguir dormir naquela noite, resolvi ir ver do lado de fora.

Os donos da casa me viram e me convidaram para entrar.

É considerado auspicioso você oferecer alegria, muita comida e bebida a muitos convidados importantes, durante o casamento.

Significa que o casal vai ser rico e feliz.

Todos estavam de paletó e gravata, eu de pijama (mas achavam que era o traje de meu país de origem).

Muita gente.

Muita bebida e comida.

Muita dança masculina.

As damas sentadas ao redor, aplaudindo e rindo.

Os maridos, completamente embriagados, dançavam entre si, em requebros de quadris e das mãos, como exóticas dançarinas de cabaré.

Em KTM não se vê um casal na rua: as moças e os rapazes andam separados.

Os rapazes aparecem em pares abraçados.

Mas mulher não dança em público.

E não anda de calça comprida. Isso é uma ofensa!

A Glória Maria da Globo não foi informada que deveria usar saia.

Não voltarei a KTM, estou muito velho para isso.

Mas espero rever a cidade na TV, na novela.

 

                                                                          Rogel Samuel

Machado, Marcos, Preta

 

Falecimento de Machado de Assis (1908, Rio de Janeiro/RJ) poesia prosa

 

Nascimento de Plínio Marcos (1935, Santos/SP), Vânia Moreira Diniz

 

Falecimento de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto, 1968, RJ)

 

Evento Cultural

 

Psiu Poético 2013

 

Poesia

 

Temática primavera: Denise Moraes

 

sábado, 28 de setembro de 2013

VIVA O TERCEIRO SETOR

 

Enquanto aguardávamos a chegada do orador principal, o professor Joaquim Falcão, diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, no seminário sobre “A sociedade civil ibero-americana em 2020” , realizado na sede da Fundação Roberto Marinho, tivemos o ensejo de conversar com diversos dirigentes de entidades do Terceiro Setor. Particularmente, ouvimos com atenção o líder Jorge Villalobos Grzybowicz, presidente do Centro Mexicano para a Filantropia (Cemafi), que nos revelou a missão da sua entidade: “Promover e articular a participação filantrópica, comprometida e socialmente responsável pelos cidadãos, organizações e empresas, para alcançar uma sociedade mais equitativa, solidária e próspera.”

O Brasil acordou para a importância do Terceiro Setor, de que talvez o melhor exemplo seja o trabalho de quase 50 anos do Centro de Integração Empresa-Escola, presente praticamente em todo o nosso território. Realiza um notável empenho de assistência social e educação, podendo se orgulhar de ter atendido, até hoje, mais de 12 milhões de estagiários e aprendizes.

Sabe-se que o Primeiro Setor é o governo, responsável pelas questões sociais. O Segundo Setor é a iniciativa privada, que responde pelas questões individuais, e, sempre que possível, socorre o governo nas demandas sociais, o que é feito principalmente através do Terceiro Setor, constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que têm como objetivo realizar serviços de caráter público. Isso é feito através de fundações, entidades beneficentes, fundos comunitários, entidades sem fins lucrativos, ONGs, empresas com Responsabilidade Social etc. A sinergia de todos esses entes representa um grande esforço em nossa sociedade, prestando serviços a jovens carentes que, de outra forma, estariam desassistidos.

A fala de Joaquim Falcão foi muito aplaudida. Dono de grande experiência, durante os muitos anos em que dirigiu a Fundação Roberto Marinho, elogiou o crescente movimento do Terceiro Setor, que hoje empolga o nosso empresariado. O fenômeno, aliás, é latino-americano, sobretudo onde há democracias consolidadas.

Joaquim Falcão elogiou o tempo dos mecenas, para se fixar na realidade de hoje: a colaboração de celebridades em projetos sociais, como faz com muito destaque a cantora Madonna. Seria uma simplificação condenável enxergar nessas atitudes apenas uma forma de badalação ou desvio das cobranças do imposto de renda. Os movimentos internacionais, na verdade, revelam o desejo dessas personalidades, como muitos e famosos artistas de cinema, de participar das decisões do seu país.

Essas novas necessidades de participação naturalmente estão ligadas aos movimentos de liberdade de expressão e transparência. O avanço científico e tecnológico, cada vez maior, facilita a saída das sociedades – disse Joaquim Falcão – dos limites da democracia analógica para a construção da desejada democracia digital. O futuro está em plena construção – e os atuais movimentos de rua podem ter explicação nesse amplo desejo de transparência.

 

                                                                                     Arnaldo Niskier

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

RITUAL DO ESPANCAMENTO

 

Espancado para aprender
a espancar
e ser espancado,
espancado em nome de Deus
ou de um jarro quebrado,
espancado para falar
e calar
o próprio espancamento.
Espancado para arpender
que os homens aprendem
espancando e sendo espancados,
espancado para dizer
que não foi espancado,
espancado para morrer
pensando que o mundo
está povoado
de espancados que espancam
e de espancaopres espancados.

                                 

                                                      Alberto da Cunha Melo

 

Do livro: Noticiário, poemas escritos entre os anos1969-1978, 2ª ed. especial para Internet.
Fonte: http://pt.scribd.com/doc/46015708/Noticiario-Alberto-da-Cunha-Melo

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Despertar em primavera

 

Suores em tons azuis
medrosos
Olhar de amendoado vermelho-outono
No sorrir, estonteante laranja
braços de crisântemos debruçados
sobre a rocha violeta e carmim

Teus dias já não são mais verde tempestade
incandescentes estrelas pendem
dos candelabros de tuas mãos

O tempo faz noite

A luz floresce o dia
era surgida em efusão
de cores
primavera e sons. ,

                                    Jaqueline Serávia

 

Do livro: Inquietações, Ed. autora, 2013, SP

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

MENSALAO:VERDADE E MENTIRA

 

 

Uma amiga no Rio está escrevendo um trabalho para a universidade sobre A VERDADE e comentou que está lendo Aristóteles e Nietszche.
Uma amiga em São Paulo está escrevendo um trabalho, também para a universidade, sobre A MENTIRA, e me pediu opinião e até aquele poema “A implosão da mentira”que está no Google e já foi usado por partidos diferentes em campanhas eleitorais dizendo que o “outro”é que era mentiroso.
Vocês já repararam que estou falando do “mensalão”.
Claro que indiretamente. E que falar disto é ter que falar da VERDADE e da MENTIRA ao mesmo tempo.
Lembrei à amiga carioca que procura a VERDADE, aquela frase de Tenessee Willians no “De repente, o ultimo verão”: “a verdade está no fundo de um poço sem fundo”. Claro que na Biblia, Cristo diz que ele é a Verdade, e tem aquela coisa de “nao julgueis para que não sejais julgados?”.
Já imaginaram uam sociedade sem lei e julgamentos?
O Supremo Tribunal Federal é composto de juizes célebres. E os juizes são advogados. E os advogados lidam com a mentira e com a verdade. Isto é mais complexo ainda: podem converter verdades em mentira e mentiras em verdade. Pode, por exemplo, um criminoso ser solto e a vittima ser culpada de ser vitima.
O problema é que as leis são feitas de palavras. E nos cursos de direito, para o bem e para o mal, se aprende a lidar com os sofismas, com as regras da oratória. O discurso é que solta ou condena, não os fatos necessariamente,
Você sabia que durante o periodo Barroco, aí pelo seculo XVII e XVIII os jesuitas aprendiam a manejar 256 tipos de sofismas? Você sabia, que o Pe.Viera que viveu na Bahia escreveu uma Historia do Futuro, onde usando desses sofismas, provou que o D.Sebastião ia ressucistar sob a forma de D João IV e chegou a marcar o dia e a hora em que isto ia ocorrer?
E o “ mensalão”?
Tudo é possivel. As palavras nem sempre correspondem aos fatos, Os fatos muitas vezes são construidos de palavras.

Affonso Romano de Sant’Anna
(*Radio Metropole, 18.09.2013)

Chegadas e partidas, vida e morte…

 

 Falecimento de Ítalo Calvini (1985, Siena/Itália)

 

Nascimento de Paulo Freire (1921, Recife/PE)

 

ABL em Blocos

 

Hoje, o recital “Seis vozes poéticas” apresenta na ABL livro que será lançado na Feira de Frankfurt com poemas de seis Acadêmicos. Entrada franca

 

Poesia

 

Temática primavera: Fernando Rosendo

 

Prosa

 

Temática cores: Ubiratan de Souza

domingo, 15 de setembro de 2013

Dia do Cliente

 

 

Dia do Cliente: "E se tudo que conhecemos for uma ilusão, e nada existe de verdade?
     Nesse caso, acho que paguei demais pelo tapete da sala" - Woody Allen

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Poesia para mudar o mundo!

 

 

Este projeto não é para todos os poetas. É exclusivamente para aqueles que acham que a poesia pode mudar o mundo, que ela pode fazer com que as pessoas se tornem melhores, menos violentas, mais sensíveis, mais reflexivas, mais participativas, mais amorosas, mais atenciosas, mais criativas.

Esse projeto é apenas para os poetas que acham que a poesia pode transformar o mundo em um lugar melhor: mais arejado, mais digno, e que, através dela, as pessoas podem entender melhor seus sentimentos e suas vidas, questionando estereótipos, preconceitos e semeando o diálogo como forma de envolvimento social. Um projeto somente para os que acham que a palavra tem força e poder de derrubar barreiras, muros, fronteiras, contribuindo para um planeta mais lúdico e lúcido.

Nós, de Blocos online, acreditamos nesta proposta há dezessete anos na rede, e há mais tempo ainda antes do advento da internet. Cremos ardentemente na transformação do mundo através da literatura. Se você tem o mesmo objetivo, venha participar conosco deste amplo projeto de amor pela poesia, pela natureza, pela vida.

INFORMAÇÕES DO PROJETO “POESIA PARA MUDAR O MUNDO”

• Publicação on line - Antologia digital.
•  Cada poeta participará com um poema mais longo (de 28 versos), ou dois poemas de tamanho menor, ou até quatro poemas curtos, que totalizem no máximo este mesmo número de vinte e oito versos, além de uma biobibliografia de até 450 palavras e uma foto 3x4 (não pode ser maior do que este tamanho). Os poemas não precisam ser inéditos, porém precisam não estar ainda on line no nosso portal. Não serão aceitos poemas político-partidários ou ofensivos a qualquer pessoa ou religião.
• Quem preferir poema visual pode enviar duas (que caibam em uma página) ou um poema ilustrada.
• Preço da participação: R$ 100,00 (pagamento por depósito bancário — serão fornecidos os dados aos que confirmarem a sua participação).
• Prazo limite para o envio: 18 de outubro de 2013, impreterivelmente.
• Lançamento: até final de novembro de 2013.
• Organização: Leila Míccolis.
• Quem estiver interessado em participar comunique-se através de uma mensagem endereçada a mim, para o email:blocos@blocosonline.com.br
• Realização Blocos Online – pioneiro em literatura na Internet.

Os editores

© autoria deste background Urhacy Faustino, vedada a reprodução

Doze anos do atentado às Torres Gêmeas

 

Memorial que foi construído em homenagem às vítimas do onze de setembro

 

Poesia registro: Ricardo Mainieri

 

 Prosa registro: Nagib Anderáos Neto

 

MPB na ABL

 

 Hoje, "Vinicius 100 anos", com Miúcha e Georgiana de Moraes, apresentação de Ricardo
    Cravo Albin. Entrada franca

 

Literatura

 

Poesia

 

Temática terceira idade: Astrid Cabral

 

Temática flores: Cícero Acaiaba

 

Prosa

 

Conto: Thiago Secco

 

 Coluna quinzenal de Rogel Samuel

domingo, 1 de setembro de 2013

Parabéns, Tarsila do Amaral!

Abaporu é um quadro em pincel sobre tela da pintora brasileira Tarsila do Amaral.

Hoje, é a tela brasileira mais valorizada no mundo, tendo alcançado o valor de US$ 1,5 milhão, pago pelo colecionador argentino Eduardo Costantini em 1995. Encontra-se exposta no Museu de arte latino-americana de Buenos Aires (MALBA). Abaporu vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente" .  O nome é uma referência à antropofagia modernista, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil. Foi pintado em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral para dar de presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. (Texto sobre a imagem, retirado da Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Abaporu)

 

Nascimento de Tarsila do Amaral (1886, Capivari/SP), Maria Helena Bandeira

 

Poesia

 

Temática "Haverá paz?", Lêdo Ivo

 

Temática autobiográfica: Henrique do Valle

 

Prosa

 

Coluna de José Nêumanne

 

Depoimento: Sérgio Fantini

 

Concursos Literários:

 

Resultado do Concurso Cidade de Belo Horizonte