sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Felicitações Natalinas!





Natal, uma festa cheia de simbolismos. 
Comemoramos o nascimento de Jesus, o grande Salvador!


Feliz Natal e um Ano Novo cheio de boas notícias!

sábado, 5 de dezembro de 2015

Marília Pêra, a morte da grande estrela!

         

     

    Marília Marzullo Pêra foi uma atriz, cantora e diretora teatral brasileira. Além de interpretar, Marília cantava, dançava e atuava também como coreógrafa, produtora e diretora de peças e espetáculos musicais.

    Nascimento: 22 de janeiro de 1943, Rio de Janeiro  - Falecimento: 5 de dezembro de 2015

     

     

quinta-feira, 9 de julho de 2015

35 anos sem Vinícius de Moraes

 

 

Vinicius de Moraes, nascido Marcus Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 — Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) foi um diplomata, dramaturgo, jornalista, poeta e compositor brasileiro.

Poeta essencialmente lírico, o que lhe renderia a alcunha "poetinha", que lhe teria atribuído Tom Jobim, notabilizou-se pelos seus sonetos. Conhecido como um boêmio inveterado, fumante e apreciador do uísque, era também conhecido por ser um grande conquistador. O poetinha casou-se por nove vezes ao longo de sua vida e suas esposas foram, respectivamente: Beatriz Azevedo de Melo (mais conhecida como Tati de Moraes), Regina Pederneiras, Lila Bôscoli, Maria Lúcia Proença, Nelita de Abreu, Cristina Gurjão, Gesse Gessy, Marta Rodrigues Santamaria (a Martita) e Gilda de Queirós Mattoso.

Sua obra é vasta, passando pela literatura, teatro, cinema e música. Ainda assim, sempre considerou que a poesia foi sua primeira e maior vocação, e que toda sua atividade artística deriva do fato de ser poeta. No campo musical, o poetinha teve como principais parceiros Tom Jobim, Toquinho, Baden Powell, João Gilberto, Chico Buarque e Carlos Lyra.

Informações: https://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes

terça-feira, 7 de abril de 2015

Billie Holiday, a voz mais especial do jazz, completaria cem anos hoje

 

  Billie Holiday, a diva do jazz e influencia assumida de Amy Winehouse

Billie Holiday, a diva do jazz e influencia assumida de Amy Winehouse

Billie Holiday tinha uma voz tão rouca e especial que não precisou estudar para dominar com facilidade os complicados giros do jazz e criou interpretações tão intensas que continua a ser a número um, mesmo cem anos após seu nascimento.
Uma voz privilegiada e uma vida errática, com uma mãe que a teve com apenas 13 anos, um marido abusivo e a dependência de álcool e heroína que a levou a morrer arruinada e sozinha, na cama de um hospital e sob prisão domiciliar, com apenas 44 anos, em 1959.
Mas, apesar de tanto tempo após sua morte e uma vida tão curta, a cantora é lembrada e aclamada como uma das maiores, o que se reflete nas diversas homenagens que tem recebido pelo centenário, principalmente em Nova York, cidade que a acolheu.
O mítico teatro Apolo, no Harlem, a incluirá hoje em sua Calçada da Fama, onde já estão Ella Fitzgerald, James Brown, Gladys Knight & the Pips, Etta James e Louis Armstrong.
"Sua voz e sua presença foram rapidamente consolidadas na cultura popular, o que a tornou a cantora mais influente do jazz em sua época e uma das cantoras mais apreciadas do século", afirmou o produtor executivo do Apolo, Mikki Shepard, quando da divulgação da estrela para a cantora.
Além disso, a cantora Cassandra Wilson lançará seu novo disco, "Coming Forth By Day", uma homenagem "à beleza, ao poder e ao gênio de Billie Holiday", reunindo 11 de suas canções, e uma nova, "Last Song (For Lester)".
Por sua vez, o nova-iorquino Lincoln Center programou dois shows em que Cécile McLorin Salvant cantará Billie Holiday, e de 7 a 10 de abril acontecerá o "Billie Holiday Festival" em diversas salas de Nova York.
São todas homenagens a uma das cantoras mais influentes do jazz, que soube fazer de sua voz um dos instrumentos mais precisos e eficazes, como lembrou Wynton Marsalis em entrevista na revista "Life" na qual confessou que, quando tinha 24 anos, passou um ano ouvindo, todos os dias, todas as canções gravadas por Holiday.
A cantora nasceu Eleanora Fagan em 7 de abril de 1915 na Filadélfia, filha de dois adolescentes. Sua mãe, Sarah Julia "Sadie" Fagan tinha apenas 13 anos, e seu pai, Clarence Holiday, que tinha 15, a abandonou ainda bebê.

Criada até os dez anos por sua tia Eva Miller - meia-irmã de sua mãe -, sofreu uma tentativa de estupro por um vizinho, foi levada para um reformatório, para depois viajar de forma intermitente com sua mãe, que não tinha trabalho fixo.

 

foto de Herman Leonard - Billie Holiday em 1949, em NY

Aos 14 anos se reuniu com sua mãe no Harlem e começou a se prostituir até ser detida e presa por quatro meses. Após essa estadia na prisão começou a cantar profissionalmente junto com um vizinho, o saxofonista Kenneth Hollan.
Já com o nome de Billie Holiday - em homenagem a seu pai, guitarrista -, começou a deslumbrar com uma voz que tinha sido lapidada à sua maneira, com imitações de Louis Armstrong e Bessie Smith.
"Não acho que cante. Sinto como se tocasse uma buzina. Tentava improvisar como Les Young, como Louis Armstrong ou qualquer outro que admire. O que sai é o que sinto. Odeio simplesmente cantar. Tenho que mudar o tom para adaptá-lo à minha forma", afirmava Holiday quando perguntavam seu estilo.
Um estilo rompedor e sofisticado, uma forma especial de fraseado e uma entonação profunda que se diferenciava imediatamente do tradicional jazz que imperava na época.
Sua primeira gravação foi em 1933 - "Your Mother's Son-in-Law" -, ajudada pelo então pouco conhecido Benny Goodman.
Pouco a pouco foi ganhando prestígio no mundo do jazz e sua ascensão começou com a série de gravações junto com o saxofonista Lester Young, que a apelidou de "Lady Day", e que se tornou um de seus melhores amigos.
Mas foi sua interpretação de "Strange Fruit", a história do linchamento de um negro e uma dura condenação ao racismo em um Estados Unidos ainda segregado, em 1939, que a consolidou como uma das estrelas do jazz e marcou um antes e um depois em sua carreira.
"God Bless the Child", "Trav'lin' Light", "Gloomy Sunday", "Lover Man", "Summertime", "I'll be seeing you", "Crazy calls me", "Body and Soul" são algumas de suas canções mais famosas.
Billie Holiday deixou mais de uma centena de músicas gravadas, hipnóticas e encantadoras que continuam atuais, assim como sua imagem, em preto e branco, com seu sorriso melancólico e a eterna gardênia branca que adornava seu cabelo.

http://musica.uol.com.br/noticias/efe/2015/04/07/billie-holiday-a-voz-mais-especial-do-jazz-completaria-cem-anos-hoje.htm

quarta-feira, 18 de março de 2015

Memorial da América Latina, 26 anos de sua inauguração

 

O Memorial da América Latina é um centro cultural, político e de lazer, inaugurado em 18 de março de 1989 na cidade de São Paulo, Brasil. O conjunto arquitetônico, projetado por Oscar Niemeyer, é um monumento à integração cultural, política, econômica e social da América Latina, situado em um terreno de 84.482 metros quadrados no bairro da Barra Funda. Seu projeto cultural foi desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro. É uma fundação de direito público estadual, com autonomia financeira e administrativa, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura.

O complexo é constituído por vários edifícios dispostos ao longo de duas áreas unidas por uma passarela, que somam ao todo 25.210 metros quadrados de área construída: o Salão de Atos, a Biblioteca Latino-Americana, o Centro de Estudos, a Galeria Marta Traba, o Pavilhão da Criatividade, o Auditório Simón Bolívar (que sofreu um incêndio na tarde de 29 de novembro de 2013), o Anexo dos Congressistas e o edifício do Parlamento Latino-Americano. Na Praça Cívica, encontra-se a escultura em concreto, também de Niemeyer, representando uma mão aberta, em posição vertical, com o mapa da América Latina pintado em vermelho na palma.

O memorial possui um acervo permanente de obras de arte, exibidas ao longo da esplanada e nos espaços internos, e conta com um centro de documentação de arte popular latino-americana. A biblioteca possui cerca de 30 mil volumes, além de seção de música e imagens. O complexo promove exposições, palestras, debates, sessões de vídeo, espetáculos de teatro, música e dança. Mantém o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina, organização de fomento a pesquisas acadêmicas sobre assuntos latino-americanos. Publica regularmente a revista Nossa América e livros variados. Serviu de sede ao Parlamento Latino-Americano entre 1989 e 2007 (atualmente localizado na cidade do Panamá).

Texto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Memorial_da_Am%C3%A9rica_Latina

Poesia e Prosa em Blocos

uuuuuu

Ronaldo Cunha Lima (*)

 

 Nascimento de Ronaldo Cunha Lima (1936, Guarabira/PB)

 

Poesia

 Novo poema de Augusto dos Anjos

Prosa

 Coluna mensal de Raquel Naveira

 

* Foto de Ronaldo Cunha Lima, retirada do site:

https://paraibahoje.wordpress.com/2014/06/02/ronaldo-filho-rebate-declaracoes-de-ricardo/

sexta-feira, 6 de março de 2015

RAQUEL

 

Jacob encontra Raquel

(Pintura de Joseph Ritter von Führich)

            Gosto do nome que me deram: Raquel . Nome hebraico, que significa “ovelha”. Com tudo o que a ovelha carrega de mansidão, caráter pacífico e uma certa estultice e teimosia.

            Sou mesmo ovelha que segue o pastor. O meu pastor tem olhos úmidos como o lago onde me leva a beber. Toca flauta, enquanto o sol cai como uma nota de fogo no horizonte. Cuida de mim e não faltam chuvas nem planícies verdejantes. Se um dia eu me perder, justamente eu, a ovelha que mais o observa, que segue o ranger de suas sandálias, que ouve a batida de seu cajado, se eu me perder nessa cidade que engole e emaranha, se minha pele sangrar nos espinhos, ele virá de longe me salvar, passar unguento em meu corpo, colocar-me nos seus ombros e me levar para um lugar que eu ainda não vejo. Sei que meu pastor me ama e me chama sempre para o seu redil: – Raquel, Raquel.

            Segundo a Bíblia, Raquel era linda. Jacó, apaixonado, serviu sete anos ao pai da bela, Labão, em troca da promessa de se casar com ela. No dia do casamento, Labão, esperto, ofereceu-lhe Lia, sua filha mais velha, o rosto totalmente coberto por um véu. Consumado o casamento, vendo que se enganara, Jacó serve mais sete anos até poder se casar com Raquel. O poeta Camões coloca na boca de Jacó esta declaração incrível: “ – Mais servira, se não fora para tão longo amor, tão curta a vida.”

            Uma amiga chamada Lia me segredou: “ – Não gosto de ouvir esse soneto, sinto-me a rejeitada.” Sorri, mas dentro de mim me senti Raquel, rosa amorosa.

            Raquel torna-se a favorita de Jacó, que só deseja ficar ao lado dela em seu tempo livre, viver intensamente aquele amor e raramente visita a tenda de Lia. Mas, enquanto Lia dá à luz vários filhos, Raquel, estéril, não pôde conceber por muitos anos. Chegou a oferecer, como era de costume na época, sua escrava Bila a Jacó, que com ela teve dois filhos. Finalmente, Raquel gerou José. Depois de algum tempo, engravidou de Benjamim e morreu em seu parto. Em meio às dores da agonia deu ao filho o nome de Benoni, “filho da minha dor”, mas Jacó chamou-lhe Benjamim, “filho da felicidade”. Os judeus dão importância ao significado dos nomes. Raquel foi enterrada numa estrada próxima a Belém e sua tumba é visitada por milhares de pessoas.

            Um outro poeta português, o romântico João de Deus, também escreveu um poema intitulado “Rachel”, com “ch”, variante da grafia de Raquel. É uma homenagem a uma amiga querida de quem ele se diz irmão. Chama-a de “lírio esquecido”, “botão de rosa murcha à luz da aurora”, “pombinha”. Rachel, que cuidava com zelo de sua mãe, falece subitamente. A mãe morre logo em seguida. Impressionado com essas duas mortes, escreve o poeta: “Vejo-as ainda ir com as mãos incertas guiando-se uma à outra à sepultura, e a mãe: “Rachel! Rachel!” Nossa, muito triste, mas quem quer conhecer beleza tem que passar pela casa da dor, da melancolia.

            Ovelha, história bíblica, musa de poetas. Gosto do nome que me deram: Raquel. E você, gosta de seu nome?

 

Raquel Naveira

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Doutor Spock se foi…

 

Morre ator Leonard Nimoy, conhecido pelo Spock de 'Jornada nas Estrelas'
Foi como oficial da nave Enterprise que o ator virou uma referência da TV e do cinema, com a famosa saudação: 'vida longa e próspera'.

 

Morreu nesta sexta-feira (27), aos 83 anos, o ator Leonard Nimoy, o Senhor Spock da série 'Jornada nas Estrelas'.

As sobrancelhas levantadas e orelhas pontudas fizeram de Leonard Nimoy um dos atores mais conhecidos do planeta. Spock era mesmo do outro mundo: um alienígena que usava a lógica para se opor à emoção. Formou junto com o capitão Kirk e o doutor McCoy o eixo da série "Jornada nas Estrelas", nos anos 1960.

Era fotógrafo, diretor, cantor e poeta, mas foi como oficial da nave Enterprise, que virou uma referência da TV e do cinema, com a famosa saudação: "vida longa e próspera".

Sucesso que extrapolou a ficção: em homenagem à série, a NASA batizou o primeiro ônibus espacial de Enterprise. E Leonard estava lá, no dia em que a nave se aposentou.

Leonard Nimoy sofria de doença pulmonar obstrutiva crônica, provocada pelo cigarro. E morreu em casa nesta sexta-feira de manhã, em Los Angeles. Eternamente confundido com Spock, ele escreveu duas autobiografias, em que diz que o personagem foi sempre uma parte dele.

O presidente Barack Obama, fã de Jornada nas Estrelas, disse que Spock era o centro da visão otimista do futuro da humanidade.

Na ficção, Spock morre e ressuscita. Para os milhões de fãs, Nimoy deixou uma mensagem nas redes sociais:

"A vida é como um jardim. Momentos perfeitos podem existir, mas só são preservados na memória". E encerra com as iniciais em inglês de "vida longa e próspera".

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/02/morre-ator-leonard-nimoy-conhecido-pelo-spock-de-jornada-nas-estrelas.html

 

image

Nimoy de cara limpa

 

 

Leia também nos sites internacionais:

 http://hellogiggles.com/rip-leonard-nimoy-spock

http://frenchks.com/2010/07/26/images-kirk-et-spock/

https://pensiveaspie.wordpress.com/2014/04/23/thank-you-leonard-nimoy/

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Amor de passista

 

passista

 

E você nunca soube o
Frêmito
Em mim de sua mão

Mas era a carne em vão
Era Carnaval

                          Adriane Garcia

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Dia da Saudade

banco vazio na praça

 

Diz a lenda que o termo foi cunhado na época dos Descobrimentos portugueses e do Brasil colônia, quando esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações.

Uma visão mais especifista aponta que o termo saudade advém de solitude e saudar, onde quem sofre é o que fica a esperar o retorno de quem partiu, e não o indivíduo que se foi, o qual nutriria nostalgia. A gênese do vocábulo está directamente ligada à tradição marítima lusitana.

A origem etimológica das formas atuais "solidão", mais corrente e "solitude", forma poética, é o latim "solitudine" declinação de "solitudo, solitudinis", qualidade de"solus". Já os vocábulos "saúde, saudar, saudação, salutar, saludar" proveem da família "salute", "salutatione", "salutate", por vezes, dependendo do contexto, sinônimos de "salvar, salva, salvação" oriundos de "salvare, salvatione".

Na formação do termo "saudade", o vocábulo sofreu uma interfluência entre o estado de estar só, sentir-se solitário - oriundo de "solitarius" que por sua vez advem de "solitas, solitatis", possuidora da forma declinada "solitate" e suas variações luso-arcaicas como suidade - e a associação com o ato de receber e acalentar este sentimento traduzido com os termos oriundos de "salute e salutate", que na transição do latim para o português sofrem uma síncope e perde a letra interna l, simplesmente abandonada, enquanto o t não desaparece, mas passa a ser sonorizado como um d.

No caso das formas verbais, existe a apócope do e final. O termo saudade acabou por gerar derivados como a qualidade do "saudosismo" e seu adjetivo "saudosista" - apegado a ideias, usos, costumes passados, ou até mesmo aos princípios de um regime político decaído, e o termo adjetivo de forte carga semântica emocional, "saudoso" - que é aquele que produz o sentimento de saudade, podendo ser utilizado para entes falecidos, ou para substantivos abstratos como em "os saudosos tempos da mocidade", ou, ainda, não referente ao produtor, mas aquele que sente e que dá mostras de saudades.

 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Saudade

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A CASA DE PORTINARI



           Fotografei uma foto da casa de Portinari. Depois saí à rua e fotografei duas vezes a casa mesmo, a casa em carne e osso. A primeira ficou uma boa foto, como se fosse a casa real fotografada. Mas foi preciso fotografar duas vezes, para ter certeza, a casa em carne e osso, a casa como a alma de Portinari.
           É emblemático. A casa conserva a alma do pintor. As fotos dizem pouco, quase nada. É preciso entrar na casa, esbarrar nos móveis, nos objetos, nos utensílios... Lembrar, com Drummond, que as almas penadas esbarram nos móveis. Você sabe que não há almas penadas vagando por aí, muito menos ali, mas a alma de Portinari está presente. Ela esbarra em você, guia seus olhos, suas emoções.
           Você esbarra nas telas, nas pinturas nas paredes, nos pincéis, nos tubos de tinta. Ah, não é bom falar em tubos de tinta: você se lembra dos versos de Portinari no fim de um pequeno texto em prosa:

           “A morte será colorida?
           De que cor será a outra vida?”

           Você se lembra, com dor, que o artista morreu de amor à sua arte. De obsessão pela sua arte. Já prevenido de que não deveria abusar das tintas, depois de sofrer grave intoxicação, não parou de pintar. Tinha uma encomenda de vários quadros, tinha a obsessão da criação, precisava criar, custasse o que custasse, até a própria vida. A arte matou-o.
           A casa está lá. Logo na entrada a sua pintura de “São Jorge e o dragão”, acima de uma porta, e o poema explicando-a. Explicação ingênua, com a cor e o espanto da infância. Depois, um quarto com seu livro, seus poemas nas paredes, coloridos, com a cor e o espanto da infância.
           Os seus versos são capengas. Era um extraordinário pintor, não um poeta. Lembro-me, quase malvadamente, de um conto de Agustina Bessa Luís. Basta o título: “Apenas um poeta manco”. Candinho era o poeta das tintas. Com as tintas não mancava. Era o poeta da cor, das formas leves, que pairavam no ar. Pintava o sonho. Com que graça pintava o sonho!
           Construiu no quintal a “Capela da Nonna”. Pequenina, para caber apenas a sua nonna. O Coração de Jesus e o Coração de Maria à frente. Dos lados, o anjo Gabriel e Santo Antônio, São Francisco, São Sebastião. Leves. Candinho conhecia a religião da leveza. As cores claras, as formas nítidas, leves. Candinho pintava a paz.
           Na Igreja Matriz de Batatais, ali perto da sua Brodósqui, Candinho pintou seis belos murais. Deixou o Deus cruel para os renascentistas, que tinham o fogo do inferno na garganta e serpentes peçonhentas nos olhos. Candinho pintou figuras leves. Inventou a religião da leveza. A religião no tempo dele ainda era pesadona. Não a dele. As figuras pairavam no ar, como se estivessem em êxtase. A “Fuga para o Egito” ou “Jesus carregando a cruz”. José e Maria deveriam estar cansados, abatidos, apavorados. Cristo deveria estar sofrendo uma dor imensa. Quando Candinho pinta, estão mais leves do que se estivessem em êxtase.
           Não que Portinari não pintasse a dor. Diante da tela “Os retirantes”, no Masp, quase sentia os ossos daquelas figuras doídas estralando, quase sentia respingar sangue por cima de mim. Mas as figuras religiosas Candinho pintou com leveza. Candinho é o menino dos sonhos leves da sua infância. Como se um anjo o carregasse nos braços, como se um anjo guiasse suas mãos para pintar o sonho. Leve, aéreo, celeste. Celestial.
           Mas eu não quis falar de uma sala da casa de Portinari. O seu estúdio. É o lugar mais triste da casa. Vejo Candinho que se afasta, com o pincel em punho. Apóia-se numa perna, ergue o pincel, e mede a tela. Mede uma figura invisível na tela. Candinho é uma figura invisível no estúdio vazio. Candinho faz uma falta danada no estúdio vazio.
           O estúdio é o lugar mais triste da casa. Candinho não está lá. Falei que a casa conserva a alma de Portinari. Mas o estúdio está frio demais. Sem cor. Há cor em todos os cômodos da casa. Menos no estúdio. Lembro, com dor no peito, os versos de Portinari:
           “A morte será colorida?
           De que cor será a outra vida?”

José Carlos Mendes Brandão