segunda-feira, 8 de março de 2010

Entrevista com Flavio Gimenez, autor do livro O Relógio das Águas




Flávio deu uma entrevista para Leila Míccolis e Mônica Banderas sobre seu livro O relógio das águas.
O livro está disponibilizado no portal Blocos



LM Flavio, quando você começou a escrever contos?

FG Comecei a escrever há alguns anos. Na verdade, enquanto estudava medicina na USP, participava de concursos da revista "Escrita", na maioria das vezes com poesias( isto há uns vinte e cinco anos atrás!). Comecei a escrever contos há cerca de 4 anos, quando entrei em contato com alguns sites de escritores, no caso, Anjos de Prata e  Usina de Letras.

LM Por quê contos?

FG Acho interessante o conto. A poesia tem de ser densa, temos de condensar muito em poucas palavras. O conto permite uma extensão maior das idéias, uma troca maior com o leitor, desafiando-o a cada parágrafo. Adoro contar histórias... Não poderia deixar de escrever o que vivo ou o que passa em minha cabeça e o conto, a crônica, são instrumentos poderosos de expressão.

LM Como você concilia a sua profissão com a literatura?

FG Na verdade, eu acho espaços dentro de minha profissão para escrever os contos. Eles são o meu respiro, minha fonte de inspiração. Na verdade, os contos são alguns baseados em fatos reais, outros em sonhos, até em conversas que eu tive com pacientes. Muitos deles surgem do nada, abrem caminho quando eu sento para pensar. Muitos destes contos apareceram enquanto eu trabalhava! Sinal de que há uma convivência mais do que pacífica entre as duas atividades.

LM A Medicina de alguma forma influiu em seu universo ficcional?
FG Com certeza. Meu trabalho no Hospital Universitário da USP como professor de Semiologia Médica me faz ensinar — e aprender — que a boa história faz o bom diagnóstico. Ensinando meus alunos a entrevistar os pacientes, aprendi a ver como uma boa história pode fazer a diferença. Contos como O Espelho, 
Sexta-Feira Treze, surgiram de relações conflitantes com o tema da finitude, que permeia nossa profissão toda. O tempo todo, somos confrontados com a inquietude, o sofrimento, a Morte. Afinal, a Vida é sonho!


LM Como é o seu processo criativo?
FG Os temas me perseguem. Acho interessante a proposta do site Anjos de Prata. Eles propõem um tema, eu respondo com um conto. Sinto que a partir do momento em que sou desafiado, passo a produzir a idéia que vai se tornar um conto. Situações do dia a dia me perseguem, paixões mal resolvidas que voltam à tona...O conto "O Segredo" foi baseado em uma notícia que eu li sobre uma japonesa que vivia dentro de um armário de um solteiro que vivia sozinho e que saía de noite para se alimentar das sobras dele. Outros aparecem de chofre, como "Samira" e saem quase prontos...

LM Por quê um livro digital e pela Blocos?

FG Meu sonho de escrever um livro me persegue há anos. Desde que comecei a escrever contos a coisa se tornou mais aguda e urgente. Na verdade, fui convidado a participar do Blocos e com muito júbilo aceitei mais este desafio! Quando vi o que o portal representa em termos de audiência e de visibilidade, resolvi escrever o livro para expor mais o meu trabalho. Afinal, o site é visitado por muitos países! Foi uma questão de amadurecimento pessoal e um aprendizado inigualável...

LM Você participou do processo de edição do e-book, passo a passo. Como foi este "acompanhamento de parto"?

FG O processo todo foi de uma riqueza fantástica. Tive a sua ajuda (de Leila) para revisar, reescrever, escrever de novo, bater a cabeça na parede, olhar para o teto e dizer "caramba, ficou melhor assim" e depois participar da escolha minuciosa das imagens. Ah, quisera que todo parto fosse assim, um parto nas águas da criatividade e do aprendizado! Nasce um filho bem apessoado!

LM Como você se sente em relação ao produto final?
FG Sinto um orgulho muito grande! Ser convidado a escrever no site foi uma honra e ter um livro lançado no site me traz a certeza de que outros virão ou de que pelo menos já saberei trilhar melhor o longo caminho que faz parte do universo criativo de um escritor. Saber que grande parte deste livro saiu de mim me espanta um pouco! Como pude fazer isto? O caminho foi bem trilhado!


MB As pessoas ainda têm a idéia de que médico é uma pessoa fria e calculista e que, se escrevesse um livro, seria apenas sobre medicina, portanto um livro científico. Como você vê a ruptura desta imagem tradicional?

FG Há médicos que escrevem sobre medicina. Eu mesmo escrevi capítulos de livros de medicina, dou aulas
( que adoro preparar), mas é outro astral, é outra maneira de pensar. Drauzio Varella escreve sobre temas médicos de uma forma que nos faz ler sem ficar tanto no racional. Não. O médico não é frio e insensível; nós médicos temos de ser objetivos em nossos diagnósticos e incisivos em nossos tratamentos. No entanto, isto jamais nos deve afastar de nossa humanidade, de nossa essência maior. A ruptura desta imagem é necessária, até porque aproxima o Homem do Médico. Aliás, isto é necessário e cada vez mais: O tradicional médico intocável, em seu pedestal inatingível está caindo por terra.


MB Qual o seu conto preferido deste livro e por quê?
FG Meu conto preferido no livro é "Apaixonado", porque baseado em fatos reais. Sempre fui apaixonado pelo que fiz e pelo que faço e neste conto, eu desafio até um cachorro enorme somente para ver a minha paixão respirar. Tenho paixão pela vida, pelo sol, pela luz e pelas pessoas...Se pudesse, viveria cinquenta mil anos só para poder agradecer o que tive por mais tempo.

MB Existe influência de algum escritor em sua obra?

FG Os autores latinos sempre me infuenciaram muito. Machado de Assis é um deles, Julio Cortázar, Jorge Luiz Borges, Gabriel Garcia Marques. Creio que há um "mix" de influências em minha obra, uma espécie de condensado de idéias de outros que me inspiram.

LM O que escrever significa para você?

FG Escrever significa respirar. É parte de minha alma que exponho nos textos, são meus sonhos adensados em letras. Escrever para mim é como saber mergulhar num lago azul e tirar das profundezas o aprendizado do mergulho, as jóias que repousam no fundo da gente e que tantas vezes esquecemos. Para mim escrever é viver, porque sem respirar não vivemos. Não é verdade?

domingo, 7 de março de 2010

Festividades e acontecimentos!

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1872 – Nascimento de Piet Mondrian, pintor neerlandês e de
Maurice Ravel, 1875 -compositor francês (m. 1937)
1999 – morte de Antônio Houaiss, professor, escritor, tradutor, crítico, diplomata, filólogo, lexicógrafo e ensaísta brasileiro (n. 1915).
1553 - Luís Vaz de Camões recebe carta de perdão (estava preso após luta de espadas com um certo Gonçalo Borges, em 16 de junho de 1552);

 

Feriados e eventos cíclicos


Palestina: Dia da Democracia


quarta-feira, 3 de março de 2010

O Haiti, logo ali…

THATY  MARCONDES
Na área empresarial, trabalhou na implantação de projetos de administração, captação e aplicação de recursos, e ainda em redação e revisão de textos técnicos. Nascida em Jundiaí, reside atualmente em Ponta Grossa/PR, onde exerce o cargo de Delegada na área Literária (Secretaria Municipal da Cultura).

O HAITI, LOGO ALI...
             Acho graça quando falam em classe social. A fome não tem classe, senhoras e senhores; a fome mata, transforma-nos em abutres inconformados, revoltados, insanos; a revolução dos aflitos, dos proscritos, dos omitidos, dos esquecidos. Onde dói seu estômago? Ao sul, a leste, ao norte, a oeste? Dói-me a peste da ignorância, a estupidez da intolerância, a flacidez das carnes subnutridas de músculos e alimentos corporais... Dói em mim o desespero de todas as mães de filhos crescidos ou subnutridos, pois seus destinos já não nos pertencem... e eu não sei mais com que dor alheia hei de preencher minhas madrugadas (insones). Os delírios dos cérebros me perseguem, abatem-me as ausências bipolares, triangulares, primárias e quaternárias. Sinto-me um sextante sem aviso, uma bússola sem norte, um relógio de sol sem sombra ou vento.
              E ainda há pseudo-jornalistas que questionam burramente: “Como que o Brasil vai ajudar o Haiti se não temos verba nem pra cuidar das vítimas das enchentes?”... Pasmei... Há campanhas pelo mundo afora pra nos ajudar a contornar essas dificuldades? E eu por fora disso? Cadê o show dos EUA pra nos ajudar? Angelina Jolie já veio adotar brasileirinhos? Ora, senhor jornaleiro, limite-se a comentar sobre o que tem conhecimento, e não palpitar críticas absolutamente loucas, enaltecendo a sua desatualização... Pra ser jornalista precisa ler, interar-se dos assuntos, informação, fonte (por fonte leia-se “fonte de informação” e não apenas formatar Time News Roman ou Arial, pra ficar bonitinho no seu blog – ou seria “brog?”). E ainda tem gente que é contra a volta da obrigatoriedade do diploma... Tá, obrigatório não é, mas dá-se preferência... Ao menos um diploma, certo?
             Maldita vodka, mas... hoje é sexta-feira!
             Onde é mesmo o Haiti? Perdi o mapa em alguma gaveta desse meu mundinho on the rocks.

terça-feira, 2 de março de 2010

TRÊS LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS DO ENSINO MÉDIO MENCIONAM BLOCOS ONLINE:



À esquerda, a gramática dos Professores Carlos Emílio Faraco & Francisco Moura, "Português: Projetos", Ed. Ática, 2008 (Livro do Professor). Na parte intitulada "Literatura na era da internet" (pág. 430), lista cinco sites, “que trazem teoria sobre linguagem digital, poemas, textos, críticas a respeito deste tipo de literatura”; dois estrangeiros e três brasileiros: Blocos, ECA/USP, e Itaucultural. Quem nos enviou a notícia, a Professora Solange Firmino, nossa colunista de “Mito em Contexto”, comenta que é a primeira vez que ela vê esse tipo de intertextualidade entre a mídia eletrônica e um livro didático. E conclui: “Achei maravilhoso, pois os alunos do ensino médio costumam usar Internet para pesquisa, e dependendo do número que escolas que adotarão a obra, com certeza ganharemos novos leitores digitais”.
No centro, o vol. 2 do livro “Português: Linguagens: ensino médio”, de  Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. 5ª ed., 2005, Ed. Atual/SP, no capítulo Diálogos com a prosa romântica, dentro da parte “Contos de mistério e vampiros, na Internet", o portal é um dos cinco sites citados. É Blocos nos colégios, promovendo a literatura. Informação também de Solange Firmino.
À direita, "Literatura brasileira – Diálogo com outras literaturas e outras linguagens", de William Cereja e Thereza Cochar, Ensino médio, 4ª Edição, Atual Editora, 2009, SP. A citação está no Capítulo 48, intitulado de “Tendências da literatura contemporânea", na parte PARA QUEM QUER MAIS NA INTERNET, página 586. A notícia foi enviada por Luiz Otávio Oliani, que acrescenta: "É Blocos divulgando a literatura nos colégios". Blocos é cultura hoje e educação para o amanhã.

Saudade do banheiro de antigamente - Mário Prata


Quero comprar um apartamento de três quartos, sem suite. Repito: sem suíte. Impossível. Ontem mesmo comecaram a construir um de quatro quartos aqui bem na frente do meu. Quatro suites. Será que não se fabrica mais apartamentos e casas como antigamente? Com um só banheiro, comunitário, grande, todo branco de chão vermelho, com janelas para as mangueiras, com banheira grande, branca como devem ser as banheiras?
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Poesia, José Mindlin e saudades!

José  Mindlin(1914-2010)

J á podemos espalhar que de fato existiu
O exemplo bonito e raro
S eria tão bom que isso fosse mais comum...
É maravilhoso ter existido

M indlin, o José amigo dos livros!
I mensa capacidade de saber o que é importante
N ele, a luz se espalha!
D dele, recebemos persistência e cultura
L ivros, livros, livros!
I ntenso brilho de generosidade
N asceu para todos nós!

Clarice Villac