sábado, 30 de junho de 2012

Chá das Cinco

A Jorge Amado

chá de poejo para o teu desejo
chá de alfavaca já que a carne é fraca
chá de poaia e rabo de saia
chá de erva-cidreira se ela for solteira
chá de beldroega se ela foge e nega
chá de panela para as coisas dela
chá de alecrim se ela for ruim
chá de losna se ela late ou rosna
chá de abacate se ela rosna e late
chá de sabugueiro para ser ligeiro
chá de funcho quando houver carunhco
chá de trepadeira para a noite inteira
chá de boldo se ela pedir soldo
chá de confrei se ela for de lei
chá de macela se não for donzela
chá de alho para um ato falho
chá de bico quando houver fuxico
chá de sumiço quando houver enguiço
chá de estrada se ela for casada
chá de marmelo quando houver duelo
chá de douradinha se ela for gordinha
chá de fedegoso pra mijar gostoso
chá de cadeira para a vez primeira
chá de jalapa quando for no tapa
chá de catuaba quando não se acaba
chá de jurema se exigir poema
chá de hortelã e até manhã
chá de erva-doce e acabou-se

(pelo sim pelo não
chá de barbatimão)

Gilberto Mendonça Teles

Do livro: "A hora aberta", José Olympio, 1967, RJ

Aniversários: chegadas e partidas

 

 Aniversário de Gilberto Mendonça Teles (Bela Vista de Goiás/GO)

Falecimento de Chico Xavier (2002, Uberaba/MG):
     "A vida, como a fizeres, estará contigo em qualquer parte" - Chico Xavier

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Guimarães Rosa!

 

Nascimento de João Guimarães Rosa (1908, Cordisburgo/MG), Manuel Antônio de Castro

Literatura

Poesia

Temática cores: Elisa Barreto

Prosa

 Coluna trimensal de Marli Berg: Livros em Blocos

 Coluna quinzenal de Rubens da Cunha: Poeticidades e outras falas

Cineasta e roteirista Nora Ephron morre aos 71 anos

 

Diretora morreu nesta terça-feira (26).
Ela dirigiu 'Julie & Julia' e 'Sintonia de amor', e escreveu 'Harry & Sally'.

 

A diretora e roteirista Nora Ephron, de 'Julie & Julia', que morreu aos 71 anos em 26 de junho de 2012 (Foto: Reuters)

A diretora e roteirista Nora Ephron, de 'Julie & Julia', que morreu aos 71 anos (Foto: Reuters)

A cineasta e roteirista americana Nora Ephron, diretora "Julie & Julia" (2009) e autora de "Harry & Sally - Feitos um para o outro" (1989), morreu nesta terça-feira (26), aos 71 anos. A informação é do site The Huffington Post. Segundo o portal TMZ, Ephron, que ao longo da carreira se tornou uma das maiores grifes dos filmes românticos americanos das últimas décadas, sofria de câncer.

Seu nome consta ainda dos créditos de produções como "Mens@agem pra você" (1998), do qual foi diretora, e "A Feiticeira" (2005), protagonizado por Nicole Kidman. Ela recebeu três indicações ao Oscar, sempre na categoria melhor roteiro original, pelos trabalhos em "Silkwood - O retrato de uma coragem" (1983), "Harry & Sally" e "Sintonia de amor" (1993).

Ao longo da carreira, Nora Ephron contribuiu de modo decisivo para a associação de alguns astros de Hollywood a certo gênero de cinema, feito de produções leves e tidas como "açucaradas". Isso se deu notadamente com Meg Ryan e Tom Hanks. Ao lado de Ryan, ela fez aquele que talvez seja o seu principal trabalho, "Harry & Sally", coestrelado por Billy Cristal.
O longa - que mostra um casal de jovens que, recém-chegados a Nova York, criam uma amizade a despeito das muitas diferenças de valores - legou ao menos uma cena lembrada com frequência. Aquela em que a personagem de Ryan simula um orgasmo em público, durante uma conversa numa lanchonete lotada.
A atriz voltou a trabalhar com Ephron em "Sintonia de amor" e "Mensagem pra você". Em ambos, atuou ao lado de Hanks. No período que separou os lançamentos dos dois longas, o ator faturou seus dois Oscar - por "Filadélfia" (1993) e "Forrest Gump" (1994).
Em seu obituário, o Huffington Post cita um perfil de Nora Ephron escrito por Ariel Levy e publicado em 2009 na revista "New Yorker". "Ela era a mais engraçada das feministas, ou pseudofeministas, dependendo do ponto de vista", observou Levy. No texto, ele comenta também um dos relacionamentos de Ephron: "Carl e Nora foram Brad [Pitt] e Jen [Jennifer Aniston] do começo dos anos 1980".

O "Carl" citado é Carl Bernstein, um dos principais jornalistas dos Estados Unidos, com quem ela esteve casada entre 1976 e 1980 e teve dois filhos. Bernstein ganhou notoriedade graças à cobertura - em parceria com Bob Woodward - do chamado "caso Watergate", escândalo político que, noticiado pelo jornal "Washington Post" nos anos 1970, desencadeou a renúncia do então presidente do país, Richard Nixon.
Desde 1987, Nora Ephron era casada com o jornalista e escritor Nicholas Pileggi, 89. Ele é autor do livro "Wiseguy", adaptado para o cinema em 1995 por Martin Scorsese, como nome de "Cassino".

Em foto de 1978, a cinesta e roteirista Nora Ephron, morta em 26 de junho de 2012, posa ao lado do então marido, o jornalista Carl Bernstein, em Nova York (Foto: Richard Drew/AP)

Em foto de 1978, Nora Ephron posa ao lado do então marido, o jornalista Carl Bernstein, em Nova York (Foto: Richard Drew/AP)

http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2012/06/cineasta-e-roteirista-nora-ephron-morre-aos-71-anos-diz-site.html

sábado, 23 de junho de 2012

COMO PAGAR A DIVIDA

 

(COMENTARIO na Radio Metrópole/Salvador/ 21.06.2012)

Cheguei em Atenas há poucos dias, ou melhor, no dia exato em que ocorreu a eleição que deveria decidir se a Grécia iria ou na permanecer na Zona do Euro. Diziam que se o novo governo rejeitasse o Mercado Comum Europeu, a Grécia estaria definitivamente perdida.
Por isto, embora tenha vindo para... um encontro de literatura, trouxe no bolso um plano para salvar a Grécia. Se a vida inteira tentei salvar o Brasil, porque não salvar também a Grécia? E o plano, vocês vão ver, tem a sua lógica. Trata-se de salvar um país através da cultura, e é o seguinte: em matéria de dívidas, nós é que somos todos devedores da Grécia. Se tirarmos Sócrates, Platão, Aristóteles (sem falar em uma dezena de outros pensadores gregos) a filosofia simplesmente acaba. Se tirarmos Sófocles e suas tragédias e o teatro grego as suas comédias, o teatro ocidental fica desorientado. Nem Nietszche nem Heidegger existiriam sem a Grécia. O que seria da psicanálise sem “complexo de Édipo” em Freud. O que seria de nosso vocabulário. E a riqueza dos mitos gregos? E eu nem falei ainda da ciência, da matemática, da arquitetura. E o conceito de democracia, de onde vem?
Em síntese: se nos tirássemos Homero da história da literatura ela perdia seu fundamento principal. Ha algum tempo a atriz Melina Mercuri, quando Ministra da Cultura sugeriu que todos os países que roubaram monumentos gregos, os devolvessem.
Eu vou mais longe e começo por dizer que nós é que temos que pagar a divida para com a Grécia. Quantos milhões de pessoas no mundo vivem da cultura grega. Ninguém paga aos gregos pelos direitos autorais. Quantos editores, professores, atores, tradutores vivendo `as custas da cultura grega? O mundo acadêmico desabaria na América e na Europa sem a Grécia. Querem saber?: nem o Renascimento italiano a que devemos tanto, existiria se não fosse a Grécia.
Meu plano é simples: com o apoio da UNESCO criar o imposto sobre tudo o que importamos e usamos da cultura grega. Que os gregos modernos continuem simplesmente com suas oliveiras, dançando e quebrando pratos, abrindo suas ilhas luminosas aos turistas e oferecendo seus museus e ruínas. Nós pagaremos, olímpica e dionisiacamente. para que eles simplesmente existam.
Nossa divida para com a Grécia não tem preço.

Affonso Romano de Sant’Anna

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O Shangrilá de Manaus

 

Era meu tio possuidor de um belíssimo Sinca Chambord, o melhor de sua época, e um dia me convidou para sair com ele naquele carro, à noite, depois do escritório, para acompanhá-lo a um cabaré.
Naquele tempo eu trabalhava com ele, escrevendo cartas comerciais, pedidos aos fornecedores, essas coisas.

Saímos para o Cabaré “Shangrilá”, que ficava afastado de Manaus, numa estrada escura e no meio da selva.

O lugar era excelente, ventilado, ecológico, tranquilo. A iluminação propositalmente fraca não permitia deixar ver quem estava no salão.

Tomamos uma mesa, pedimos uma cerveja, meu tio contente, alegre, como se jovem fosse, foi dançar com uma das mulheres que circulavam por ali, mulheres agradáveis e educadas, algumas até belas.

Aquilo era uma espécie de clube.

Mas tinha um detalhe: repetia a música, que se retornava lentamente, que ia e vinha, entre outras, a composição de Rafael Hernandez, na versão de Lourival Faissal, na excelente voz de Emilinha Borba. Um clássico.

Assim se passaram dez anos
Sem eu ver teu rosto
Sem olhar teus olhos
Sem beijar teus lábios assim
Foi tão grande a pena
Que sentiu a minha alma
Ao recordar que tu
Foste meu primeiro amor

Era a música do momento, o grande sucesso do momento.

Apesar de eu ser menor, quinze dezesseis anos se tanto, eu tinha um copo de cerveja comigo. Ninguém se importava com isso, ali tudo era permitido, desde que discreto.

Era um mundo muito tranquilo, aquele.

A dança se arrastava, lenta, repetida, pois o toca-disco daquela “eletrola” estava com o tempo levemente atrasado, um tempo lento, inebriante, embriagador.

Foi quando uma jovem do interior, muito jovem, quase uma menina, sentou-se na minha mesa, veio fazer-me companhia, enquanto meu tio dançava e desaparecia com sua parceira.

- Como é seu nome - perguntei, tímido.

- Lindalva – ela me respondeu, rindo-se.

Ela tinha um sorriso belo, iluminava tudo, a penumbra, a escuridão.

E disse-me que era nova por ali, mas muito requisitada pelos homens de idade, e que estava esperando um freguês importante. Ela estava comprometida com ele, tinha de esperá-lo.

Mas me disse que estava querendo um novo amor, algo sério. Queria casar, ter uma casa e filhos para cuidar.

Na caixa de som, Emilinha Borba cantava, tristonha – “assim se passaram dez anos”... – e se podia ouvir o arrasta-pé dos pares na sala. E um perfume barato, um perfume suburbano, subia aos ares misturado com a fumaça dos cigarros.

E assim, não se passaram dez, mas cinquenta anos.

Mas eu nunca esqueci a menina Lindalva.

Nós não nos tocamos, mas o mundo girou ao nosso redor.

Depois de muito dançar, meu tio voltou, pagou a conta e nós nos retiramos.

E só. E como diz a música:

Foi tão grande a pena
Que sentiu a minha alma
Ao recordar que tu
Foste meu primeiro amor

Rogel Samuel

domingo, 10 de junho de 2012

Morre Ivan, um garoto da fuzarca

Confesso que ficava todo orgulhoso por saber que vivia – faz apenas 20 dias hoje – na mesma cidade que Ivan Lessa escolhera para morar, o que acontecia desde 1978. Se tiro um sarro que sou um lobo solitário por aqui, fiquei muito mais agora depois que soube de sua morte.
Pode ser que a moçada que lê um site como o da ESPN, com o conteúdo voltado muito mais para os esportes, nunca tenha ouvido falar em Ivan Lessa. Lido, muito menos. Mas, antes de qualquer estranheza, quero informar que Ivan Lessa foi craque de futebol de praia nos anos 50 e que era torcedor fanático do Botafogo. E mais: acompanhava, mesmo daqui de Londres, tudo sobre futebol brasileiro e mundial.
Não fui seu amigo, mas conhecia-o de vista na época do “Pasquim” e da boemia desenfreada no Jangadeiros, Álvaro’s, Degrau e Cia. Quando jovem, mas já repórter do Jornal do Brasil, devorava seus textos no Gip-Gip Nheco- Nheco, e com seu heterônimo Edélsio Tavares nos “Diários de Londres.”, ambos nas páginas do “ Pasquim.” Mais tarde, acompanhava seus textos onde pintassem; em revistas mensais, cadernos especiais e suplementos literários.
Por uma desses acasos da vida, fui seu companheiro – ele nunca soube disso e não tem a menor importância -- no jornal Canja, especializado em música, que abri e fechei com meu mestre Sérgio de Souza. Não sei se foi Carlito Maia, acredito que sim, que conseguiu que ele escrevesse para a gente. E assim foi feito durante alguns meses, até o bravo “Canja” bater as botas.
Era uma honra ter Ivan Lessa nas páginas do jornal. Além de escrever admiravelmente bem, conhecia muito de música. De Francisco Alves a música pop inglesa. E adorava Aldir Blanc e mais recentemente o Guinga. Predileções que faziam eu gostar ainda mais dele, porque batem com as minhas.
Andava meio sumido, muito doente e sem sair de casa. Com enfisema pulmonar e sérios problemas respiratórios. Mas manteve até o fim a coluna três vezes por semana no site da BBC. Foi cobrado até sua morte, sexta-feira passada, por nunca ter voltado ao Brasil e por não ter escrito “ o romance de sua geração.” Numa entrevista que deu ao excelente Geneton de Moraes Neto, em 2000, ele explica os porquês ( entre na internet que você encontra, vale a pena).
De seus livros, li apenas “Garotos da Fuzarca”, de 1986, contos divertidíssimos e uma aula de bom gosto e erudição. Agora, irei atrás de dois outros que escreveu: “Ivan vê o mundo” e “ O luar e a rainha.”
Se não estivesse vivendo aqui em Londres, talvez não escrevesse sobre Ivan Lessa. Mesmo porque eu não escrevia havia algum tempo. E também porque escrever sobre um cara assim, é um atrevimento. Mas, com certeza, o vazio que sinto no peito seria o mesmo.
Lamento, morando aqui em Londres, ter perdido a chance – sei que Ivan era meio arredio e não dava trela a qualquer um – de trocarmos figurinhas principalmente sobre musica e futebol, duas paixões onde, acredito, não faço feio. Uma pena! Como disse Geneton, “ a taxa de mediocridade acaba de dar um enorme salto: Ivan Lessa saiu de cena .E, com ele, um Brasil que ele criou, em Londres, para o consumo próprio.”
Valeu Ivan!

por José Trajano, de Londres (Inglaterra), blogueiro do ESPN.com.br

http://espn.estadao.com.br/josetrajano/post/261861_MORRE+IVAN+UM+GAROTO+DA+FUZARCA

sábado, 9 de junho de 2012

Aniversário de Urhacy Faustino



    Eu sou a garça branca que vive em bando
    é sempre verde o meu olhar
    sobre o povo os campos e o mar.
    não rumino miséria nem sentimento hostil
    sobre estas terras descobertas num abril.
    tenho — sem vergonha de dizer —
    uma inexplicada paixão extremada,
    por esta minha pátria amada.
    minha terra tem olavo castro alvares e palmeiras,
    tem helena maju kk cida sandra nilza banderas
    minha terra tem cecília coralina alice e garças,
    tem leminski behr gutfreind quintana graças.
    minha terra tem leila e uma enorme riqueza
    de sentimentos, letras, versos e beleza.
    Urhacy Faustino

MAL DE AMOR

 

Cresci ouvindo dizer num tom sempre abaixo do normal, que Dona Cecília sofria de mal do peito, ostentava olheiras, que alternavam entre o verde escuro e o roxo anilado, e nas subidas parava duas vezes, para retomar o fôlego. Suas filhas, nem namoravam por medo das escolhas equivocadas e de provocar desgosto para a mãe doente.
O marido fora avisado ao se casar do mal que a acometia, mas por amor quis compartilhar com ela o seu resto de vida.
Não foram poucas as pessoas que avisaram ao seu pretendente sobre o mau negócio; porém ignorou, e curiosamente Dona Cecília conseguiu ter duas filhas e um filho temporão, apesar dos três abortos nos primeiros anos do casamento.
Vinte anos passados, Vicente, o esposo, parecia realizado e agradecido a Deus pela escolha praticada.
Em 1979, ao contrário do que se esperava, veio ele a falecer. Descobriu-se, com isso, que ele sofria do coração "no último furo", como se dizia por aquelas bandas. E ninguém prestava atenção nele, aparentemente tão forte!
Por amor, fundiu o seu coração com o dela, órgão depositário do seu nobre sentimento. Depois da morte do marido, Dona Cecília resolveu mudar-se para o Triângulo Mineiro. Lá, estranhamente, encontrou a saúde: sumiram as olheiras e os declives das ruas não representavam obstáculo para suas longas caminhadas. Suas filhas nunca se casaram, mas pela notícia mais recente vivem felizes, com a mãe e o padrasto.

Stella Tavares

Do livro: O adestrador de sentimentos, Ed. da autora, s/ano, Resende/RJ

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Poesias de Mauro Sampaio

 

NOSTALGIA
Ah! o tempo das esquinas coloridas
E palradoras!


POEMA

Os primeiros caminhos são ingênuos.
À noite
A saudade tece um pássaro de sonhos.

Mauro Sampaio

Do livro: O avesso da memória, Ed. autor, 1992, Campinas/SP

segunda-feira, 4 de junho de 2012

PESSOAS MAL-HUMORADAS

Algumas pessoas têm uma tristeza crônica. Ou um mal humor tão enraizado que nem elas mesmas percebem, algo como uma chatice, implicância, um desânimo total.
Outro dia entusiasmadíssima fui contar um acontecimento da minha vida para uma dessas pessoas. Estava tão feliz que por algum tempo apaguei da minha memória seu estilo de mal dizer a vida.

Primeiro que não atendeu ao telefone. Lá pela terceira chamada, alguém atende e peço que lhe levem o telefone. Bastou ouvir o “Alô” para que eu voltasse a colocar os pés no chão. Era um “Alo” do tipo, “quem resolveu interromper meu processo de morte? “.
— “O que você quer?” vem no lugar de “Oi tudo bem?”
Imediatamente calei meu coração alegre e escondi minhas novidades que certamente incomodariam profundamente meu ouvinte e lasquei:
Só liguei para saber como você está!?
— Ah, você não sabe, estou mal porque......

E aí surge uma enorme lista como o funcionário que faltou, a máquina que estragou, a prestadora de serviço que falhou, o gerente do banco que ligou para ir fazer o cadastro pela enésima vez, o combustível que aumentou, o mecânico que o enganou, o vizinho que reclamou do barulho, a entrega que atrasou, a dor de cabeça, o chiado no peito, o joelho que falhou, o remédio que faltou, o médico que viajou e as mazelas continuam em um sem fim de acontecimentos que te fazem perguntar como realmente que o individuo ainda está vivo.
E..... ops a ligação caiu e agora ele vai poder incluir na lista que os telefones estão péssimos hoje e continuar com seu azedume.
Sem dúvida, algumas pessoas não foram feitas para compartilharem bons momentos.... penso que de tão despreparadas podem não passar bem.
Melhor não incomodar com boas notícias!

Eliziane Pacheco

domingo, 3 de junho de 2012

Carlos Assis e sua prosa…

Calçada x pedestre

Por alguma razão que desconheço, no bairro onde moro as pessoas andam mais pelo meio da rua em vez de andar pela calçada.
Agindo deste modo expõem-se a serem atropelados gratuitamente. Afinal, quem dirige um carro, tem de prestar atenção em várias coisas a um só tempo. E basta uma leve distração para acontecer uma tragédia. Isto quando o motorista não esta drogado, bêbado ou transtornado.
A calçada mesmo danificada e mal cuidada anda assim é um fator de segurança para o pedestre. Bem ou mal dá proteção as pessoas.
Mas falta educação ao transeunte.
O quê dizer então de atravessar na faixa de segurança, se na maioria das avenidas da cidade simplesmente não existem faixas em quantidade.
Na cidade de São Paulo a prioridade da prefeitura são os automóveis, a razão é do ponto de vista econômico: proprietários de carros pagam mais impostos.

O fim da era do automóvel
Precisamos mudar a visão dos nossos governantes que inexplicavelmente priorizam o automóvel como a grande necessidade das grandes cidades, enquanto o transporte público é insuficiente, além de ser inadequado para o atendimento da maioria população.
Se as pessoas continuarem a comprar carros para se deslocarem dentro dos grandes centros urbanos, algumas medidas deverão ser tomadas,para se obter um controle sobre o fluxo do trânsito:
Deveremos aumentar a tributação sobre os automóveis.
Aumento dos impostos sobre garagens e estacionamentos.
Aumento da fiscalização sobre os itens de segurança dos veiculos.
Aumento do período de rodízio no centro.
Inclusão de novas areas da cidade com proibição de trânsito.
Aumento do número de ciclovias.
Melhoria das calçadas e das passarelas sobre as avenidas.
Disponibilizar faixas nas avenidas para a circulação de motocicletas.
Criação de pedágio em algumas áreas da cidade.
Aumento do preço da zona azul e redução das zonas azuis.
Aumento dos locais onde não se pode estacionar.
Criação de bolsões de estacionamento ao lado das estações de trens, metrô e terminais de ônibus.
Criação de novas faixas privativas para ônibus.

Carlos Assis

sábado, 2 de junho de 2012

RUAS


há mais de meio século
ando por aí
há sessenta e um anos
cruzo rio brasília
londres são paulo quito
cidade do méxico lisboa
amsterdan nova york
a pé
mix
de finalidade interior
e casualidade exterior
tudo me interessa
os olhos
não usam viseira
nem os ouvidos
capota
o nariz
eu trago atento
o tato
bem apurado
absorvo impressões
de outros
que caminharam
por mim
em minha caminhada
pelos outros
paisagens
urbanas
suburbanas
superurbanas
me constroem
o tempo todo
em que eu
ando e paro
paro e ando
reparando
do que é feito
o conteúdo
da caixa preta
do planeta

Chacal

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Indicação de Ariano Suassuna ao Nobel é “excelente” para literatura brasileira

 

Especialistas comentam a candidatura do autor ao prêmio máximo das letras internacionais

Foto: Divulgação

O escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, 84 anos, foi escolhido pelo Senado como "candidato oficial" do Brasil ao prêmio Nobel de Literatura. A indicação, feita pela Comissão de Relações Exteriores da instituição, foi aprovada nesta segunda-feira (dia 28). Agora, o encaminhamento do nome de Suassuna à Academia Sueca será feito com colaboração do Itamaraty.

Calcula-se que a Academia Sueca receba milhares de indicações por ano - a entidade não divulga quais candidaturas foram aceitas ou não. O vencedor é anunciado em outubro, a partir de uma lista de cinco finalistas.

O jornalista e editor Cassiano Elek Machado considera a escolha de Suassuna "excelente" para a literatura do país. "Ele é um dos autores brasileiros mais importantes do século 20, que criou uma maneira de narrar e um universo simbólico muito ricos", diz. "Mas é preciso saber até que ponto ele é bem traduzido e publicado no exterior. Sem isso, é muito difícil que o Nobel seja dado para ele."

"É uma batalha", resume Flavio Moura, ex-curador da Festa Literária de Paraty (Flip), ao comentar o quanto é difícil para autores brasileiros serem publicados em outras línguas. "Machado de Assis é publicado nos Estados Unidos, Clarice Lispector na França, Jorge Amado é bastante traduzido. Mas, entre os vivos, tirando o Paulo Coelho, é muito difícil."

Leia também: Sueco Tomas Tranströmer é o ganhador do Nobel de Literatura

Suassuna já teve obras traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, italiano, holandês e polonês. Mas não para o sueco, língua dos eleitores do Nobel. Outra dificuldade é que faz relativamente pouco tempo que a lígua portuguesa foi premiada - 1998, com José Saramago. E o penúltimo ganhador é sul-americano: o peruano Mario Vargas Llosa.

Por outro lado, a relevância política e econômica que o Brasil ganhou nos últimos anos pode ser um fator positivo. "O Nobel tem uma questão geopolítica que não pode ser esquecida", explica Machado. Nesse sentido, a obra de Suassuna ganharia pontos por ser "tipicamente brasileira".

"Ariano Suassuna é um autor muito ligado a um tipo de pós-regionalismo. Há uma identificação grande entre a obra dele e o Brasil que o estrangeiro quer ver", diz Flavio Moura. "Isso não acontece, por exemplo, com autores de importância parecida, como Rubem Fonseca e Dalton Trevisan."

Nascido na Paraíba em 1927, Suassuna mudou-se para Pernambuco na década de 1940. Em 1947, escreveu sua primeira peça, "Uma Mulher Vestida de Sol". Na década de 1950, produziu obras como "O Auto da Compadecida" (1955) e "O Santo e a Porca" (1957), incontornáveis para quem quer entender a literatura brasileira do século 20.

Na década de 1970, lançou o Movimento Armorial, com o objetivo de criar arte erudita a partir de elementos da cultura popular, como literatura de cordel e música de viola. Seu livro "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta", de 1971, é baseado nesses preceitos.

O Nobel é o mais importante prêmio de literatura do planeta. Instituído em 1901, é concedido anualmente a um autor pelo conjunto de sua obra. Os vencedores são escolhidos pela Academia Sueca. O valor do prêmio é de cerca de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a R$ 2,75 milhões.

Até hoje, José Saramago foi o único escritor em língua portuguesa a ganhar o Nobel. Entre os brasileiros, o baiano Jorge Amado e o pernambucano João Cabral de Melo Neto já foram citados como possíveis concorrentes. Mas eles morreram em 2001 e 1999, respectivamente, sem serem premiados.

Veja abaixo os últimos ganhadores do Nobel de Literatura:

2011 - Tomas Tranströmer (Suécia)
2010 - Mario Vargas Llosa (Peru)
2009 - Herta Müller (Alemanha)
2008 - Jean-Marie Gustave Le Clézio (França)
2007 - Doris Lessing (Inglaterra)
2006 - Orhan Pamuk (Turquia)
2005 - Harold Pinter (Inglaterra)
2004 - Elfriede Jelinek (Áustria)
2003 - John M. Coetzee (África do Sul)
2002 - Imre Kertész (Hungria)
2001 - Vidiadhar Surajprasad Naipaul (Trinidad e Tobago)

Veja as principais obras de Ariano Suassuna:

1947 - "Uma Mulher Vestida de Sol"
1949 - "Os Homens de Barro"
1950 - "Auto de João da Cruz"
1952 - "O Arco Desolado"
1953 - "O Castigo da Soberba"
1954 - "O Rico Avarento"
1955 - "Auto da Compadecida"
1957 - "O Casamento Suspeitoso"
1957 - "O Santo e a Porca"
1958 - "O homem da Vaca e o Poder da Fortuna"
1959 - "A Pena e a Lei"
1960 - "Farsa da Boa Preguiça"
1962 - "A Caseira e a Catarina"
1971 - "O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta"
1976 - "História d'O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao sol da Onça Caetana"
1980 - "Sonetos com Mote Alheio"
1985 - "Sonetos de Albano Cervonegro"
1987 - "As Conchambranças de Quaderna"

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2012-05-29/indicacao-de-ariano-suassuna-ao-nobel-e-execelente-para-literatu.html