terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A AMÉRICA DE VESPUCCI E O BRASIL DE PEDR’ÁLVARES

    Quem descobriu o Brasil?
    Errou quem respondeu Pedro Álvares Cabral, a 22 de abril de 1500. Quem descobriu o Brasil foi o capitão espanhol Vicente Yañez Pinzón (ex-comandante da Niña), a 26 de janeiro de 1500, tendo chegado à ponta de Mucuripe, dez quilômetros ao sul da capital do Ceará (sem qualquer relação com o Monte Pascoal ou com Porto Seguro).
    E por quê batizaram o Novo Continente com o nome de “América” — se ele havia sido descoberto, em 1492, por Cristóvão Colombo e não por Américo Vespúcio? Simplesmente porque o astucioso parente de Simonetta Vespúcio (a mesma que serviu de modelo para “O Nascimento de Vênus”, de Botticelli), Américo, participou de algumas das primeiras incursões ao Mundus Novus (ao lado dos navegadores Alonso de Hojeda e Gonçalo Coelho), tendo redigido cartas a Lorenzo de Médici --- que correram a Europa e que, impulsionadas pelas técnicas de impressão de um certo Johann Gutenberg, chegaram ao revisor alemão da obra do geógrafo Ptolomeu, Martin Waldesemüller, o qual decretou: “Agora que uma outra parte do mundo, a quarta, foi descoberta por Americum Vesputium, de nada sei que nos possa impedir de denominá-la, de direito, Amerigem, ou América, isto é, a terra de Americus, em honra de seu descobridor, um homem sagaz, já que tanto a Ásia como a Europa receberam nomes de mulheres.”
    E você sabia que alguns dos nossos principais acidentes geográficos litorâneos foram nomeados de acordo com o calendário litúrgico? Pois é verdade. Assim foi para o cabo de Santo Agostinho (avistado a 28 de agosto de 1501), bem como para o rio São Francisco (de 4 de outubro), para a baía de Todos os Santos (de 1º de novembro), para um Rio que despontava em Janeiro (na aurora de 1502) e para uma esplendorosa enseada que, no dia 6 do mesmo mês, ganhou o nome de Angra, dos Reis.
    Essas e outras Histórias compõem os dois providenciais volumes lançados pela Editora Objetiva, na coleção Terra Brasilis, e que levam a assinatura de Eduardo Bueno --- jornalista por profissão, historiador par excellence. Volumes que resgatam o gosto pelas nossas origens e pela nossa identidade tão em baixa hoje em dia. São eles: “A Viagem do Descobrimento” e “Náufragos, Traficantes e Degredados”.
    O primeiro narra desde as peripécias de Bartolomeu Dias, no costeamento da África, na superação do Cabo das Tormentas (posterior Cabo da Boa Esperança); remetendo à infância da colônia romana de Portus Calle, à formação da Península Ibérica; passando pela mitológica Escola de Sagres, de D. Henrique, aperfeiçoadora do astrolábio e da balestrilha; tempo de Barcha, de Caravela (diminutivo de “caravo”, lagosta) e de Nau (nave, em latim); desembocando em D. João II, na chegada à Índia, por Vasco da Gama, na “Volta ao Mar” — e, finalmente, na viagem de Pedro Álvares Cabral, mais um “filho de algo”, um militar, do que um navegador propriamente dito.
    O segundo volume pretende preencher a lacuna de 30 anos (de 1500 a 1530), em que o Brasil ficou “abandonado” por Portugal (que não via muito futuro na “Terra dos Papagaios”). Um período fundamental na etapa de formação do país, de sua etnia e de seu papel no contexto comercial da época; mas um período solenemente ignorado pela Historiografia dita Oficial --- que num rasgo de simplificação didática, pula de Cabral direto para Martim Afonso de Souza e para as Capitanias Hereditárias.
    Bueno, pelo contrário, aborda essas incipientes décadas com cuidado e abundância de detalhes, recontando desde as primeiras expedições do genôves Cristóvão Colombo, dos espanhóis Alonso de Hojeda e Diego de Lepe, e do fiorentino Américo Vespucci (traçando o perfil de cada um e listando seu feitos, defeitos e glórias) até João Dias de Solis e o encontro com o tesouro do Império Inca, até a superação do estreito por Fernando de Magalhães (que batizou o Pacífico); fechando com as proezas do Bacharel da Cananéia, de Caramuru e de João Ramalho — nossos brasilianistas inaugurais.
    Louvável também, em ambos os livros, a ênfase dada ao relacionamento entre as tribos que na América do Sul habitavam (Potiguar, Tabajara, Tupiniquim, Tupinambá, Carijós, Goitacá, Charrua, Incas) e os primeiros exploradores/colonizadores. Preservando os registros memoráveis dos encontros entre europeus e aqueles homens “pardos, sem nenhuma coisa que lhes cobrisse suas vergonhas”. Homens sem “fé, lei ou rei”, sem “nenhuma idolatria, crença ou adoração”, homens que não reconheceram em Cabral um chefe “pois disso não entendem nem tomam conhecimento”, conforme escreveu nosso primeiro estilista, Pero Vaz de Caminha.
    Guardando-se, inclusive, as descrições dos eventos antropofágicos, como a de Américo Vespúcio, presente em uma de suas Lettere: as nativas “o apalpavam e o examinavam com grande curiosidade... Então as outras mulheres imediatamente o arrastaram pelos pés para o monte, ao mesmo tempo em que os homens, que estavam escondidos, se precipitavam para a praia armados de arcos, crivando-nos de setas, pondo em tal confusão a nossa gente, que ninguém acertava lançar mão das armas, devido às flechas que choviam sobre os barcos. Disparamos quatro tiros de bombarda, que não acertaram, mas cujo estrondo os fez fugir para o monte, onde já estavam as mulheres despedaçando o cristão e, enquanto o assavam numa grande fogueira, mostravam-nos seus membros decepados, devorando-os, enquanto os homens faziam sinais, dando a entender que tinham morto e devorado os outros dois cristãos.”
    Tudo isso finamente ilustrado com gravuras, mapas, quadros, bibliografias e notas assaz esclarecedores.
    Afinal o Brasil merece toda essa atenção para com a sua Memória. Cabe, agora, aos brasileiros tomar contato com esse admirável trabalho.
    Voluntários?


J. D. Borges

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

RIMBAUD À SUA MÃE

 

                                                Aden, 18 de novembro de 1882.

            Cara mamãe,
            Recebi sua carta de 27 de outubro onde você diz ter recebido os 1.000 francos de Lyon.
            O aparelho custa, como você diz, 1.850 francos. Passei-lhes um telegrama hoje: "Paguem com o meu dinheiro do ano passado", isto é, retirem o excedente de 1.000 francos dos 2.500 francos que enviei o ano passado.
            Tenho 4.000 francos aqui; mas estão depositados junto ao Tesouro Inglês e não posso retirá-los sem despesas. Além disto, precisarei deles em breve.
            Portanto, retirem 1.000 francos dos que lhes enviei em 1881: não posso me arranjar de outra forma. Pois o que tenho no presente, quando estiver na África, poderei usar para negócios que me darão o triplo de lucro. Se eu os incomodo, peço mil desculpas. Mas não posso me descapitalizar no momento.
            Quanto ao aparelho, se ele estiver bem acondicionado, certamente os lucros cobrirão as despesas. Não tenho dúvidas quanto a isto. Em todo caso, sempre poderei revendê-lo com lucro. A sorte está lançada, vamos ver no que dá.
            Escrevi-lhe ontem e anexei um pedido de livros no valor de aproximadamente 200 francos. Rogo-lhes que os enviem a mim, como indiquei, sem falta.
            Voltarei à Harar como agente de Casa e trabalharei seriamente. Espero reunir quinze mil francos até o fim do ano que vem.
            Ainda uma vez, perdoem-me pela confusão. Não acontecerá outra vez. Só que, não esqueçam os livros.
            Do inteiramente seu.,

                                                 RIMBAUD

Do livro: "A Correspondência de Arthur Rimbaud", col. Rebeldes Malditos, L&PM, 1983, RS

domingo, 29 de janeiro de 2012

Amor se faz na cozinha

Depois das refeições, Vitalina recolhia-se à cozinha. Lavava a louça, enxugava os pratos, arrumava os talheres na gaveta, sacudia a toalha de mesa e pendurava o pano de prato no varal do quintal. Depois, servia-se de um cálice de vinho do Porto, acendia um cigarro, sentava-se à velha mesa e ligava o rádio.
As notas de Moon Light Serenade aninhavam-se no bolso de seu avental que não era sujo de ovo, mas guardava estrelas. Sílvio Caldas, talvez por ciúmes de Duke Ellington ou por não resistir a um regaço moreno, aveludava ainda mais a voz e cantava só para ela. Vitalina gostava desses galanteios.
Cresci dentro de uma cozinha que cantava e recitava trechos de antigas novelas. Por premonição estética ou por vergonha de não saber ler, Vitalina tinha na cozinha (para ser usado no futuro) um grosso volume de poesias de Cruz e Souza . Não sabia decifrar as letras, mas aprendera a gostar do moço que morava dentro do livro. Ah, o livro. Um livro que aprendeu a falar à medida que na escola eu conhecia as letras. E, quando cheguei ao Z e ao domínio dos verbos, dos pronomes, das conjunções, dos hiatos e dos objetos diretos e indiretos, o moço do livro soltou a fala. Disse que era um poeta. Vitalina gostou tanto de suas palavras, que lhe pediu para trazer os amigos "para uma prosinha". O moço não se fez de rogado e trouxe um animado bando que, num piscar de olhos, transformou a velha cozinha num recanto boêmio.
Todos os dias, enquanto Vitalina refogava o feijão ou assava um bolo, lá se reuniam Neruda, Eluard, Camões, Castro Alves, Gregório de Matos, Rimbaud, Allen Ginsberg, Baudelaire, Elisabeth Bishop, Pound, Augusto dos Anjos, Dorothy Parker, Lorca... para beber licor de jenipapo ao som da Rádio Nacional e das histórias que Vitalina tão bem narrava.
O endereço da boemia espalhou-se, e vieram os pintores. Picasso ficou maluco com os potes de barro que Vitalina ganhara de Mestre Vitalino. Dali levou Gala. Goya chegou desacompanhado. Degas apareceu com umas bailarinas. Vieram muitos, aos bandos.
Os atores chegaram por último (trabalhavam até tarde), acompanhados por amigos cantores. Maria allas chegou com Theda Bara, uma chegada triunfal; Callas nas vestes de Medéia, e Theda nas de Cleópatra. Procópio Ferreira surgiu com um querubim baixinho chamado Grande Otelo; Cacilda Becker com Pixinguinha e Donga; Fernanda Montenegro com uma nereida chamada Chiquinha Gonzaga. E foram tantos que lá foram, que eu poderia jurar que Eurípedes e Shakespeare também por lá apareceram.
Aos domingos, as mulheres da minha família se reuniam, e Vitalina narrava as artes da boemia. Ninguém se espantava. Afinal, eram bruxas, e se bruxas podiam voar em vassouras por que seria impossível poetas saírem dos livros, pintores surgirem das telas, atores representarem à mesa e cantores fugirem dos discos? Não, as "artes" não eram nada improváveis.
Os anos se passaram e a boemia cresceu. Vieram os vizinhos e em pouco tempo o bairro inteiro. Vitalina cozinhava e o improvável acontecia. Os noivos se casavam, os feios embelezavam, os malvados adocicavam, e os velhos rejuvenesciam. Um dia, Deus, que já estava cansado - e com ciúmes - de ouvir as histórias da tal boemia, não resistiu ao cheirinho do bolo que Vitalina assava e a chamou para viver com Ele.
Vitalina aceitou o convite e fez de Deus sua última conquista. Dizem que ela foi a primeira a conquistá- Lo pela boca.

Marcia Frazão

sábado, 28 de janeiro de 2012

Por causa de Marguerite Duras

 

         

Toda tentativa de explicarmo-nos sempre me parece vã. Ao tentar sintetizar o que ou quem somos, deixamos à margem, deliberadamente ou não, razões que desconhecemos as razões. Lançamos mão da racionalidade e relegamos a intuição ao confinamento dos pensamentos ilógicos. É assim com o ato de escrever. Por quê escrevo? Por que certos humanos não sobrevivem sem a escrita? Como eu, reféns das palavras? Pensei, em certo momento, que era tão-somente uma compulsão da Alma; uma necessidade do Espírito, uma imposição do Ser.       
        Percebo, hoje, que é mais.Transcende, ultrapassa toda e qualquer definição baseada na lógica. Podemos enumerar em frases razoáveis, encadeadas até formar parágrafos - pretensamente esclarecedores -, os motivos que nos levam a escrever. Especularmos, com indagações pueris lançadas ao nada, sobre as cem mil sem razões dessa motivação. Criarmos e fundamentarmos, com argumentos lúcidos, teorias e teses para justificarmos essa condição existencial,  esse vício do qual somos presas. Jamais, porém, conseguiremos definir em toda a sua magnitude, com precisão absoluta e incontestável, essa compulsão que nos mantém cativos. Muito menos resumir quem somos.         
        Divago sobre isso provocada por uma mulher. Uma mulher-escritora. Por Marguerite Duras e seu pensamento: "...Escrever é também não falar. É calar-se. É gritar sem ruído." ... Remôo essas três frases desde que as li, numa madrugada com sono e excesso de trabalho. Trabalho escrito. Trabalho sobre a escrita. Trabalho sobre trabalhos escritos. O sono foi-se. A concentração desintegrou-se. As frases persistiram. Ressoam em minhas entranhas, como eco de dúvidas e perplexidades a existência - propósitos ou despropósitos?. Apenas três frases. Três afirmações. Três enigmas para mim.        
          Será que, como eu, ela é uma mulher açoitada por dúvidas, órfã de certezas e opiniões absolutas? Será, como eu, uma mulher atormentada, só perplexidade diante de tudo e todos? Alguém que abdicou cedo demais das expectativas? Ou que cedo demais foi soterrada pelo absurdo da realidade vivida?  Tento digerir, extrair delas toda sua essência. Absorver, gota por gota, o significado de cada palavra, cada frase. Consigo apreender certo sentido - provavelmente diverso do que ela tencionou dar - em cada frase separadamente.

          "... Escrever é também não falar. É calar-se..."  Quando escrevo é o meu silêncio quem fala. Pois que emudeci faz tempo. Se sou obrigada a falar, falo. Mas não digo. E se sou obrigada a dizer, faço-o como ventríloqua de mim mesma.  "... É gritar sem ruído. ..." Sim, fazemos isso. Todo o tempo. Gritamos o desespero das perguntas sem respostas.  Debatemo-nos na busca de razão para o que vemos e compreensão para o que não vemos. Buscamos sentido nas coisas inexplicáveis e coerência no incompreensível. Clamamos por um pouco de paz. Alguns segundos de trégua nessa batalha encarniçada que travamos internamente. E é nesse momento que a escrita surge.
               Sinto que ao escrever, exorcizamos nossos demônios e acalentamos nossos anjos. Pela catarse das palavras, por alguns instantes, libertamo-nos  de nossos fantasmas. Afugentamos temores. Resgatamos lembranças. Concretizamos sonhos. Equilibristas da Vida, isso é o que somos. Só isso. Nada mais. Deslizamos pelo frágil arame da sanidade, tensionado sobre o abismo dos delírios, das paixões, dos desejos. Descobrimo-nos, então, habitantes de um mundo singular. Onírico. Lisérgico. Real em sua irrealidade.
          Nele, conceitos e normas inexistem. Tudo é vago e incerto. Existimos noutra dimensão, onde não há estradas, só descaminhos. Não há tempo nem espaço. Não há lucidez ou loucura. Levitamos no emaranhado de idéias e sensações. Sem amarras. Sem fronteiras. Sem limitações.  Sem disfarces. Sem dissimulações. Sem adornos. Expomo-nos, despidos e desarmados. Frágeis. Vulneráveis. Nesse lugar de subversão, estamos pemanentemente nus. Nus diante de nós mesmo. Nus diante de todos. Nus diante disso que chamam vida. Mas são apenas instantes de fuga. Logo somos sugados de volta ao mundo de cá. E recomeça a busca interminável por respostas que não vêm.
          As perguntas tornam-se uma cantilena. Monótona. Intermitente. As indagações permanecem: "É isso ?!" "É por isso?!" Se há respostas, elas se negam a mim. Não sei hoje. Não espero saber amanhã. Talvez, apenas as vislumbre nos segundos finais de transição entre vida e morte. Se assim for, não terá sido tarde demais.

Simone Salles

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Insone

Está invadido por insônia e madrugada. Anda em substantivos abstratos demais: saudade, desesperança, um certo amor incerto, inquietude. Quer mesmo um pouco de matéria, um outro tanto de palavras tocáveis: dorso, árvore, joelhos, pássaro, pele, mãos imensuráveis desafogando-o.

Sai de casa. Inverso. Reversivo, vai às ruas quando a maioria as deserta. Perscruta a cidade na busca de algo que lhe parecesse concreto. Está tão cego quanto a noite que o cerca. Não há lua visível. Não há escolha nas proximidades. Apenas as calçadas em abandono, uns transeuntes também abandonados. Pensa um pouco na violência que se derrama nas manchetes dos jornais. Sozinho aqui, alvo fácil. Dispensa logo o medo: está na cidade das câmaras. Nada a temer. Alguém o vê agora. Se não está seguro, está sendo visto, todo vago, todo permissivo com a tristeza.

Na solidão das esquinas algumas mulheres também insones comprometem-se aos desfazeres do amor. Tempo espúrio esta noite. Sem máscara, sem sorriso. Só breu no lugar do sangue. A alma exilou-se em algum passado mais ameno, mais manhã. Troca olhares, lembra-se que da ausência de dinheiro. Nestas noites, onde o amor é troca de moedas limita-se ao olhar, ainda gratuito, ainda receptáculo de alguma inocência. Logo a voz aguda da mulher destrói o pouco de inocência: “dez real o boquete, vai querê?”. Aquilo o atemoriza, cava um túmulo abaixo de seus pés: “dez real o boquete”, é como se lhe jogassem terra sobre o vidro do caixão. Sai correndo daquele mundo. Percebe-se vivo, ou morto de outra espécie, mas não daquele mundo. Foge. É seu destino, a fuga.

Volta para casa, o sol quase bate na janela. A boca seca, travosa, bebe um pouco de água. Talvez, durma. Invertido sempre. Não encontrou seus substantivos concretos. Ainda todo abstrato: infeliz, vazio, ausente. Dorme. O sol amarela a cama e vermelha seu rosto.

RUBENS DA CUNHA

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ecologia interior

 

prisma

 

Por um minuto, esquece a poluição do ar e do mar, a química que contamina a terra e envenena os alimentos, e medita: como anda o teu equilíbrio eco-biológico? Tens dialogado com teus órgãos interiores? Acariciado o teu coração? Respeitas a delicadeza de teu estômago? Acompanhas mentalmente teu fluxo sanguíneo? Teus pensamentos são poluídos? As palavras, ácidas? Os gestos, agressivos? Quantos esgotos fétidos correm em tua alma? Quantos entulhos - mágoas, ira, inveja - se amontoam em teu espírito?

Examina a tua mente. Está despoluída de ambições desmedidas, preguiça intelectual e intenções inconfessáveis? Teus passos sujam os caminhos de lama, deixando um rastro de tristeza e desalento? Teu humor intoxica-se de raiva e arrogância? Onde estão as flores do teu bem-querer, os pássaros pousados em teu olhar, as águas cristalinas de tuas palavras? Por que teu temperamento ferve com freqüência e expele tanta fuligem pelas chaminés de tua intolerância? Não desperdiça a vida queimando a tua língua com as nódoas de teus comentários infundados sobre a vida alheia.

Preserva o teu ambiente, investe em tua qualidade de vida, purifica o espaço em que transitas. Limpa os teus olhos das ilusões de poder, fama e riqueza, antes que fiques cego e tenhas os passos desviados para a estrada dessinalizada dos rumos da ética. Ela é cheia de buracos e podes enterrar o teu caminho num deles. Tu és, como eu, um ser frágil, ainda que julgues fortes os semelhantes que merecem a tua reverência. Somos todos feitos de barro e sopro. Finos copos de cristal que se quebram ao menor atrito: uma palavra descuidada, um gesto que machuca, uma desconfiança que perdura.

Graças ao Espírito que molda e anima o teu ser, o copo partido se reconstitui, inteiro, se fores capaz de amar. Primeiro, a ti mesmo, impedindo que a tua subjetividade se afogue nas marés negativas. Depois, a teus semelhantes, exercendo a tolerância e o perdão, sem jamais sacrificar o respeito e a justiça. Livra a tua vida de tantos lixos acumulados. Atira pela janela as caixas que guardam mágoas e tantas fichas de tua contabilidade com os supostos débitos de outrem. Vive o teu dia como se fosse a data de teu renascer para o melhor de ti mesmo - e os outros te receberão como dom de amor. Pratica a difícil arte do silêncio. Desliga-te das preocupações inúteis, das recordações amargas, das inquietações que transcendem o teu poder.

Recolhe-te no mais íntimo de ti mesmo, mergulha em teu oceano de mistério e descobre, lá no fundo, o Ser Vivo que funda a tua identidade. Guarda este ensinamento: por vezes é preciso fechar os olhos para ver melhor. Acolhe a tua vida como ela é: uma dádiva involuntária. Não pediste para nascer e, agora, não desejas morrer. Faz dessa gratuidade uma aventura amorosa. Não sofras por dar valor ao que não merece importância. Trata a todos como igual, ainda que estejam revestidos ilusoriamente de nobreza ou se mostrem realmente como seres carcomidos pela miséria.

Faz da justiça o teu modo de ser e jamais te envergonhes de tua pobreza, de tua falta de conhecimentos ou de poder. Ninguém é mais culto do que o outro. O que existem são culturas distintas e socialmente complementares. O que seria do erudito sem a arte culinária da cozinheira analfabeta? Tua riqueza e teu poder residem em tua moral e dignidade, que não têm preço e te trazem apreço. Porém, arma-te de indignação e esperança.

Luta para que todos os caminhos sejam aplainados, até que a espécie humana se descubra como uma só família, na qual todos, malgrado as diferenças, tenham iguais direitos e oportunidades. E estejas convicto de que convergimos todos para Aquele que, supremo Atrator, impregnou-nos dessa energia que nos permite conhecer a abissal distância que há entre a opressão e a libertação.

Faze de cada segundo de teu existir uma oração. E terás força para expulsar os vendilhões do templo, operar milagres e disseminar a ternura como plenitude de todos os direitos humanos. Ainda que estejas cercado de adversidades, se preservares a tua ecobiologia interior serás feliz, porque trarás em teu coração tesouros indevassáveis

Frei Betto

Fonte: http://www.combonianosbne.org/pg_inicial_04jun07/ecologia_interior.htm
Enviado por Clarice Villac

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A LAGARTIXA

A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.

Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu copo e amoroso leito..
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro não há como teu peito.

Posso agora viver: para coroas
Não preciso no prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais gentis de teus amores

Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me ditoso ela capricha...
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de verão a lagartixa.

                                                                    Álvares de Azevedo

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

DIÁRIO SECRETO

 

 

Li com sofreguidão, com entusiasmo, querendo que o livro de 384 páginas não acabasse, o primeiro volume de “Diário secreto” de Humberto de Campos, livro admirável, empolgante, bem escrito, retrato de uma época, com páginas antológicas sobre a vida cultural da cidade, só comparável com os Jornais de Ascendino Leite que os li todos.

O meu volume está em frangalhos, rasgada a capa, amareladas as páginas e quase soltas... mas qual o quê! O estilo é moderno e ágil, e é incrível como um escritor da geração posterior a de Rui Barbosa, de Euclides da Cunha, de Coelho Neto possa escrever tão plasticamente moderno, sem floreados acadêmicos.

Estou esperando a vinda do segundo volume, que já encomendei a um sebo.

Por quê este livro foi tão amaldiçoado?

Creio que porque faz críticas (e profundas) à Academia Brasileira de Letras, para Humberto uma instituição em decadência.

Humberto veio pobre para Rio, autodidata, e tornou-se o escritor mais popular de sua época.

Vendia muitíssimo!

Vivia do que escrevia, até tornar-se deputado.

A vida política e intelectual do Brasil aparece no seu livro.

O site da ABL fala mal dele, vinga-se.

Grande amigo de Coelho Neto e Bilac, o leitor de Humberto convive com todos os problemas de Neto e do poeta.

Interessante, ou estranho, é que hoje ninguém mais lê Humberto de Campos, e seus livros só se encontram nos Sebos.

Como é vã a glória literária! Como passa tão rápido tudo quanto passa!

Humberto era ateu, doente, trabalhou como simples balconista, morou mal, passou necessidades, não estudou, e morreu pobre e cego. Escreveu dezenas de livros. Era famoso no Brasil todo e no exterior. Conviveu com autoridades e Presidentes da República.

Para mim, até agora, seu Diário, escrito ao longo da vida, é sua obra-prima.

Mas ele escreveu dezenas de livros.

Rogel Samuel

domingo, 22 de janeiro de 2012

A FORTALEZA DE UM ENCONTRO

 

I

Uma parte de mim era tristeza
Que virou felicidade
Procurei e sabia que ia encontrar
Encontrei um amor
Será.

II

Apou Caarã anna
Em Tupy Guarani
Uma lua cheia, uma noite de amor
As margens de um lago
Mais próximo do Criador

III

Quando existe o verdadeiro afeto
Que de uma pequena semente
Se transforma em proporções de milhões
Não há separação entre aqueles que se amam
Até a distância aproxima dois corações.

IV

A tristeza tomava conta de meu ser
Que virou uma alegria
Procurei pela riqueza
Achei a felicidade
Uma Fortaleza.

Marcelo Rissato

sábado, 21 de janeiro de 2012

JÁ, MARFIZA CRUEL, ME NÃO MALTRATA

    Já, Marfiza cruel, me não maltrata
    saber que usas comigo de cautelas,
    que inda te espero ver, por causa delas,
    arrependida de ter sido ingrata.

    Com o tempo, que tudo desbarata,
    teus olhos deixarão de ser estrelas;
    verás murchar no rosto as faces belas,
    e as tranças de ouro converter-se em prata.

    Pois se sabes que a tua formosura
    por força há de sofrer da idade os danos,
    por que me negas hoje esta ventura?

    Guarda para seu tempo os desenganos,
    gozemo-nos agora, enquanto dura,
    já que dura tão pouco a flor dos anos.

                                                                    Basílio da Gama

    Do livro: "Livro dos Sonetos", LP&M Editores, 1996, RS

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O penteado

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A chuva grossa caiu de inopino e pegou Valéria distraída na praça arborizada. Ela deteve-se bem próximo ao meio fio da rua. Eram quase seis horas da tarde e do outro lado da rua uma igreja barroca, portas abertas à prece, esperava  fiéis; em pouco o sino repicaria a ave-maria. Muitas pessoas entravam na igreja apressadas. Pela prece ou pela chuva? Valéria saíra do cabeleireiro com um penteado novo para a festa da noite. Seria desperdício uma bátega de chuva desalinhá-lo. O trânsito já fluía nervoso, anunciando o pico do fim da jornada diária de trabalho. Valéria viu a igreja e nada mais. Atravessaria a rua, rápido, e salvaria o penteado. Pôs o pé no asfalto e avançou o corpo. Um carro furou veloz o sinal vermelho. Nada salvou Valéria nem o seu penteado.

jjLeandro http://www.blocosonline.com.br/literatura/popups/info_autor.php?id_autor=1376&flag=nacional

(Imagem: Julianne Moore para a Harper’s Bazaar do fotógrafo Peter Linderbergh)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

EUA: projeto antipirataria perde força após protesto virtual

 

Apagão da Wikipédia liderou protestos contra projetos de lei antipirataria. Foto: Reprodução

Apagão da Wikipédia liderou protestos contra projetos de lei antipirataria
Foto: Reprodução

Proeminentes congressistas americanos retiraram, nesta quarta-feira, o apoio à lei antipirataria discutida no Senado dos Estados Unidos após forte pressão de sites como Google e Wikipedia. Entre os que mudaram de posição estão dois dos propositores dos projetos de lei, os senadores Marco Rubio, da Flórida, e Roy Blunt, do Missouri. Vários outros senadores e deputados também retiraram o apoio às propostas.

Nesta quarta-feira, a enciclopédia eletrônica Wikipédia tirou do ar sua versão em inglês por 24 horas, deixando na página inicial os dizeres: "Imagine um mundo sem conhecimento". O Google não saiu do ar, mas inicialmente colocou uma tarja preta na homepage de seu site americano; depois, postou, abaixo da linha de busca, o link "Diga ao Congresso: Por favor, não censure a internet!".

O protesto é direcionado aos projetos de lei Sopa (Stop Online Piracy Act, ou Lei para Parar com a Pirataria Online) e Pipa (Protect Intellectual Property Act, ou Lei para Proteger a Propriedade Intelectual), que estão sendo debatidos, respectivamente, na Câmara dos Representantes (deputados federais) e no Senado dos Estados Unidos.

As propostas opõem produtores de conteúdo - como emissoras de TV, gravadoras de músicas, estúdios de cinema e editoras de livros, que se sentem lesadas pela pirataria - às empresas de tecnologia do Vale do Silício, que alegam que os projetos ferem a liberdade inerente à internet e dão excessivo poder para quem quiser tirar websites de circulação.

Outros sites, como o o blog tecnológico Boing Boing, também participaram do "apagão", o maior em envergadura de que se tem notícia no mundo digital. O portal de notícias Politico estima que 7 mil sites participaram do protesto. No outro lado, o presidente da Motion Picture Association of America (MPAA), Chris Dodd, classificou o protesto como "irresponsável".

"Empresas de tecnologia estão recorrendo a manobras que punem seus usuários para transformá-los em seus peões corporativos, ao invés de vir para a mesa a fim de encontrar soluções para um problema que todos agora parecem concordar que é real e muito prejudicial ", disse Dodd.

Falta de consenso
Os projetos seriam examinados pelo Senado na próxima semana. O presidente da Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados), o republicano John Boehner, já reconheceu, no entanto, que "falta consenso" nesse momento para os projetos terem seguimento no Congresso.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, admitiu que o problema da pirataria virtual precisa ser encaminhado, mas "de forma que não infrinja a liberdade e a internet aberta". A ONG Repórteres Sem Fronteiras se juntou ao protesto, dizendo que tais leis "sacrificam a liberdade de expressão online em nome de combater a pirataria".

Outros gigantes da internet como a rede social Facebook e o microblog Twitter também manifestaram sua oposição. O cofundador do Twitter, Jack Dorsey, pediu a seus 1,8 milhão de seguidores para dizer "Não ao Congresso". O cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que "continuará a se opor a qualquer lei que fira internet".

Penas para pirataria
Os projetos, que tentam combater especialmente a proliferação de cópias piratas de filmes e programas de TV e outras formas de pirataria de conteúdo midiático em servidores internacionais, propõem penas de até cinco anos de cadeia para pessoas que sejam condenadas por compartilhar material pirateado dez ou mais vezes ao longo de seis meses.

As propostas também preveem punições para sites acusados de "permitir ou facilitar" a pirataria. Estes podem ser fechados e banidos de provedores de internet, sistemas de pagamento e anunciantes, em nível internacional. Em tese, um site pode ser fechado, a pedido do governo dos EUA ou de geradores de conteúdo, apenas por manter laços com algum outro site suspeito de pirataria.

Além disso, o Sopa, se aprovado, também exigiria que ferramentas de busca removessem os sites acusados de pirataria de seus resultados

Jogos políticos
Analistas dizem que o "apagão" desta quarta é o primeiro grande teste das empresas do Vale do Silício em uma batalha contra uma indústria muito mais organizada, a de mídia e entretenimento. Para o New York Times, a amplitude do protesto desta quarta marca uma "maturidade política" de um setor - o de internet - que é "relativamente novo e desorganizado e que em geral se manteve distante de lobbies e outros jogos políticos de Washington".

"Pela primeira vez, está claro que a legislação pode ter um impacto direto na habilidade da indústria (de internet) em funcionar", disse ao jornal nova-iorquino a diretora-gerente da organização New York Tech Meetup, Jessica Lawrence. "Foi um chamado de alerta."

Ao mesmo tempo, o senador Patrick J. Leahy, democrata e autor de projetos de proteção de direitos autorais na web, acusou os opositores do Pipa e do Sopa de tentarem "criar (clima de) medo" ao realizar o "apagão digital". "Proteger criminosos internacionais (em referência aos piratas de conteúdo) em vez de proteger os direitos autorais americanaos é irresponsável e custará empregos", afirmou em comunicado.

Fonte: http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI5565475-EI12884,00-EUA+projeto+antipirataria+perde+forca+apos+protesto+virtual.html

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Falecimento do escritor Bartolomeu Campos de Queirós

 

Nesta segunda-feira (16), morreu em Belo Horizonte o escritor Bartolomeu Campos de Queirós, aos 66 anos, vítima de insuficiência renal. O mineiro estava internado no Hospital Felício Rocho. Bartolomeu Campos de Queirós é autor de vários livros infanto-juvenis e peças teatrais. Seu primeiro romance, O peixe e o pássaro, foi publicado em 1974. (Terra)

Bartolomeu Campos de Queirós foi muito mais do que um escritor. Nascido em 1944, viveu a infância em Papagaio (MG). Com mais de 40 livros publicados (alguns deles traduzidos para inglês, espanhol e dinamarquês), formou-se em educação e artes, e criou-se como humanista. Estudioso da filosofia e da estética, utilizou a arte como parte integrante do processo educativo. Cursou o Instituto de Pedagogia em Paris e participou de importantes projetos de leitura no Brasil como o ProLer e o Biblioteca Nacional, dando conferências e seminários para professores de leitura e literatura. Foi presidente da Fundação Clóvis Salgado/ Palácio das Artes e membro do Conselho Estadual de Cultura, ambos em Minas Gerais, sendo também muito convidado para participar de júris e comissões de salões, além de curadorias e museografias.
Idealizou o Movimento por um Brasil Literário, do qual participava ativamente. Por suas realizações, Bartolomeu colecionou medalhas: Chevalier de l’Ordre des Arts et des Lettres (França), Medalha Rosa Branca (Cuba), Grande Medalha da Inconfidência Mineira e Medalha Santos Dumont (Governo do Estado de Minas Gerais). Recebeu, ainda, láureas literárias importantes, como Grande Prêmio da Crítica em Literatura Infantil/Juvenil pela APCA, Jabuti, FNLIJ e Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 16 de janeiro de 2012. (Cosacnaif)

 

Noite de Sertão

Vermelho Amargo

 

 

Referências de notícias:

http://editora.cosacnaify.com.br/Autor/1310/Bartolomeu-Campos-de-Queir%C3%B3s.aspx

http://diversao.terra.com.br/gente/noticias/0,,OI5560426-EI13419,00-Morre+escritor+Bartolomeu+Campos+de+Queiros+em+Belo+Horizonte.html

domingo, 15 de janeiro de 2012

AQUI ONDE MORO

 

Aqui onde moro
Quero-queros logo gritam
Se alguém se aproxima.
A coruja à tarde observa
Pra de noite começar.

Tartarugas no verão
Primavera por quê não?
Correm lépidas pra chuva
Atrás de água pra beber
Cantinho pra namorar.

Beija-flores nas grevilhas
Russélias brancas, vermelhas
Aguardam carinhos e beijos
Enquanto ixoras sorriem
Esperando sua vez.

Jasmins de todas as cores
Com suas formas variadas
Exalando olores diversos
Perfumam o ar, dançam ao vento
Trazem paz, doces alentos.

Gerivás e garirobas
Reais e imperiais
Arecas e washingtônias
Palmeiras aqui não faltam
Pra brindar as helicônias.

Aqui onde moro me integro
Entrego-me às plantas e aos bichos
Mensageiros do vento tilintam
Alertam pra chuva que vem
E pra que vai embora também.

Os bichos que aqui trafegam
Não precisam de controle
Seja em terra ou no ar
Não se agridem como os homens
Vivem em total sintonia.

Márcia Sanchez Luz

Do livro: "No verde dos teus olhos", Ed. Protexto, PR, 2007

sábado, 14 de janeiro de 2012

Há de chegar o dia

há de chegar o dia
em que ao me contemplar
terei a convicção
essa sou eu
talvez nesse dia
eu me ache
engraçada
feia
patética
bonita
ridícula
até fique
revoltada
contente
furiosa
triste
quem sabe
me debulhe
e me arrebente
em lagrimas
ou numa grande
gargalhada
não sei qual
será a minha reação
depois de tantos anos
de busca
apenas sei
que em qualquer hipótese
não vou dar de ombros


Sandra Falcone

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta-feira 13

 

Que a sexta-feira 13 desse ano de 2012 seja repleta de muito sucesso e sorte. Se a intenção é boa, os acontecimentos serão ótimos! Viva a vida e que as bruxas sejam do bem, alegres e sofisticadas, que amem Paris, poesia, livros, viagens e procurem estar sempre na paz!

Boa sexta-feira 13 para todos!!!

 

Verão

 

La Débauche et la Mort sont deux animables filles,
Prodigues de baisers et riches de santé,
Dont le flanc toujours vierge et drapé de guenilles
Sous l'éternel labeur n'a jamais enfanté.
C. Baudelaire

O verão é o êxtase do fogo.
Desabrocha francamente a primavera púbere. O esplendor
viçoso das formas da juventude aguarda a carícia da asa do
estio que aquece e fecunda. Chega então a festa do amor, a orgia
do fogo.
Fulge no abrasado zênite o sol, como um troféu de espadas
nuas e a natureza enleada pelas serpentes da lascívia estival,
debate-se à luz, vencida, — bela amante que sucumbe
ao amor carnívoro, pungente de um semideus guerreiro, na
própria tenda de campanha, bêbedo ainda do furor do recontro,
excitado pelo cheiro cruento da matança.
Ser amada assim! suspirava a selvagem Rute, meiga e
aérea criança, no fundo misterioso do sangue.
Amor de verão!
Viver a intensidade mortal da vida, arder, arder e morrer,
como o fogo que cresce, cresce e de si mesmo morre, enfermo
do seu triunfo.

Raul Pompéia

Do livro:  "Canções sem Metro" (1900), org. Afrânio Coutinho. Assistência Eduardo de Faria Coutinho, Ed. Civilização Brasileira/Oficina Literária Afrânio Coutinho/FENAME, 1982. v.4, RJ. Poema integrante da série II – Amar

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Se, se, se...

 

Aboli o "se" do meu vocabulário e da minha vida. "Se" é o imponderável. É tudo aquilo que poderia ser - ou não ser - caso tivéssemos optado por outro caminho, outra decisão, outro gesto, outra resposta, outra pergunta. "Se" é o exercício da fantasia absurda. Delírio especulativo, sem qualquer resultado prático para nossa já confusa existência. "Se" tivéssemos persistido, teríamos conseguido?" "Se" fôssemos mais pacientes, teríamos compreendido? "Se" optássemos pela generosidade com o outro, teríamos impedido o gesto mesquinho dessa ou daquela pessoa? "Se" é puro lamento e como todo lamento é vão.

É chorar o leite derramado por nós ou por outros. Só que chorar não traz o leite de volta ao copo nem limpa a sujeira provocada pelo descuido. Portanto, inútil. Como inútil é praguejarmos contra o destino - caso acreditemos na inexorabilidade dos fatos da vida - ou nos perdermos em lamentações inconsistentes. Pois que jamais saberemos, com certeza, a conseqüência de atos, gestos ou palavras, que não tivemos, não fizemos, não proferimos. Perde-se um tempo enorme em lamúrias, autocomiserão. Para quê? Nada. Absolutamente nada. Claro que todos temos direito aos cinco minutos de fama, profetizado por Andy Warhol. E, por tabela - para sermos justos conosco - a cinco minutos de auto-piedade. Faz parte. Somos humanos, creio eu.

Não tenho dúvidas de que a vida seria bem mais fácil, caso esses lamentos e choros resultassem em aprendizado pessoal, crescimento existencial.  Ou lágrimas e queixumes tivessem o poder divino de fazer  ponteiros de relógios caminharem para trás, subvertendo o Tempo. Esse sim, um deus implacável. Mas não. Invariavelmente, não passam de estratagemas, elaborados de forma consciente ou não, para conquistar a simpatia alheia e obter perdões. Esquecemos que chafurdar no "se" é optar, deliberadamente, pelas areias movediças das neuroses. É cultuarmos a culpa, como redentora de nossas atitudes. O "se" nem mesmo serve como alento. Ao contrário. Ele nos enreda numa miríade de hipóteses - algumas desparatadas, outras nem tanto. Mas todas, sem exceção, irreais. Pura autoflagelação. 

Ortega y Gasset, filósofo espanhol do século passado, foi genial ao resumir, numa frase cabal, a impossibilidade de nos dissociarmos dos fatos que nos cercam, do contexto emocional que vivemos:

- Yo soy yo y mis circunstancias .

Portanto, as decisões tomadas, resultem em supostos erros ou acertos - substantivos tão caros à cultura judaico-cristã; sem citar culpa, esse alçado à condição de ícone -, são aquelas que nos pareceram, naquele exato instante, as únicas apropriadas. Isso vale para todos os nossos atos.  E até para nossas omissões que, em última análise, são também atos, como outros quaisquer. Como então lamentar e lamentarmo-nos? Nós, humanos, somos seres essencialmente contraditórios e confusos. Custo, porém, a crer que alguém, deliberadamente, tome uma atitude da qual, saiba por antecipação, se arrependerá. A menos que seja totalmente destituído de razão e sensatez. Ou sofra de algum tipo de patologia mental. Mas aí, é caso para Dr. Freud e seus discípulos. E eles são ferozes quando o assunto em pauta é culpa.

O  Homem - machismo idiomático à parte - não é um ser pronto e acabado. Imutável. Imune às paixões e dúvidas próprias à consciência de suas limitações e transitoriedade. De outro modo, estaríamos todos fadados à estagnação. Não. Nós mudamos a cada momento, a cada sentimento, a cada reação nossa diante de obstáculos e oportunidades colocados pela vida em nossos caminhos. Assim, erramos. Assim, acertamos. Assim, aprendemos. Logo, não há tempo perdido. Há tempo desperdiçado, geralmente em conjecturas pueris. Como disse Gasset, "O  Homem não é; é um contínuo vir-a-ser".

Por tudo isso, livrei-me do "se". Quem desejar que o use  e viva permanentemente no condicional. Para mim, mais vale olhar para frente e dizer: dessa vez não agirei assim, não optarei por esse caminho, não cometerei esse gesto, não responderei desse modo, não farei essa pergunta. O que ficou no passado não pode ser alterado, corrigido. O futuro, dizem, a Deus pertence. A nós, só nos resta o presente. E o presente é hoje, agora. Façamos nossas escolhas, sejam elas quais foram, e sejamos criativos. Somos falíveis, erraremos certamente. Mas que sejam novos erros e não nos lamentemos depois por tê-los cometido. Afinal, somos humanos. Ou não?

Simone Salles

Publicada no site de Blocos (http://www.blocosonline.com.br/literatura/arquivos.php?codigo=colunistas/ssalles/ss0004.htm&tipo=prosa)

Vende-se o Natal por falta de Jesus

 

O título acima deveria ser o último verso de um poema (como um grand final para o final do Natal), que nunca saí fiz, talvez porque não haja muito a falar além disso, ou talvez porque o eco do borborinho das lojas cheias chegue até o decassilábico e atrapalhe. Parece que a cada ano as vendas natalinas acontecem mais cedo (este ano no final de outubro já havia promoções) e o compre compre-compre torna-se obrigatório, irresistível, catártico. Nem árvores mais se armam, porque elas já vêm armadas, para poupar tempo. Onde aqueles pares de mãos que se  juntavam pelo menos neste momento para enfeitá-las? Não sou saudosista, gosto muito de viver o meu tempo, mas sinto falta do convívio natalino, da participação individual e coletiva para a chegada da "noite feliz", e confesso que me irritam profundamente as liquidações, remarcações, ofertas a preços de bananas... e que bananas caras, meu Deus! Eu falei Meu Deus? Pois é, em geral só nos lembramos nesta época de Deus Filho para lamentarmos não poder comprar mais e mais e mais...

Os símbolos do Natal estão cada vez menos cristãos, e o Papai Noel é muito mais esperado do que Jesus — já vi perguntarem: cadê meu presente?, mas nunca ouvi: cadê o aniversariante?, ou: cadê meu presente que vou dar a ele? As ceias em geral ostentam, em vez de congregarem; e há quem nem festeje mais o Natal, sob a esfarrapada desculpa de que Natal é todo dia, embora comemore religiosamente (irresistível o duplo sentido) outras datas. Em qualquer sociedade contemporânea, querer escapar ileso de datas convencionais é enorme utopia, afinal até poupança aniversaria; além do mais, sempre nos lembramos de pagar nossas contas no dia certo, para não arcarmos com os juros — estou linkando o que escrevi uma vez no Yubliss sobre o que chamo de calendariofobia. Ou será que, para sermos diferentes, só esquecemos de algumas datas, justo as que podem nos trazer de volta o saudável ritual da celebração? Tenho a impressão de que estamos ficando tão descompromissados com nossas emoções que muitas vezes tememos que a alegria nos fragilize, nos contamine, ou nos corrompa...

Penso que nenhuma comemoração deveria ser uma dia comum. Natal não é um dia como outro qualquer. Pelo menos, não deveria ser, para quem, cristãmente, deseja um mundo mais pacífico, fraterno e amoroso. No entanto, a cada ano ele está mais banalizado, mais consumido, em todos os sentidos. O que persiste em nos lembrar o seu significado é ainda a Missa do Galo transmitida pela televisão, mas que também cada vez perde mais audiência para os mega shows musicais, apresentados no mesmo horário pelas emissoras concorrentes.

Publicado no blog do Yubliss (http://www.yubliss.com/blog/5993)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Google integra sua rede social às buscas

 

redes sociais

(imagem do site: olhardigital.uol.com.br)

A integração do mecanismo de busca do Google e a rede social Google+ ficou mais profunda. O algoritmo do Google foi atualizado para integrar o Plus à busca e vai indexar conteúdos públicos e privados. Isso significa que perfis, fotos, círculos e posts aparecerão em um resultado customizado para cada usuário.

Os resultados darão prioridade às páginas compartilhadas por amigos da rede social. 'Há um mundo na internet, o das redes sociais, que não aparece nas buscas. Isso muda a partir de hoje', disse Amit Singhal, engenheiro do Google. A empresa chama a nova função de 'Search Across Your World', ou 'busque através de seu mundo'. A recomendação é que o usuário permaneça logado ao efetuar buscas.

A mudança vai além da atual integração, que mostra qual amigo compartilhou determinado conteúdo ou marcou aquilo com o botão +1, semelhante ao botão 'curtir' do Facebook. Ao buscar por uma foto, as imagens postadas por seus contatos aparecerão nos resultados, além das fotografias públicas.

Na configuração de busca social, só aparecem os resultados relacionados ao usuário - conteúdos públicos ou compartilhados em seu perfil.

Retirado deste site: http://estadao.br.msn.com/economia/artigo.aspx?cp-documentid=31979509

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

UM SÉQUITO DE ESPELHOS

De repente a gente se pergunta: quem sou eu agora? É como se entre a adolescência e hoje houvesse transcorrido uma coisa meio linear, por mais ziguezagueante e desnorteante que tenha sido a trajetória, a nossa. Os caminhos eram embaraçados, os fatos confusos, os amores incertos, a solidão duvidosa, os desejos obscuros, mas por trás do desejo, da solidão, dos amores, dos fatos e dos caminhos havia eu, um eu, um nós.
Esse composto de opiniões, atitudes, comportamentos e posturas era eu, éramos nós.
Todos os amigos nos identificavam e nos reconheciam.
E eis que, de repente, sem me perder, encontro-me assim: lugar comum. Tranquilamente lugar comum, serenamente perdedora, quase hippie de novo. A hippie que nunca deixei de ser encontra seu próprio reflexo nesta senhora que não tem mais tempo de mudar tudo de uma vez por todas, e vive a vida. Uma espécie de aposentadoria criativa, nela o ego não se impõe, dissolve-se. Como se, de novo, a qualquer momento, alguém pudesse apertar um botão - um simples apertar de botão - e o mundo, o nosso, voaria pelos ares. Como qualquer um se sentiria assim, abotoado e ameaçado de morte por circunstâncias políticas incompreensíveis e antepassadas? Livre.
Hoje nossos filhos vivem pacificamente, como almas experientes, como aventureiros que já experimentaram de tudo e podem ser tranquilos, essas crianças que não têm fome de liberdade, têm liberdade. Nós continuaremos coroas rebeldes, que necessitam transgredir, modificar as coisas e apontar novos caminhos e rápido. Rápido, não por causa da idade, mas por causa deles, dos botões. Ninguém apertou o botão, o tempo passou e nós amadurecemos, quase milagrosamente sobrevivemos. E só quem já experimentou viver assim, com um botão apontado para sua jovem cabeça, sabe que é preciso fugir dos espelhos. Dos pais refletidos, de nossa própria história, infância, marcas, cicatrizes, recompensas pavlovianas, projeções freudianas, sonhos junguianos, certezas cartesianas. Precisamos apagar as imagens e ser ninguém. Absolutamente ninguém. Quando eu era jovem, bem jovem, gostava de dizer que poderia amanhecer freira, puta, hippie, intelectual, camponesa.
Que o futuro era imenso, do tamanho do descompromisso. Derrubaram o muro de Berlim e os cacos viraram souvenirs. A Aids não mata quem não fode. Éramos cobaias, ameaçados de morte e por isso livres. Éramos assim, não éramos? E não era tudo, Leila, por causa dos botões? Não tinha a Aids, não tinha o compromisso com o sucesso, era preciso uma coisa só: viver.
Éramos jovens jurados de morte. E tudo pro causa dos botões, dos dedos anônimos, brancos, imóveis, trêmulos, suspensos sobre os botões.

Glória Horta

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Descobridor de talentos

livrosdiversos

Arquivos da Editora José Olympio, que completa 80 anos terça-feira, incluem cartas e manuscritos de grandes personalidades e estão expostos na Biblioteca Nacional

A Editora José Olympio, que completa 80 anos nesta terça-feira (dia 29), foi a responsável por fazer chegar aos leitores do Brasil, no início do século XX, as primeiras obras de nomes agora consagrados, como Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e José Lins do Rego. Sem contar o relacionamento próximo e todo apoio, inclusive financeiro, que concedeu àqueles jovens talentos que encaravam um insipiente mercado editorial brasileiro.

Hoje, mais de 100 mil documentos inéditos – entre fotos e cartas trocadas com grandes personalidades – estão expostos na Biblioteca Nacional. A matéria abaixo, publicada em 2007, conta um pouco da história da editora e do precioso acervo doado pela família de José Olympio, que inclui até recebimento de pagamento de Jorge Amado, manuscrito de Gilberto Freyre, entre outras relíquias históricas.

Por Roberto Kaz

José Olympio começou sua carreira abrindo caixas de livros na Casa Garraux, importante editora do início do século XX. Décadas depois, é a vez de os funcionários da Biblioteca Nacional repetirem o ato: a coleção da Editora José Olympio acaba de ser doada à instituição. São 6.094 livros, além de fotos, manuscritos e até notas fiscais assinadas por Jorge Amado.

A Coleção José Olympio aportou na BN em setembro passado, após três meses de negociações com Geraldo Jordão, filho de José Olympio, e com a família do ex-presidente da Xerox, Henrique Gregori, que havia herdado o acervo. Até então, os livros ficaram mais de dez anos guardados em bom estado num depósito na Penha, subúrbio carioca.

Fundada em 1931, a Editora José Olympio foi responsável pela publicação de livros marcantes na história do país, como Macunaíma, de Mário de Andrade, e as obras completas de Gilberto Freyre, José de Alencar, José Lins do Rego, Manuel Bandeira e Guimarães Rosa. Há cerca de dez anos, a José Olympio foi vendida à Editora Record, mas as obras originais não fizeram parte do acordo. Foi assim que elas acabaram por encontrar abrigo na BN.

Entre as preciosidades contidas no acervo, há um exemplar da primeira obra publicada pela editora, o livro Conhece-te pela psicanálise, de J. Ralph, e da primeira edição de Jubiabá, de Jorge Amado, publicado em 1935, com nota fiscal confirmando o pagamento, assinada pelo próprio autor. Há também uma carta manuscrita de Gilberto Freyre, de 1969, a respeito de um livro que a editora pretendia montar, publicando todas as cartas que ele havia trocado com intelectuais. Além disso, há dezenas de imagens, como a foto em que José Olympio aparece cercado por José Lins do Rego, Carlos Drummond de Andrade, Candido Portinari e Manuel Bandeira.

Coordenadora de serviços bibliográficos da BN, Mônica Rizzo Soares Pinto explica que a chegada da Coleção José Olympio dá à Biblioteca Nacional uma oportunidade de preservar uma memória não só bibliográfica, mas editorial:

– O acervo, com fotos, recibos e cartas, conta a história da própria editora, que sempre privilegiou os autores brasileiros. Ela não era uma entidade filantrópica, mas tinha um apreço especial pela literatura nacional.

Mônica Rizzo diz que o ideal seria que a coleção ficasse em uma sala própria. Mas pelo tamanho do acervo, isto acaba sendo inviável. Por isso, a Biblioteca vai disponibilizar fotos, manuscritos e outras curiosidades no próprio portal da instituição (www.bn.br).

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/descobridor-de-talentos

domingo, 8 de janeiro de 2012

Perto de completar 70 anos, Stephen Hawking declara: "as mulheres são um mistério completo"

Stephen Hawking

O físito teórico Stephen Hawking, autor de vários livros como 'O Universo Numa Casca de Noz': um dos grandes da ciência, ao lado de Einstein e Newton (Getty Images)

Considerado um dos principais cientistas das últimas décadas, o físico britânico Stephen Hawking deu importantíssimas contribuições para a ciência. Escreveu livros sobre temas fundamentais, como a origem do universo, que se tornaram best-sellers e ajudaram a divulgar o conhecimento científico entre os leigos. Um mistério, porém, escapa à compreensão do cientista. Ele confessou que as mulheres são o enigma que ainda não conseguiu desvendar. "São um mistério completo", declarou à revista New Scientist. Hawking foi casado duas vezes e tem três filhos.

Hawking, ele próprio, é um mistério para a medicina. Aos 21 anos, foi diagnosticado com uma agressiva doença neurodegenerativa. À época, os médicos lhe deram poucos anos de vida. Agora, quase 50 anos depois, Hawking está pronto para celebrar 70 anos, no domingo (8), desafiando todas as adversidades.

Paralisado, obrigado a utilizar uma cadeira de rodas e a falar por meio de um computador, Hawking continua trabalhando incansavelmente. "As pessoas diagnosticadas com esta doença, uma forma atípica de esclerose lateral amiotrófica, morrem em média 14 meses após o diagnóstico. Obviamente, Stephen Hawking é excepcional pela quantidade de tempo que vive com ela", afirma Elaine Gallagher, da Associação de Doenças Neurodegenerativas.

Os Simpsons — O próprio astrofísico atribui sua notoriedade à doença, que abalou progressivamente suas funções motoras. "As pessoas são fascinadas pelo contraste entre minhas capacidades físicas extremamente limitadas e a imensidade do universo de que trato", explica com modéstia e humor em seu site o autor de Uma Breve História do Tempo(1988), um livro de divulgação científica que vendeu milhões de exemplares em todo o mundo.

A fama do cientista é tamanha que inclui participações especiais em séries de TV como Star Trek e Os Simpsons, no qual em uma discussão de bar ameaça roubar de Homer Simpson a curiosa tese sobre o universo na forma de rosquinha.

Para o astrônomo Martin Rees, que o conheceu quando ambos cursavam doutorados na Universidade de Cambridge, Hawking "se tornou possivelmente o cientista mais famoso do mundo, aclamado por suas pesquisas brilhantes, por seus livros best-sellers e, acima de tudo, por seu assombroso triunfo ante a adversidade".

Ele destaca, no entanto, que o sucesso entre o grande público não deve ofuscar as importantes contribuições de Hawking ao mundo da ciência pura, em particular nas áreas dos buracos negros, relatividade e gravidade.

"Indubitavelmente ele fez mais que qualquer um desde Albert Einstein para melhorar nosso conhecimento sobre a gravidade", declarou Rees, ex-presidente da Royal Society, uma das instituições científicas mais antigas e prestigiosas do mundo, na qual Hawking foi admitido em 1974, com apenas 32 anos.

"Seu grande 'momento eureca', em 1974, revelou um profundo e inesperado vínculo entre a gravidade e a teoria quântica", completou.

Ingressos esgotados — Para o dia em que completa 70 anos, o Centro de Cosmologia Teórica da Universidade de Cambridge, dirigido por Hawking, organizou um evento público para o qual os ingressos estão esgotados há semanas.

O simpósio sobre "O Estado do Universo" será precedido por uma conferência na qual cientistas de prestígio mundial examinarão a atual situação em tópicos como buracos negros, cosmologia e física fundamental, áreas abordadas nos trabalhos de Hawking.

O Museu da Ciência de Londres também organizou para a ocasião uma mostra de fotografias que celebram a vida e a obra do astrofísico, que o público poderá visitar a partir de 20 de janeiro.

Newton e Galileu — Nascido na cidade inglesa de Oxford em 8 de janeiro de 1942, Hawking sempre acreditou que a ciência era seu destino e, aconselhado pelos médicos, concentrou todas as energias no estudo da cosmologia.

"Quando Stephen não podia mais fazer uso das mãos e manipular equações no papel, compensou com o treinamento para manipular formas e topologias complexas em sua mente a grande velocidade. Esta capacidade permitiu que ele encontrasse soluções para problemas físicos difíceis que ninguém conseguia resolver e que, provavelmente, ele mesmo não teria sido capaz de fazê-lo sem esta nova habilidade", afirmou o físico teórico americano Kip Thorne, um colaborador habitual do britânico.

Durante a longa carreira, Hawking recebeu vários reconhecimentos e ocupou durante 30 anos a Cátedra Lucasiana de Matemáticas de Cambridge, três séculos depois do "pai" da gravidade Isaac Newton.

(Com Agência France-Presse)
Leia mais em: http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/perto-de-completar-70-anos-stephen-hawking-declara-as-mulheres-sao-um-misterio-completo

sábado, 7 de janeiro de 2012

Centenário de Charles Addams

Charles Addams

Conhecido como o Mestre do Macabro, o cartunistaCharles Addams completaria 100 anos hoje. Nascido no dia 7 de janeiro de 1912, em New Jersey, Addams começou a publicar seu trabalho na revista New Yorker quando tinha 21 anos de idade.

Com seu senso de humor irônico e mórbido, ele ficou para sempre conhecido como o criador de “A Família Addams“, personagens que iniciaram sua trajetória nas tiras de quadrinhos, passando pela televisão e pelo cinema até chegar ao teatro, com um musical que entra em cartaz no Brasil em março.

O abastado advogado Gomez Alonso Addams, que tinha como passatempo favorito explodir trens de brinquedo, se excitava sempre que sua esposa Morticia Frump falava em francês. A mulher de visual exótico e expressão macabra era mãe de duas crianças: Vandinha/Wednesday e Feioso/Pugsley, que se divertiam brincando de assassinato.

Na casa também viviam o Tio Chico/Fester, com vasto conhecimento sobre tudo que é macabro; a vovó, uma espécie de bruxa, mãe de Mortícia; Itti, o primo de Gomez, um sujeito que tem tanto cabelo que não se vê nenhuma parte de seu corpo; o mordomo Tropeço/Lurch, uma criatura enorme, sem expressão e de poucas palavras; e a Coisa, uma mão sem corpo que vivia dentro de uma caixa.

Elenco da série da década de 1960

A família mantinha como animais de estimação uma aranha, um leão, um polvo e duas piranhas, sendo que Mortícia tratava sua planta carnívora, chamada de Cleópatra, como se fosse um animalzinho.

Adaptada por David Levy e Nat Perrin, a ‘típica família americana’, do ponto de vista macabro, estreou na televisão em 1964, trazendo em seu elenco os atores John Astin, Carolyn Jones, Lisa Loring, Ken Weatherwax, Jackie Coogan, Blossom Rock, Felix Silla e Ted Cassidy.

A série não retrata o humor de Addams, apenas os personagens que ele criou, já que o tom irônico e mórbido vistos nas tiras de quadrinhos foi suavizado para atender os interesses do canal ABC, que pretendia apenas oferecer uma sitcom para toda família com um visual diferente, apoiado na fama que Addams conquistara como cartunista.

Mesmo assim, a série foi bem recebida, registrando cerca de 23.9% da audiência do público alvo, de acordo com o jornal L.A. Times.

“A Família Addams” estreou uma semana antes de “Os Monstros”, da CBS, outra comédia que apresentava uma família ‘diferente’, encabeçada pela criatura de Frankenstein casada com a filha do Drácula. Na competição pela audiência, os Addams perderam para os Monstros, que em sua primeira temporada registrou cerca de 24.7% do público alvo.

Primeiro elenco do musical da Broadway

Mas, no resultado final, ambas foram produzidas ao longo de duas temporadas e canceladas em 1966. Segundo Stephen Cox em seu livro “The Addams Chronicles”, a série “Os Monstros” começava a registrar queda na audiência e, visto que ela tinha as mesmas características de “A Família Addams”, a ABC concluiu que a série seguiria o mesmo caminho. Assim, cancelou a produção na mesma semana que a CBS anunciou o cancelamento de “Os Monstros”.

Em 1973 e em 1991 foram produzidas versões animadas de “A Família Addams”. Em 1977, um filme para celebrar o Dia das Bruxas foi produzido, reunindo parte dos atores que estrelaram a série.

Em 1998, foi produzido o remake “A Nova Família Addams” e em 1991 os Addams chegaram no cinema onde estrelaram três filmes (sendo que a terceira produção foi lançada direto em vídeo).

Em 2010 a Família Addams fez sua estreia na Broadway com um musical que será apresentado em São Paulo a partir da primeira semana de março deste ano.

Charles Addams não viveu para testemunhar a trajetória de seus personagens. Ele faleceu em 1988, vítima de parada cardíaca, aos 76 anos de idade. Em seu tempo de vida, ele viu apenas o sucesso gerado pelas versões para a TV e suas reprises.

Tags: A Família Addams, ABC, Charles Addams, The Addams Family

http://veja.abril.com.br/blog/temporadas/series-anos-1960-1969/centenario-de-charles-addams/

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Dia de Reis

O Dia de Reis, segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo recém-nascido recebera a visita de "alguns magos do Oriente" que, segundo o hagiológio, foram três Reis Magos, e que ocorrera no dia 6 de janeiro. A noite do dia 5 de janeiro e madrugada do dia 6 é conhecida como "Noite de Reis"
A data marca, para os católicos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Belchior, Gaspar e Baltazar. Nesta data, ainda, encerram-se para os católicos os festejos natalícios - sendo o dia em que são desarmados os presépios e por conseguinte são retirados todos os enfeites natalícios.
Em alguns países, como Espanha, é estimulada entre as crianças a tradição de se deixar sapatos na janela com capim (erva) antes de dormir para que os camelos dos Reis Magos possam se alimentar e retomar viagem. Em troca os Reis magos deixariam doces que as crianças encontram no lugar do capim após acordar. A tradição também consiste em comer Bolo-Rei, no interior do qual se encontra uma fava e um brinde escondidos. A pessoa que encontra a fava deve "pagar" o Bolo-Rei no ano seguinte. Na França (agora também noutros países) come-se "Galette des rois" onde também encontram um brinde no seu interior, a galette também costuma trazer uma coroa, quem encontrar o brinde será rei e será coroado. Em Portugal e também em outros países as pessoas que moram em pequenas terras costumam ir cantar os reis de porta em porta, as pessoas dão-lhes doces, salgados etc... No Brasil esta tradição é comemorada com festas onde é servido doces e comidas típicas das regiões. Há ainda festivais com Companhias de Reis (grupo de músicos e dançarinos) que cantam músicas referentes ao evento.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

10 sintomas do viciado em redes sociais

Se o fato de que tenha perfis ativos -que utiliza regularmente- no Facebook, Twitter, Orkut, MySpace, YouTube e outros não lhe leva a pensar que é um viciado nas redes sociais, talvez estes dez hábitos que refletem verdadeiramente o vício de uma pessoa devota às redes sociais possa lhe dar uma ideia de qual é seu estado. Veja a lista depois do viciado salto e responda com sinceridade: quantos dos 10 sintomas reflete a sua realidade?

  1. Quando esquece o celular em casa sente-se perdido, isolado do mundo... porque não pode verificar as atualizações do Facebook e Twitter enquanto está fora, no trabalho, no escritório.
  2. Verifica sua sua conta do Facebook ou Twitter ao menos 20 vezes ao dia.
  3. Se não receber um comentário no último post de seu blog em menos de 12 horas, pensa que seus leitores te abandonaram e entra em contato com o servidor de hospedagem para saber se não estão te boicotando.
  4. Nega-se a sair no fim de semana sem levar seu notebook.
  5. Tem mais ícones de redes sociais em seu celular que aplicações de produtividade.
  6. Comprou um iPad e só utiliza-o para atualizar Facebook a partir de uma tela maior que a do celular quando está fora de casa.
  7. Tem mais amigos on-line que na vida real.
  8. Tuita no celular enquanto está andando.
  9. Vai ver o Facebook ou Orkut inclusive antes de escovar os dentes pela manhã.
  10. Comprova as últimas atualizações das redes sociais antes de ir dormir.

Leia mais: http://www.ndig.com.br/item/2011/04/10-sintomas-do-viciado-em-redes-sociais#ixzz1ibrNDV4f

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Fenômenos para 2012. Discutindo o futuro do Mundo, com pouca ciência e sem consciência

Uma inscrição de data no Calendário de Contagem Longa Mesoamericano.

O fenômeno de 2012 compreende um conjunto de crenças e teorias escatológicas de que eventos cataclísmicos ou de transformação ocorrerão em 21 de dezembro de 2012, data que é considerada o final de um ciclo de 5.125 anos do Calendário de Contagem Longa Mesoamericano. Vários alinhamentos astronômicos e fórmulas numerológicas têm sido relacionadas com esta data.

A interpretação da Nova Era sobre essa "transição" postula que, durante este tempo, o planeta e seus habitantes podem sofrer uma transformação positiva física ou espiritual e que 2012 pode marcar o início de uma nova era. Outros sugerem que o ano de 2012 marca a data final do mundo ou o início de uma catástrofe semelhante. Teorias para o fim do mundo incluem a colisão da Terra com um planeta de passagem (muitas vezes referido como "Nibiru") ou com um buraco negro, ou a chegada do próximo máximo solar.

Estudiosos de diversas áreas têm rejeitado a idéia de que uma catástrofe ocorrerá em 2012. Os principais estudiosos dos maias afirmam que previsões de morte iminente não são encontradas em qualquer um dos clássicos códices maias e que a ideia de que o calendário de contagem longa "termina" em 2012 deturpa a história maia. Os maias modernos não consideram a data significativa e as fontes clássicas sobre o tema são escassas e contraditórias, sugerindo que houve pouco ou nenhum consenso universal entre eles sobre o que a data pode significar.

Adicionalmente, astrônomos e outros cientistas rejeitam as previsões apocalípticas e as classificam como pseudociência, afirmando que os eventos previstos são desmentidos por simples observações astronômicas. A NASA tem comparado os medos em relação ao ano de 2012 com o fenômeno "Bug do milênio" no final da década de 1990, sugerindo que uma adequada análise dos fatos pode impedir temores de um desastre. A ideia de um evento mundial que ocorreria em 2012, baseado em qualquer tipo de interpretação do calendário de contagem longa, é rejeitada e considerada como pseudociência pela comunidade científica internacional.

 

 

Section of stucco frieze with a prominent human face in the centre, surrounded by elaborate decoration.

Civilização maia

Calendário de Contagem Longa

Dezembro de 2012 marca o fim do atual ciclo b'ak'tun da contagem longa mesoamericana, a qual era usada na América Central antes da chegada dos europeus. Embora a contagem longa tenha sido provavelmente inventada pelos olmecas, tornou-se estritamente relacionada com a civilização maia, cujo período clássico durou entre 250 e 900 d. C.. Os maias clássicos eram alfabetizados e seu sistema de escrita encontra-se substancialmente decifrado.

A contagem longa define a "data zero" em um ponto do passado, que marcou o fim do mundo anterior e o início do atual, correspondente a 11 ou 13 de agosto de 3114 a. C. no calendário gregoriano, dependendo da forma utilizada.[10] Ao contrário do calendário usado atualmente pelos maias, a contagem longa foi linear, e não conjuntural, e mantida em unidades de tempo baseadas no sistema vigesimal. Por esse meio, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals (360 dias) a um tun, 20 tuns a um k'atun e 20 k'atuns (144.000 dias) correspondem a um b'ak'tun. Assim, por exemplo, a data maia 8.3.2.10.15 representa 8 b'ak'tuns, 3 k'atuns, 2 tuns, 10 unials e 15 dias desde a data zero. Muitas inscrições maias têm a contagem de mudança para uma ordem mais elevada após 13 b'ak'tuns.. Hoje, as correlações mais amplamente aceitas para o final do décimo terceiro b'ak'tun são no calendário ocidental os dias 21 e 23 de dezembro de 2012.

Teoria apocalíptica

Quinto mundo (de acordo com a mitologia de vários grupos de nativos americanos nos Estados Unidos, é a próxima reencarnação do mundo. Segundo as suas crenças, neste momento nós estaríamos vivendo no "quarto mundo".

Esta designação é igualmente usada por um grupo de pessoas que se reúne na Internet e que acredita numa nova ordem mundial, como as micronações, por analogia com a hierarquia habitual das nações do planeta, divididas em primeiro, segundo e terceiro mundos.

Em 1957, o astrônomo Maud Worcester Makemson escreveu que "a realização do Grande Período de 13 b'ak'tuns será da maior importância para os maias. "Nove anos depois, Michael D. Coe, mais ambiciosamente, afirmou que o "Armageddon degeneraria todos os povos do mundo desde a sua criação, e que no dia do décimo terceiro e último b'ak'tun o universo seria aniquilado, no dia 24 de dezembro de 2012 (depois revisada para 23 de dezembro de 2012) quando o Grande Ciclo da contagem chega a sua conclusão." A questão é ainda mais complicada por diversas cidades-estados maias empregarem a contagem longa de maneira diferente. Em Palenque, a evidência sugere que os sacerdotes acreditavam que o ciclo terminaria após 20 b'ak'tuns e não 13.

Objeções

As previsões apocalípticas de Coe foram repetidas por outros estudiosos até o início da década de 1990. Entretanto, mais tarde, pesquisadores disseram que, embora o final do 13º b'ak'tun talvez seja um motivo de comemoração, não marca o final do calendário."Não há nada em qualquer profecia maia, asteca ou da antiga Mesoamérica que sugira que eles profetizaram qualquer tipo de grande ou súbita mudança em 2012", diz o estudioso dos maias Mark Van Stone. "A noção de que um "Grande Ciclo" vai chegar ao fim é uma invenção completamente moderna" Em 1990, os estudiosos maias Linda Schele e David Freidel argumentaram que os maias "não conceberam que isso seja o fim da criação, como muitos sugeriram." Susan Milbrath, curadora de Arte e Arqueologia Latino-Americana no Museu de História Natural da Flórida, declarou: "nós não temos nenhum registro ou conhecimento de que [os maias] pensavam que o mundo chegaria ao fim" em 2012. "Para os antigos maias, isso era uma grande celebração que seria feita até o fim de um ciclo", diz Sandra Noble, diretora executiva da Fundação para o Avanço dos Estudos Mesoamericanos em Crystal River, Flórida, Estados Unidos. A escolha de 21 de dezembro de 2012 como o dia de um evento apocalíptico ou de um momento cósmico de mudança, diz ela, é "uma completa invenção e uma chance de lucro para muitas pessoas."  "Haverá um novo ciclo", diz E. Wyllys Andrews V, diretor do Instituto de Pesquisas Mesoamericanas da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, Louisiana. "Nós sabemos que os maias pensavam que houve um antes, o que implica que eles estavam confortáveis com a ideia de um outro depois."

 

Cultura popular

Filme 2012

Um filme intitulado 2012, dirigido por Roland Emmerich e estrelado pelos atores John Cusack, Danny Glover, Chiwetel Ejiofor, Amanda Peet,Thandie Newton, Oliver Platt e Woody Harrelson estreou em 13 de novembro de 2009. Em 12 de novembro de 2008, o estúdio liberou o primeiro trailer de "2012", que mostrava uma megatsunami surgindo ao longo dos Himalaias, entrelaçado com uma mensagem supostamente científica sugerindo que o mundo acabaria em 2012 e que os governos da Terra não estavam preparando a população para o evento. O trailer termina com uma mensagem para os telespectadores descobrirem a "verdade", procurando "2012" no Google. O The Guardian criticou a eficácia do marketing como "profundamente falha" e associou-o com "sites que fazem reivindicações ainda mais espúrias sobre 2012".

A irresponsabilidade da mídia para ganhar dinheiro

O estúdio também lançou um site de marketing viral operado pelo fictício Institute for Human Continuity, onde os cinéfilos poderão solicitar um número de sorteio para ser parte de uma pequena população que seria resgatada da destruição global. O site fictício lista uma colisão com Nibiru, um alinhamento galáctico e um aumento da atividade solar entre os possíveis cenários apocalípticos. David Morrison da NASA recebeu mais de 1000 perguntas de pessoas que achavam que o site era genuíno e condenou-o, dizendo: "Eu mesmo tive casos de adolescentes escrevendo para mim dizendo que eles estavam pensando em suicídio, porque não queriam ver o fim do mundo. Eu acho que mentir na Internet e assustar crianças com o fim de ganhar dinheiro é eticamente errado."

Leia mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fen%C3%B4meno_2012

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Gatos: dos antepassados longínquos aos vídeos fofos no Youtube

Parte da nossa curiosidade sobre os gatos está em tentar descobrir o que querem dizer quando miam, o que os faz se enrolarem em nossas pernas quando querem algo ou simplesmente o motivo de arranharem com tanta determinação nosso sofá novo. Como surgiram? De onde evoluíram? E por que hoje são considerados dos melhores amigos dos homens? Desenrole o grande novelo de lã que é a história dos bichinhos mais queridos para se ter como animais de estimação.


Animal da família dos felídeos, o Felis cattus silvestris, também conhecido como gato doméstico, evoluiu a partir do que atualmente é seu mais antigo ancestral direto conhecido, o Proailurus lemanensis, que viveu há cerca de 30-20 milhões de anos atrás (ou entre os períodos Oligoceno e Mioceno) e geralmente é considerado o primeiro "verdadeiro gato". Dele surgiu o Pseudaelurus, ancestral de todos os gatos modernos.. Estima-se que o gato tenha deixado a vida selvagem (para acabar povoando vídeos fofinhos no Youtube) entre os anos 10.000 e 9.500 a.C.
Com o cruzamento de diversas espécies, ao longo dos anos, os gatos foram se tornando menores e menos agressivos. Os humanos, por sua vez, deixaram de lado a vida de nômades e passaram a estabelecer morada em lugares fixos, trabalhando na agricultura. Diz-se que a primeira parceria entre humanos e gatos surgiu com a necessidade de exterminar os roedores que atacavam os estoques de alimentos. Um negócio bem Tom e Jerry. De qualquer maneira, conta-se que os vestígios mais antigos da domesticação dos gatos foram encontrados na ilha de Chipre. Por lá, foram descobertas sepulturas com restos mortais de gatos e humanos, juntos.

Gato do Czar da Rússia

Até aqui a vida dos gatos não era lá essas coisas. Eram apenas caçadores que quebravam um galho para os humanos. Mas no Egito o negócio realmente começou a ficar bom. Com a associação de divindades como a deusa Bastet - deusa egípcia da felicidade, fertilidade, do sol e da lua - aos gatos, estes passaram a ser considerados sagrados. Se tornaram os guardiões da noite, dos mortos e dos mistérios da vida e da morte. Isso acontecia porque alguns deuses eram apresentados com corpo humano e cabeça de gato. Parece que por lá eles podiam perambular pela cidade e se aproximar de quem quer que fosse, sem serem incomodados. E se uma casa pegasse fogo, eles eram os primeiros a serem resgatados. Uma beleza!
Apesar das restrições impostas - nenhum gato deveria sair do Egito - alguma pessoa muito legal provavelmente burlou as regras e levou uns bichanos para passear em outros territórios. Para os romanos, o gato era o maior símbolo de liberdade. Na Grécia, era associado à deusa Afrodite. Em Babilônia, criou-se a lenda de que os gatos haviam surgido do espirro de um leão. Na China, estátuas de gatos eram usadas para espantar maus espíritos. No Japão, o gato morto era enterrado no templo de seu dono para garantir a ele boa sorte e tranquilidade durante toda a vida.
Por muito tempo, os gatos conseguiram manter a boa fama de espírito protetor e amigo dos humanos e continuaram levando a vida numa boa até a chegada da Idade Média. Ao longo desta era cristã, os bichanos foram associados a bruxarias e houve um verdadeiro processo de demonização. Pobres gatos pretos, que sofrem até hoje com as supertições advindas desse período macabro da história. De qualquer maneira, com o fim da Idade Média e da visão preconceituosa e supersticisiosa, os gatos passaram a ocupar novamente o espaço de animal doméstico por sua sociabilidade, independência e capacidade de manter os roedores a distância.


Hoje em dia os gatos não são divindades, nem demônios, mas continuam despertando nossa curiosidade. O comportamento independente, a agilidade e os trejeitos totalmente característicos tornam os gatos verdadeiras obras de arte que ganham vida sob nossos olhos. O que explica inclusive porque se tornaram os animais domésticos mais populares do mundo, atualmente. Observar suas atitudes e reações é, sob diversos aspectos, um adorável espetáculo. E o melhor de tudo é que nunca dá para saber o que está por vir, pois são seres completamente imprevisíveis. Mesmo assim, é impossível não tentar decifrar esse bicho enigmático, cheio de personalidade e que faz das pessoas seus verdadeiros bichinhos de estimação e não o contrário, como muitos pensam.
Depois de toda essa evolução biológica e histórica, os gatos não estão apenas na casa das pessoas: estão em todo lugar. De desenhos animados a filmes, de letras de músicas a pinturas, de livros a milhões de vídeos fofos, que despontam novas estrelas todos os dias no Youtube. Não conhece o Maru, o gatinho que mora no Japão e adora caixas de papelão? Pois deveria!
Algumas sugestões:
Assista
Felix, the cat (série animada - 1920)
The Aristocats (filme - 1970)
Tom e Jerry (desenho animado)
Leia
Felidae (Akif Pirincci)
O gato de botas (Charles Perrault)
Dewey – Um gato entre livros (Vicy Miron).
Ouça
História de uma gata (Chico Buarque).